Regional

Agudos faz restauração do Cine Theatro

Da Redação
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Agudos - O antigo Cine Theatro São Paulo de Agudos (13 quilômetros de Bauru) está com a reforma em andamento desde setembro. A restauração total está orçada em R$ 2,6 milhões financiada com recursos do governo do Estado, da União e de doadores privados. O projeto de restauração é assinado pelas arquitetas Tatiana Jacon Gebara e Heloisa Jacon Gebara.

“O objetivo é resgatar para a sociedade um local de grande valor histórico, mas que seja usado para incentivar a cultura. Não só cinema e teatro, mas também um complemento educacional. Esse local vai servir de apoio para as escolas, para os agentes culturais e para toda a sociedade, que vai usar o Cine Theatro para treinamentos, eventos diversos, exposição de artes, dança, para inclusão digital e biblioteca virtual. Seu uso será muito amplo e diversificado”, prevê o engenheiro militar José Mauro Napoleone, vice-presidente da Associação de Defesa do Patrimônio Histórico de Agudos (Adepha) e idealizador do projeto.

O esforço de Napoleone e de um grupo de pessoas da cidade é para recuperar toda a arquitetura do único prédio tombado como patrimônio histórico do município construído em 1910, que já teve seus tempos de glória, mas que, esquecido no tempo, foi se deteriorando. “Isso não podia ficar assim, tínhamos que fazer alguma coisa”, relembra.

Napoleone liderou a formatação da Adepha para captar recursos públicos e privados para iniciar o projeto de restauro.

Com a entidade legalizada, foi buscar apoio dos órgãos públicos e nas empresas da região. Nesta primeira etapa, conseguiu sensibilizar o Ministério da Cultura, a Secretaria Estadual de Cultura, a Prefeitura de Agudos e algumas empresas, como Ambev, Supermercados São Paulo e JM Empilhadeiras (todas de Agudos).

“Deu trabalho no início e vai dar muito trabalho até concluir a obra. Mas nós vamos seguir em frente, porque é preciso mudar essa situação”, afirma.

Segundo ele, a situação já mudou. Com uma parte dos recursos levantados, o antigo prédio abandonado e correndo riscos estruturais agora está em plena reforma. É uma obra pública, tocada por uma associação sem fins lucrativos que trabalha com recursos de doadores e das leis de incentivo à cultura (Lei Roanet e Lei do ICMS paulista).

O prédio foi erguido na década de 1910 pelo avô de Napoleone, Arcângelo Napoleone, a pedido de uma fazendeira. Mais tarde, em 1926, o construtor acabou recebendo o prédio como pagamento por outros serviços prestados à época.

Na década de 50, o prédio do Cine Theatro São Paulo foi arrendado para empresas do ramo de cinema, quando funcionou até os anos 70. “Nesta fase, o prédio perdeu suas características arquitetônicas originais, mas que nós vamos resgatar com esse restauro. Quando pronto, o Cine Theatro voltará a ter a arquitetura da década de 20, do século passado”, observa Napoleone.

Com a decadência do setor de cinema nas pequenas cidades do Brasil, o prédio permaneceu fechado por anos seguidos. “Após uma longa disputa judicial, conseguimos reaver o prédio. Nos anos 80, a família investiu do próprio bolso para reabrir o prédio e tocar o cinema por mais alguns anos”, diz o engenheiro, que emenda: “um dos primeiros filmes com três sessões foi Dona Flor e seus Dois Maridos, que não tinha chegado à região. Lembro que foi um caos na cidade, porque a região inteira veio para ver o filme em Agudos e o trânsito parou por causa do grande movimento. Veio todo mundo para cá”, conta.

O movimento no cinema embalou por mais algum tempo, mas depois fechou de novo.

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