Em livro recém-lançado nos Estados Unidos, “Os limites da hipomania - a ligação entre (um pouco de) loucura e (muito) sucesso da América”, o psiquiatra John Gartner procura demonstrar que o distúrbio está por trás de grandes descobertas em toda as áreas do conhecimento humano.
Segundo o autor, o navegador Cristóvão Colombo era hipomaníaco e ouvia presságios divinos que o levaram ao descobrimento da América. A obra também cita como portadores do distúrbio Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística, e o cientista Craig Venter, chefe da equipe que concluiu o mapeamento do genoma humano em 2000.
Na sociedade atual, também não é difícil reconhecer um hipomaníaco. Sempre disposto, ele não precisa de muitas horas de sono e, no trabalho, é conhecido por seus grandes projetos. Em geral, são tidos como os “queridinhos” dos chefes, ou ainda, são os próprios líderes.
“O grupo e a massa social os absorvem bem. São aqueles que chegam, podem furar a fila numa boa e demonstram facilidade em trabalhar questões emocionais. Mas é preciso jogar com a racionalidade”, ressalta o psiquiatra Onildo Silva Melo.
Por conta dessas “qualidades”, podem alcançar sucesso pessoal e profissional mais rápido. “Acho que meu traço de personalidade aliado à exigência do mercado e da sociedade contribuem para meu sucesso e até para minha saúde física e mental”, diz o analista de sistemas Daniel de Camargo Tolon, 26 anos, que afirma ter alguns traços da hipomania.
Apesar de trabalhar a favor - dando ao portador a sensação de otimismo durante as situações do cotidiano -, a alteração pode causar diversos problemas, aponta Melo. “Logicamente que a racionalidade do hipomaníaco está boa, mas é preciso ter cuidado com a hipomania, porque senão a pessoa pode até fazer as coisas de uma maneira muito mais emocional do que racional. Por exemplo, se ela gostou, pode comprar um carro, um sapato ou decidir viajar sem pensar muito”, diz.
Além disso, segundo o psiquiatra, os hipomaníacos costumam se irritar com mais facilidade, caso de Tolon. “Acho que sou muito exigente comigo mesmo e, conseqüentemente, acabo esperando um pouco mais dos outros. Como minha cabeça fica acelerada, estou fazendo uma coisa já pensando na próxima. Às vezes esqueço de considerar que possam ocorrer imprevistos e isso acaba me irritando. Mas é uma coisa que tenho trabalhado”, conta.