Tribuna do Leitor

Será que defecar é mais grave do que roubar o Bauruzinho?


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Há pouco mais de três anos, no dia 2 de agosto de 2005, um ato político aconteceu no campos da Unesp-Franca, quando o sr. reitor (Marcos Macari) apresentou-se para uma reunião. Neste momento, sete alunos sabendo que os interesses da reitoria não representariam os dos universitários, foi praticado no fim da reunião, um ato que eles chamaram de “terrorismo poético”. O ato ocorreu dessa maneira: um estudante entrou na sala carregando um balde, chegou diante do reitor, ajoelhou-se e começou a vomitar, enquanto outro estudante, espalhando um jornal no chão, dizia as seguintes palavras: “Com licença, caríssimo reitor, estamos aqui para mostrar todo nosso cotidiano. Afinal, o senhor não se faz presente com frequência no campus”. (O campus de Franca possui mais de setenta pontos de risco, entre eles desabamento, incêndio, etc. O restaurante universitário atende menos de 10% dos estudantes e a assistência estudantil é precária.). Após ter dito isto, o estudante defecou no jornal, enquanto outros estudantes se levantaram e colocaram na mesa do reitor simbólicos coqueteis molotov, alegando que se o objectivo da reitoria era acabar com a universidade, que o magnífico iniciasse isso naquele momento.

Após o ato, o sr. reitor expulsou o sete alunos: Bruno Levorin, Petras Antonelli, Itamara de Almeida, Felipe Luiz, Tais Silvana, Marcos Conceição e Rafael Zanatto, baseado no art. 161 do Regimento Geral da Unesp, por praticar ato atentório à integridade física e moral de pessoas ou aos bons costumes. Este ato nos faz refletir acerca do ocorrido no dia 5 de setembro, no episódio da tentativa de furto ao Bauruzinho. No entanto, existem grandes diferenças entre esses dois atos. O primeiro foi de caráter político com objetivos e reivindicações em prol do coletivo dos universitários e não trouxe nenhum dano à coisa pública, já o segundo foi um ato grotesco de vandalismo, falta de educação, desrespeito a coisa pública e a minha cidade Bauru, e desmoralização da sociedade aos universitários que aqui moram. Confesso que como ex-aluno da Unesp fiquei tremendamente decepcionado com esta tentativa de furto, e pergunto ao Magnífico sr. reitor Marcos Macari: se os sete alunos do campus de Franca foram expulsos, o que será feito com os alunos de Bauru? Pergunto também à sociedade bauruense e à justiça: como estes alunos devem ser punidos?

Recentemente, quando um aluno de São José do Rio Preto comemorava sua entrada na universidade, curso de Direito, atropelou o frentista, deixando como conseqüência inúmeras seqüelas, tanto para o frentista como à sua família. Mesmo assim o estudante está solto e nem sequer pagou indenização. Por isso, clamo por justiça e punição a esses alunos que por meio deste ato (roubar o Bauruzinho) dificultaram ainda mais a relação universidade-sociedade. Peço aos bauruenses que não se esqueçam desse fato, pois estes alunos não nos representam, ou seja, o coletivo dos alunos da Unesp. Não devemos perder o foco do debate discutindo se o Baurizinho é um monumento ou uma “coisa” (João Rafael 08/09), mas sim refletir acerca de um ato de pessoas que tiveram “acesso a educação”, como ressaltou brilhantemente neste jornal Talita Maldonado (08/09), e cometeram esse ato ridículo. Portanto, sr. reitor e sociedade, façamos justiça, pois se isso não acontecer vai parecer que “defecar é mais grave do que roubar o Bauruzinho”.

Ciro Monteiro - professor de História e ex-aluno Unesp - Assis

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