São Paulo - O narcotraficante Juan Carlos Ramirez Abadía, 44 anos, preso ontem pela Polícia Federal brasileira, é suspeito de ter ordenado chacinas e ataques que resultaram na morte de mais de 300 pessoas (35 delas de apenas duas famílias).
Segundo o ministro de Defesa colombiano, a quadrilha de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro liderada por Abadia é uma das mais ricas do mundo, com um patrimônio estimado em US$ 80 milhões. O traficante havia movimentado US$ 10 bilhões (R$ 19 bilhões) nos últimos dez anos, de acordo com a Polícia Federal.
Os assassinatos ocorreram na Colômbia e nos EUA, de acordo com o DEA (Drug Enforcement Administration, a agência norte americana contra drogas) e com governo colombiano. Apontado como o atual principal chefe do Cartel do Vale do Norte (“North Valle Cartel”, para os norte-americanos), na Colômbia, Abadía tem dois apelidos: Chupeta e Lollipop. É tido como um dos herdeiros dos irmãos Gilberto e Miguel Rodríguez Orejuela, que lideraram o Cartel de Cali por anos.
Abadía começou sua incursão criminosa no fim da década de 80, quando foi aceito no Cartel de Cali e aprendeu como mandar cocaína para os EUA, México e vários países europeus. Depois de adquirir experiência no tráfico internacional, aliou-se ao Cartel do Vale do Norte colombiano e passou a coordenar, segundo os governos dos EUA e da Colômbia, ações que resultaram na morte de vários rivais.
No ano seguinte, o traficante, temendo por sua vida, resolve se entregar à Justiça colombiana e é condenado a 20 anos de prisão por ter mandado 30 toneladas de cocaína do México para os EUA. À época, na Colômbia, Abadía respondia criminalmente por atuar como “testa-de-ferro” para outros narcotraficantes, por enriquecimento ilícito e associação criminosa. Mesmo preso, ele continuou a comandar as ações do Cartel do Vale do Norte e não delatou nenhum de seus aliados.
Após sete anos, é solto. Em 2004, o traficante tem a cabeça colocada a prêmio pelo DEA: a recompensa por informação do seu paradeiro é fixada em US$ 5 milhões. Ele é indiciado em Washington com base na lei federal dos crimes corporativos. É acusado de tráfico internacional, assassinatos, seqüestros, tortura e lavagem de dinheiro.
Entre as vítimas do grupo de Abadía nos Estados Unidos estão informantes do DEA. Em 1994 e 1995, ele já havia sido indiciado nos Estados do Colorado e de Nova York por tráfico. No dia 29 de agosto do ano passado, o Ofac (Office of Foreign Assets Control, o Escritório de Controle de Bens de Estrangeiros, órgão ligado ao Tesouro dos Estados Unidos), descobre duas empresas, supostamente de produtos farmacêuticos, usadas por Abadía para o narcotráfico: a Ramirez Abadia’s e a Disdrogas Ltda.
Além de Abadía e seus pais, Omar Ramirez Ponce e Carmen Alicia Abadía Bastidas, o Ofac identifica dois sócios testas-de-ferro do narcotraficante na Disdrogas.