O museu de Jaú (47 quilômetros de Bauru) tem 34 anos e um enorme acervo que preserva sua história. Montado de maneira cronológica, os documentos, objetos e fotos conseguem contar a história desde os povos nativos da região, passando pelos pioneiros, escravos, pela ferrovia, imigração, indústria, revolução de 32, centenário da cidade que foi em 1953, cana-de-açúcar e o calçado que é a partir da década de 50. “Mais recentemente, registramos a questão da migração. A gente acaba colocando em exposição objetos relacionados a esses grupos sociais. Queremos que as pessoas consigam se ver no museu. Ele ocupa um prédio que foi uma chácara de recreação”, comenta o diretor do museu municipal, Guilherme Eduardo Almeida Prado de Castro Valente.
O acervo está catalogado, mas não tem site. No site da cidade há uma referência ao museu. A história do jauense João Ribeiro de Barros é destaque no museu. “Existe uma sala dedicada só a ele. Nela tem vários pertences dele. Tem mala de viagem, gravata, chaveiro e pequenos objetos. Um busto dele e a hélice do avião Jahu, que não está aqui, mas em São Carlos. Além de objetos pessoais da família dele como móveis. O berço de João Ribeiro de Barros.”
Acima de qualquer material preservado está o exemplo deixado pelo jauense, ressalta o diretor do museu. “João Ribeiro de Barros fez a travessia do Atlântico Sul, em 1927. Ele mostrou ser uma pessoa determinada. Foi buscar seu sonho. Saiu do Brasil em 26 para comprar o avião totalmente desacreditado.”
Determinado, Barros não se abateu com as sabotagens e prosseguiu com seus planos até fazer a travessia no dia 28 de abril de 1927, em 11h. “Ele marcou o nome dele na história da aviação e do País. De volta para o Brasil, ele foi considerado herói nacional. Ele saiu desacreditado e voltou herói. O mais interessante que ele faz isso sem ajuda de governo.”
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Preservar é manter a referência
Para o diretor do museu de Jaú, Guilherme Valente, a importância do museu histórico está na manutenção da referência das pessoas. “Ele mantém o sentimento de pertencimento do lugar. As pessoas que preservam, valorizam o espaço público em si. É você percebendo que faz parte da história do local é ai você cuida, preserva, não é violento com o espaço.”
Assim como nas demais cidades, Valente também sente a necessidade de profissionais capacitados para organizar o museu. “O museólogo é um profissional em falta no estado de São Paulo. Para suprir essa necessidade, o governo estadual tem promovido cursos de capacitação. Acredito que o diagnóstico tenha sido feito em todo o Estado.”