Polícia

Polícia Civil confirma: quadrilha do Paraná furtou residências do Tívoli 1

Vinícius Lousada
| Tempo de leitura: 5 min

A Polícia Civil, através da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Jaú, confirmou ontem o envolvimento da quadrilha que praticava furtos em condomínios de luxo no Paraná e em cidades do Interior de São Paulo com o arrastão em nove residências no Tívoli 1, em Bauru, no sábado de Carnaval. Uma ação em conjunto das polícias de Jaú (SP), São José do Rio Preto (SP) e Londrina (PR) também conseguiu capturar Jeférson Cardoso dos Santos no final da noite da última sexta-feira, na cidade paranaense, onde funciona a sede do grupo criminoso. Ele é apontado como mentor da quadrilha e tem passagens, inclusive, por assalto a banco no Paraná.

O delegado titular da DIG de Jaú, Edmilson Bataier, confirmou que as pessoas identificadas, presas e procuradas durante as investigações, que tiveram início há quatro meses, são as mesmas responsáveis pelos furtos às residências do Tívoli 1, condomínio de luxo em Bauru. "Antes nós tínhamos fortes indícios, mas agora temos provas e a certeza irrefutável que se trata da mesma quadrilha a autoria dos furtos nos condomínios do Paraná, Rio Preto, Jaú e Bauru", garante.

Apesar da confirmação, Bataier não revela como as investigações levaram a essa conclusão para não fornecer informações privilegiadas a bandidos nem atrapalhar as investigações, que ainda não terminaram, pois há diligências em busca de possíveis receptadores da quadrilha. Além disso, Abraão Custódio Cardoso, outro membro importante do grupo, e uma mulher não identificada ainda estão foragidos.

De acordo com Bataier, a DIG de Bauru está recebendo as informações necessárias para investigar os crimes cometidos na cidade. "Provavelmente, o delegado de Bauru também deverá pedir a prisão dos suspeitos", afirma, explicando que todos os capturados estão presos temporariamente.


O líder


Um avanço importante é que a operação iniciada no dia 10 de março, em Londrina, que contou com quatro delegados e sete investigadores de Jaú, quatro investigadores de São José do Rio Preto e 15 homens da Polícia Civil de Londrina, conseguiu prender no dia 11 Jeférson Cardoso dos Santos, o líder do bando e marido de Dana Stéfani, que havia sido capturada no dia anterior.

Jéferson foi detido em uma casa de veraneio no condomínio Riviera do Poente, na cidade de Alvorada do Sul, que faz fronteira com o município de Londrina. Segundo o delegado, o suspeito teria caminhado por 25 quilômetros até chegar ao local depois de tentar fugir por um matagal. Com ele foram encontrados R$ 5 mil. "Trata-se de um homem de alta periculosidade, que já cometeu assaltos a banco e anda armado. O mesmo vale para o outro foragido, que também é procurado por assalto. Eles cometem furtos porque, caso sejam pegos, a pena é menor. Mas caso haja algum morador ou segurança que tente impedi-los, eles usam da violência", afirma Edmilson Bataier.

A perseguição a Jéferson teve início na noite de 10 de março, durante a operação policial conjunta. Durante a fuga, o homem perdeu o controle do veículo Golf que dirigia e colidiu, mas conseguiu adentrar em uma mata fechada, onde acionou a ajuda de outro suspeito, Abraão Custódio Cardoso, que na companhia de uma mulher, foi ao local com uma caminhonete. O veículo atolou, mas os dois roubaram outra caminhonete e fugiram sem Jéferson, que caminhou durante a madrugada rumo ao imóvel na cidade vizinha. "A polícia fez o cerco ao local e chegou a avistar a caminhonete do Abraão. No entanto, o lugar facilitava a fuga, não somente pela mata fechada, mas também por se tratar de uma antiga fazenda de café, com muitas propriedades abandonadas."

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Prisões


A Polícia Civil continua em busca dos dois foragidos da quadrilha de Londrina: Abraão Custódio Cardoso e uma mulher ainda não identificada. Além do líder Jéferson dos Santos, preso sexta-feira, a operação deteve três suspeitos de envolvimento com o grupo. Com uma dezena de mandados de busca e apreensão e seis de prisão temporária emitidos pela Justiça de Jaú, os policiais engajados na operação entraram numa residência em Londrina na manhã de 10 de março e localizaram objetos provavelmente furtados.

No local, Dana Stéfani da Costa foi detida. Horas depois, a polícia prendeu mais um suspeito, Éder Wilhis Nunes Pereira. O montante em dinheiro apreendido chegou a cerca de R$ 15 mil. Além da quantia, foram apreendidas duas caminhonetes - uma F-250 e uma XLT -, carros - um Golf e um Marea -, duas motocicletas, joias, cartões de crédito, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e comprovantes de movimentações bancárias.

Na tarde do mesmo dia outro homem foi detido. Enquanto prestava depoimento na delegacia de Londrina, Guerino Custódio Cardoso acabou preso sob suspeita de também ser um dos integrantes da quadrilha. Os delegados e investigadores voltaram para Jaú no último sábado. Os homens estão presos temporariamente, por 10 dias, na Cadeia Pública de Barra Bonita. A mulher envolvida no caso também está detida em uma cadeia da região.

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Dúvidas que precisam ser esclarecidas


Os furtos em série no Tívoli 1, em Bauru, ocorreram no último sia 5 entre 20h30 e meia-noite. Na ocasião, bandidos entraram no condomínio, que mantém forte esquema de segurança, e invadiram nove residências. Sem serem vistos por uma pessoa sequer, eles saíram do local levando grandes quantias em dinheiro, joias, aparelhos eletrônicos e até mesmo armas.

O caso repercutiu muito em Bauru e região. Tomados pelo medo, vários moradores de condomínios fechados da cidade acionaram a polícia durante a semana e, inclusive, reforçaram a segurança de suas residências. O helicóptero Águia da PM chegou a sobrevoar algumas dessas áreas.

O trabalho da Polícia Civil já comprovou a ligação da autoria do crime com a quadrilha, parcialmente detida, que agia em condomínios de luxo do Paraná e de outros municípios do Interior paulista. No entanto, ainda restam algumas dúvidas que o desenrolar das investigações poderá esclarecer. Entre elas, o por quê do grupo ter atuado em Bauru e qual a sua ligação com a cidade. Além disso, vítimas e a população em geral querem saber qual tipo de informação privilegiada autores dos furtos poderiam ter recebido, pois como divulgou o Jornal da Cidade em 11 de março, especialistas acreditam que os bandidos tenham entrado e saído pela porta da frente do condomínio. A mesma quadrilha teria praticado outros crimes em Bauru e região?

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