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Após 17 anos, TAM ainda não indenizou a família de Bauru

Gustavo Cândido
| Tempo de leitura: 2 min

Em fevereiro de 1990, Bauru vivenciou o clima de perplexidade e profunda tristeza que os acidentes aéreos provocam. Na manhã do dia 12, um avião Fokker F27-500, da TAM, caiu em uma rua próxima ao Aeroclube de Bauru fazendo duas vítimas fatais: Giselle Marie Savi de Seixas Pinto, 29 anos, e seu filho, Guilherme, 4 anos, que estavam em um carro atingido pela aeronave. O acidente ocorreu por um erro do comandante da aeronave, que fazia o vôo entre São Paulo e Marília, durante uma tentativa de pouso. Ferido na queda, ele morreu posteriormente.

Passados 17 anos da tragédia, a família de Giselle e Guilherme ainda não conseguiu receber uma indenização da companhia aérea. “Há ação está parada há algum tempo no Superior Tribunal de Justiça aguardando julgamento”, diz o advogado Faukecefres Savi, pai e avô das vítimas, para quem tragédias como a que aconteceu anteontem na Capital sempre trazem de volta a lembrança daquele dia 12. “A história fica viva novamente, até porque os acidentes parecem ter circunstâncias semelhantes”, comenta.

Após o acidente, Savi protestou contra o perigo que o sobrevôo de aeronaves na área residencial da cidade representava. Recentemente, comemorou a inauguração do aeroporto Moussa Tobias. “Foi o primeiro passo, agora é preciso que ele opere plenamente”.

Para o também advogado José do Carmo Seixas Pinto Neto, que era casado com Giselle e pai de Guilherme, não há expectativa para que o caso se resolva na Justiça. “Deve demorar mais uns 10 anos. A Justiça é lenta. Não sei se ainda espero uma indenização. Sinceramente, só falo sobre isso quando alguém me pergunta porque não há mais o que fazer”, diz, indignado ao lembrar a ação parada no STJ. Em 1999, o órgão chegou a dar um parecer favorável à família. A empresa aérea contestou a decisão e desde 2004 o caso foi encaminhado para a apreciação do STJ, onde aguarda julgamento.

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Indignação

O advogado José do Carmo Seixas Pinto Neto diz que com o passar dos anos os acidentes de avião que aconteceram no País foram fazendo com que ele ficasse “vacinado” contra o assunto. “Nesse País falta autoridade, competência e vontade para resolver os problemas. Eles adoram investigar, mas termina a investigação e nada se faz. Esse acidente é mais um que vai cair na estatística. Isso vai cansando”, diz.

“Há um ano caiu aquele avião da Gol. O que fizeram? Investigaram mas não mudou nada. É uma vergonha. A TAM já enlutou mais de 1.000 famílias neste País e não se faz nada. Não acontece nada”, protesta o advogado, que, diante dos últimos acontecimentos, não vê a aviação brasileira com otimismo.

“Vão acontecer mais acidentes. A gente pensa que isso só acontece com os outros, na casa dos outros, mas não é. Hoje dá medo de subir em um avião”, afirma.

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