Política

Polêmico e ‘mandão’, ACM era amado e odiado no País

Marcelo Ferrazoli
| Tempo de leitura: 3 min

Amado por uns, odiado por outros. Assim poderia ser resumida a popularidade do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, 79 anos, uma das personalidades políticas mais polêmicas da história do País que morreu, na manhã de ontem, em São Paulo, vítima de falência múltipla de órgãos. Quem teve a oportunidade de conviver com ACM, como era popularmente conhecido aquele que já foi governador da Bahia por três vezes, relata episódios que só sustentam sua controversa fama de autoritário e “coronel”.

O ex-deputado federal bauruense Tidei de Lima é um deles. Durante sua atuação parlamentar, ele lembra ter vivenciado as duas “fases” de ACM que lhe renderam os apelidos de “Toninho Malvadeza”, na época de sua identificação com o regime militar, e “Toninho Ternura”, como defensor da redemocratização do País.

“Era um homem de posicionamentos extremados e radicais, que perseguia seus adversários na Bahia. Por muitas oportunidades, ouvi relatos de parlamentares baianos sobre as perseguições que sofriam em função do esquema que o ACM chefiava no Estado. Era um conservador que veio dos quadros da União Democrática Nacional (UDN) e foi um partícipe ativo do golpe de Estado de 1964”, ressaltou.

Lima enfatizou que, mesmo após ter ganho a alcunha de “Toninho Ternura”, ACM sempre foi um “cacique” político. “O lobo perde o pelo, mas não o vício. Ele continuava ainda sendo um homem autoritário e um cacique político na verdadeira acepção da palavra”, argumentou.

Para o ex-deputado, ACM será lembrado por sua verdadeira personalidade. “Será a personalidade autoritária, do cacique e do político mandão, pois essas eram suas essências. A parte em que ele foi bonzinho era apenas uma forma de sobreviver na política e não afundar junto com o regime. Era uma conveniência de momento e ele sempre foi mesmo o Toninho Malvadeza”, ponderou.

Já para Dudu Ranieri, presidente do diretório municipal do DEM (ex-PFL), ACM tinha defeitos e virtudes e fará falta ao partido. “Ele foi uma figura polêmica, que alguns gostavam e outros detestavam, e sempre foi um grande defensor das bandeiras dele. Foi uma pessoa que tinha seus defeitos e virtudes, como todo ser humano. E é claro que fará falta ao partido, pois era uma figura de peso eleitoralmente”, frisou.

O prefeito de Bauru, Tuga Angerami, reconheceu que o ex-senador integrou parte importante da história política brasileira. “Era um político pelo qual não nutria admiração, mas tenho de reconhecer que fez parte importante da história do parlamento brasileiro por ações que discordamos e algumas que podemos até concordar”, destacou.

A exemplo de outros inúmeros inimigos políticos que ACM colecionou durante sua vida pública, o chefe do Executivo também chegou a manter rusgas com o ex-senador. “Me lembro de uma passagem em que ele reagiu feio. Nosso embate foi pelo jornal Folha de S. Paulo. Após um evento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teceu elogios a ACM, mandei telegrama para a dona Ruth Cardoso (esposa de FHC) dizendo que me solidarizava com ela, pois ela deveria estar preocupada com as companhias que o marido andava”, recordou Angerami.

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