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Dr. Automóvel: Desgaste das borrachas

Consultoria: Marcos Serra Negra Camerini*
| Tempo de leitura: 4 min

Há tempos atrás falamos sobre as borrachas usadas no automóvel. Em todo cantinho tem uma peça de borracha, sempre fundamental para o isolamento, fixação, amortecimento ou vedação. Hoje gostaria de falar mais um pouco sobre o desgaste que ocorre em algumas peças de borracha vitais e em outras decorativas, mas não menos importantes. Já havia planejado escrever sobre isso e coincidentemente, meu amigo Marcelo Creppe me manda um artigo muito interessante, que agradeço e quero incluir e aprofundar no assunto.

A borracha é um componente orgânico e por isso sujeito a um desgaste natural, além do eventual desgaste por uso. A ação da natureza, através do calor, do frio, do ar, da radiação solar dentre outras, pode ocasionar um envelhecimento precoce da borracha mesmo que a peça tenha pouco uso. Um dos exemplos mais claros são os pneus.

Pneu foi feito para rodar e, quando assim o faz, se desgasta pelo atrito com o solo. A vida útil de um pneu de carro de passeio, sempre considerando seu uso adequado quanto à carga do veículo, pressão calibrada e velocidade compatível, chega a ser de 50 a 60.000 km, o que significa (sempre na média, bem entendido) que a cada 2 a 3 anos serão trocados. Como a borracha tem uma vida útil estimada de 5 anos, os pneus serão substituídos antes pelo desgaste de uso, mas ainda em perfeitas condições da borracha. Esta vida útil é estimada em função do ataque que a natureza faz sobre o pneu. A borracha se resseca com o calor e pela ação dos raios ultravioletas do sol, perde elasticidade e começa a trincar e rachar, deixando o pneu mais frágil e quebradiço. Isto gera insegurança, pois o pneu pode perder pedaços ao rodar nesta situação, vir a estourar e causar acidentes. Quem roda muito pouco (sei de gente que roda apenas 5.000 km por ano!) e ainda se vangloria de ter os pneus originais no carro, saiba que deveria trocar os pneus pela idade e não pelo desgaste, pensando na segurança.

Os pneus têm diversas marcações no seu flanco e uma delas é a data de fabricação. Procure na lateral do pneu, próximo à borda do aro da roda, por uma marcação DOT seguida de 4 dígitos numéricos, do tipo DOT 0507, por exemplo. Isto significa que aquele pneu pertence a um lote que foi produzido na semana 5 (ou seja, fevereiro) do ano de 2007. Portanto, ainda terá uma vida útil até 2012. Nesta data, se não tiver se desgastado, deverá ser trocado assim mesmo por segurança, pois a borracha estará comprometida. Todos os fabricantes sérios de pneus recomendam rigorosamente que os mesmos não sejam mais usados após 10 anos de fabricação.

Outras borrachas também sofrem do mesmo processo de envelhecimento, mesmo sem uso. É sabido que as palhetas do limpador de parabrisa devem ser trocadas quando apresentarem defeito na limpeza dos vidros como riscos, faixas ou por estarem cortados ou quebrados. Claro que qualquer pessoa medianamente esclarecida troca as palhetas quando estas não trabalham direito, mas o que poucos fazem é trocá-las anualmente independentemente de seu estado de uso. Pelo fato de ficar totalmente exposta ao sol, a borracha das palhetas sofre uma ação muito intensa dos raios ultravioletas e do calor do sol, deteriorando-se mais rapidamente. Pelo preço que custam, fica mais barato trocá-las anualmente do que sofrer riscos no parabrisa ou ficar sem limpador durante uma chuva. Não se esqueça de trocar também a palheta do limpador traseiro, quando existente, pois apesar de ser menos usado também se deteriora com o tempo.

As borrachas de vedação das portas, por ficarem abrigadas do sol e não sofrerem tanto atrito duram mais, mas mesmo assim acabam se ressecando com o tempo e não cumprindo sua função básica de vedar as portas. Ficam achatadas, chegam a romper em alguns trechos e perdem sua função. Neste estado, devem simplesmente ser trocadas. O mesmo acontece com as borrachas dos vidros e janelas, com o tempo ficam enrijecidas e quebradiças, trincando e permitindo a entrada de água para dentro do habitáculo. Outras borrachas, como as usadas na suspensão, escapamento e coxins diversos que ficam sob o veículo, apesar de nunca estarem expostas ao sol, mesmo assim se deterioram pela ação do calor e de agentes químicos como graxas e solventes, que atacam as mesmas. Deve-se lavar o carro por baixo apenas com água e lubrificar as borrachas quando necessário com vaselina, nunca com óleo queimado ou graxa.

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* Marcos Serra Negra Camerini é engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica da USP, pós-graduado em administração industrial e marketing e engenharia aeronáutica, com passagens como executivo na General Motors (GM) e Opel. Também é consultor de empresas e é diretor geral da Tryor Veículos Especiais Ltda.

Seu site é www.marcoscamerini.com.br.

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