Regional

Lençóis Paulista usa os prédios históricos

Rita de Cássia Cornélio
| Tempo de leitura: 4 min

A data não é exata, mas supõe-se que o prédio hoje ocupado pelo Espaço Cultural “Cidade do Livro” foi construído no início do século 20. Foi uma residência e um restaurante, até onde se sabe. Antes dessas ocupações, não há registro. Moradores mais antigos relatam que no imóvel funcionou uma casa de saúde, onde inclusive havia uma sala destinada a lavagem de defuntos. O prédio pertence à prefeitura do município desde 2007.

O espaço abriga o Centro de Documentação Histórica da Cidade, criado em 27 de abril de 2005 com a função de centralizar e divulgar informações de diversas fontes para preservar a memória municipal. Além da Divisão do Arquivo permanente contendo o Arquivo Histórico da cidade há a Seção de Obras Raras e Especiais da Biblioteca Municipal “Orígenes Lessa”.

O grupo escolar da rua Anita Garibaldi, inaugurado em 1914, é um marco na história do município, porque foi o primeiro e único estabelecimento de ensino a outorgar diploma reconhecido por lei aos formandos. Posteriormente, ele foi batizado de Escola Esperança de Oliveira.

A construção do prédio foi iniciada em 1913, sendo confiada a Adolfo Denucci, residente em Botucatu.

Desde então, o prédio passou por algumas reformas, contudo a estruturada básica não foi alterada, tendo sido apenas substituídas as antigas janelas.

Os primeiros professores foram Adolphino de Arruda Castanho, Antônio Esperança de Oliveira, Olegário de Barros, dona Pedrina Galvão e dona Alzira Nogueira de Assis.

Em 1976, com a implantação da reforma do ensino, o grupo escolar passou a denominar-se EEPG “Esperança de Oliveira”, ministrando o ensino de 1ª a 8ª séries do 1º grau.

Em 1999, com a municipalização do Ensino Fundamental, a escola passou a denominar-se Escola Municipal de Ensino Fundamental “Esperança de Oliveira”.

A Casa Zillo foi construída nas primeiras décadas do século 20 e abrigou uma das mais tradicionais casas comerciais da cidade. Atualmente, é sede administrativa da Zilor, indústria de energia e alimentos.

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Imóvel construído no

século 20 é museu

O prédio, que atualmente abriga o Museu Histórico Alexandre Chitto, foi construído na virada do século 20. A ideia da construção partiu dos irmãos Pettenazi. O terreno foi adquirido da família Rocha, proprietária de vastas terras naquela área. A família Pettenazi residiu durante anos na casa que posteriormente foi vendida para a família Pentagna.

Anos depois, a residência foi vendida para o coronel Leite de Agudos. Como o prédio possuía muitas dependências, o prefeito Raul Gonçalves de Oliveira, em 1932, fez acordo de compra da propriedade com o coronel Leite. Após diversas reformas, porém reservando os traços da arquitetura original, a Prefeitura foi instalada no prédio. O poder municipal continuou ali até 1980.

Na gestão do prefeito Ideval Paccola, o prédio foi adaptado para abrigar a Oficina Experimental de Artesanato, com exposição e vendas. Posteriormente, foi também sede da Casa da Cultura. Em 96, o museu foi transferido para esse prédio. Em 2003 o prédio passou por uma reforma.

Os levantamentos sobre o período consta no livro “História de Nossa Gente: Lençóis Paulista, 150 anos”, de Elda Therezinha Chitto e Meiry Chitto, editado em 2008.

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Matéria-prima foi importada da Europa

O mármore europeu era um produto bastante usado nas construções ecléticas. Ele estava presente nas escadas porque as casas dos barões do café quase sempre eram assobradadas. “No início, todo o material era importado, depois passou-se a consumir produtos brasileiros”, comenta a pesquisadora Daisy de Morais.

Segundo ela, os elementos decorativos da fachada eram produzidos aqui. “O engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo tinha uma casa de comércio de material de construção, ele vendia produtos importados. Os moldes decorativos eram produzidos no Brasil. O material vinha pelos navios até o porto de Santos e depois era transportado por trem que teve um papel fundamental nessa época.”

O chefe do patrimônio de Bocaina, Wlamir Furlaneto, confirma a tese da pesquisadora. “Muitos fazendeiros mandavam vir da Europa mármores para escadarias, ladrilhos portugueses, vitrais belgas, lustres franceses e outros pertences para embelezar suas construções. Em algumas obras foram construídas até lareiras”.

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Imigrantes italianos eram especialistas em fachadas

Frentista. Assim eram denominados aqueles que faziam as fachadas dos prédios dos barões do café. Atraídos pela possibilidade de uma vida melhor, os imigrantes italianos chegavam em grande quantidade ao Brasil. Eram eles quem desenhavam e trabalhavam na construção dos palacetes. A pesquisadora da USP Daisy de Morais explica que na produção do café precisava de mão de obra e entre essas pessoas vinham aqueles que tinham conhecimento na área.

“Tinham também filhos de famílias abastadas que foram estudar fora, caso de Ramos de Azevedo, que voltou para o Brasil com conhecimento. Os imigrantes italianos eram os frentistas e só trabalhavam na fachada. Tinham nível de qualificação.”

Em Bocaina, a presença dos frentistas foram notadas, segundo o chefe do patrimônio, Walmir Furlaneto. “Na maioria italianos, eles eram contratados para desenhar a frente do imóvel, geralmente cheia de detalhes. Alguns faziam e desfaziam o trabalho até chegar no agrado do proprietário.”

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