Polícia

Adolescente morre ao escalar escola

Por Luciana La Fortezza | Colaborou Ieda Rodrigues
| Tempo de leitura: 3 min

Uma aventura adolescente terminou em tragédia, ontem à tarde em Bauru, em frente à escola estadual Luiz Zuiani, no Parque São Jorge, próximo à Vila Vicentina. Jefferson Pereira Serrano da Silva, 15 anos, despencou de uma base de ferro de aproximadamente cinco metros, quando escalava a parede externa da instituição.

Segundo colegas que presenciaram o acidente, ele relou a mão em instalações elétricas, tomou um choque e caiu de cabeça na calçada. Testemunhas ainda informaram que ele teria gritado por conta da descarga que recebera. Com a queda, feriu a região da cabeça, que sangrou muito. A imagem chocou alunos, pais e professores, que passavam pelo local. Aflitos, imploravam e aguardavam por socorro. Alguns diziam que ele já parara de respirar.

Jefferson foi resgatado por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao menos 20 minutos após a queda. Neste interim, além de parentes, a mãe dele esteve no local. Maria Aparecida Ferreira de Souza chegou a tempo de ver o filho estendido no solo. Desesperada e aos gritos, perdeu os sentidos e foi amparada. Quando as pernas retomaram a força, seguiu ao Pronto-Socorro Central (PSC), para onde o filho foi levado.

Antes, no entanto, comentavam que o adolescente havia recebido o primeiro atendimento ainda com pulsação. A informação serviu de alento para amigos dele que deixavam as aulas. O adolescente era ex-aluno da escola e constantemente comparecia à porta da unidade de ensino para aguardar colegas na saída. Muitos choraram ao saber do acidente, que interrompeu o fornecimento de energia em parte das salas de aula.

Dispensados em horário normal, foram orientados a seguir outro trajeto. A idéia era impedir que alunos de 11 a 14 anos se assustassem com o sangue derramado no chão. No entanto, muitos se reuniram em frente ao local do acidente, na calçada oposta. Enquanto isso, o pai de Jefferson, Jorge Serrano da Silva, que chegou à escola, chorava. Ao que tudo indica, soube da morte no PSC, onde a esposa já era atendida pela assistente social.O caso foi registrado no plantão da Polícia Civil como queda acidental.

A Secretaria do Estado da Educação informou, através de sua assessoria de imprensa, que o adolescente era ex-aluno da unidade de ensino. Porém, não soube precisar o motivo dele ter saído da escola. Sobre a suspeita de que ele estava tentando pichar o imóvel quando sofreu o acidente, a secretaria ressaltou que o assunto será investigado pela polícia.

Ao ser questionada pelo JC se adolescentes costumam escalar o muro da escola Luiz Zuiani e caminhar sobre ele, como tem ocorrido com freqüência na escola Ayrton Busch, no Parque Jaraguá, a Secretaria de Educação garantiu que isso não ocorre. Recentemente, uma aluna da Ayrton Busch foi ferida por pedra atirada por vândalos que estavam sobre o muro.

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Socorro

Quando a reportagem do JC chegou à escola Luiz Zuiani, pais de alunos e professores ligavam incessantemente para o Corpo de Bombeiros e o Samu para pedir socorro. Reclamavam de demora no atendimento.

O primeiro a chegar foi o Samu, que levou a vítima ao Pronto-Socorro Central. Segundo o coordenador do serviço, José Eduardo Passos, a primeira ligação foi registrada às 17h10 e informava tratar-se de um paciente vítima de choque elétrico. No entanto, a viatura avançada, que trafega com médico a bordo, estava ocupada com outro paciente e foi liberda apenas às 17h35.

Frente à gravidade da situação, o médico regulador mandou a viatura mais próxima, liberada para atender a ocorrência às 17h16, uma vez que todas as outras quatro em funcionamento (duas estão quebradas) estavam empenhadas. Jefferson foi socorrido às 17h30, segundo cálculos do Samu.O Corpo de Bombeiros também informou que suas viaturas estavam ocupadas no momento dos primeiros chamados.

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Colo

O filho não era meu, mas podia ser. Num instante, caiu por terra a frágil armadura de repórter. Rezei, também supliquei por socorro. Quando Maria Aparecida chegou, ceguei. Débil da dor da mãe alheia. Hoje, sob o risco do mundo ficar mais sisudo, pediria a cada menino que trocasse toda deliciosa ou reprovável inconseqüência por um simples colo.

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