Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, ainda tem parentes em Canindé de São Francisco. Por conta disso e de toda uma história contada e recontada nos bancos escolares, uma viagem até o sertão sergipano não se encerra sem uma caminhada até a Grota do Angico.
O bando de Lampião esteve no Nordeste entre os anos de 1917 e 1938 - passaram por sete Estados - invadiram as cidades vizinhas de Canindé - Nossa Senhora das Dores e Capela - e se refugiou para fugir da polícia numa fazenda em Angico, pertencente à cidade de Poço Redondo.
Fica praticamente às margens do Rio São Francisco. Virgulino vivia a vida roubando dos ricos sem imaginar que ali seria o seu fim. Foi traído pelo vaqueiro Joca Bernardes (que também ainda tem parentes por lá), que disse às volantes (polícia da época) que Pedro Cândido, homem de confiança de Lampião, sabia o paradeiro do grupo.
Torturado, Cândido denunciou o esconderijo (ele também ainda tem parentes por lá, donos de catamarãs e de um restaurante bem na base da caminhada até a Grota). A volante alagoana comandada pelo tenente João Bezerra chegou até o banco no dia 28 de julho.
Não lhes deu chance de reação e assassinou Lampião, Maria Bonita (degolada ainda viva) e outros nove companheiros. Restaram 25 sobreviventes, alguns ainda vivos.
Os mortos tiveram as cabeças decepadas, fotografadas e expostas em várias cidades do Nordeste até chegarem a Salvador, onde foram estudadas e exibidas no Museu Nina Rodrigues.
Trilha e emoção
A trilha que leva os turistas até o lugar onde Lampião foi morto é bastante visitada atualmente. Uma subida sem muitas dificuldades mesmo para quem não tem pernas lá muito firmes. A Grota de Angico é o lugar exato do massacre.
Há nela uma placa com o nome dos mortos e duas cruzes. O lugar também é usado para celebrações de missas no dia do nascimento de Virgulino.
Da qual participam as duas descendentes desse homem forte que aterrisou o Nordeste e os fazendeiros: Vera Ferreira, filha de Expedita Ferreira Nunes, única filha viva de Lampião e Maria Bonita.
Vera é jornalista e documentarista, autora do livro “De Virgulino a Lampião”, escrito em parceria com o historiador Antônio Amaury Côrrea de Araújo.
Herdeira de um acervo bem cuidado e valioso que inclui armas, roupas, cadernetas com anotações e outros objetos pessoais do casal que faz parte da história brasileira e do imaginário popular.
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Antes e depois da usina
O rio e a barragem: cena que emoldura toda Canindé de São Francisco; acorde pela manhã e abra a janela
Em sua história, Canindé de São Francisco se divide em antes de depois da chegada da usina na região. Por volta de 1936, às margens do Velho Chico, dois pequenos povoados se dividiam em Canindé de Cima e Canindé de Baixo.
Este último precisou ser desocupado para dar lugar à hidrelétrica. Uma nova cidade foi construída para abrigar os moradores remanescentes da área baixa da cidade, que foi inundada.
Surgia então a cidade atual, projetada para distribuir harmonicamente as áreas administrativas, comerciais e residenciais.
Era 6 de março de 1987. Desde então, Canindé de São Francisco vem se consolidando como uma excelente opção para o mercado turístico e a Prefeitura Cidadã tem procurado atrair investidores para melhorar ainda mais a infra-estrutura local.
Para conhecer Canindé com conforto e tranqüilidade, o turista deve reservar no mínimo três dias e assim aproveitar as maravilhas do Complexo Xingó que une os Estados de Sergipe, Alagoas e Bahia.
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Turismo
Em Canindé de São Francisco a Prefeitura Municipal tem procurado desenvolver ações para que o turista possa permanecer mais tempo na região e o turismo não fique limitado apenas ao bate-e-volta exclusivamente para conhecer o canion do xingó.
Considerada a cidade que é portão de entrada do Complexo Xingó, o munícipio desenvolve o projeto do roteiro integrado com a cidade histórica de Piranhas (AL) que juntas promovem a Trilha de Angicos, roteiro que leva navegando nas águas do rio São Francisco até a trilha com acesso ao local onde morreu Lampião e Maria Bonita.
Além da beleza singular do canion do xingó, a região possui grandes atrativos ligados ao cangaço, caatinga, arqueologia e claro o rio São Francisco, tudo isso aliado aos grupos folclóricos como os sanfoneiros mirins e os pernas-de-pau, além da Cavalhada de Canindé.
O governo do Estado investiu mais de R$ 50 milhões na recuperação da Rota do Sertão e o Sebra-SE coordenada o Projeto de Fortalecimento do Artesanato e do Turismo no Alto Sertão, o que tem dado muito suporte técnico ao desenvolvimento dessas atividades na região.