Mencionamos nesta coluna há algumas semanas atrás que não precisa ser técnico para detectar problemas em nosso carro. Para isto, basta ser observador apenas. Disse que se perceber um barulho diferente ou um comportamento estranho que não tinha aparecido antes é porque está na hora de se mancar e levar o carro para seu mecânico de confiança, para uma avaliação mais profunda. É claro que se o motor começa a falhar, não pega fácil ou engasga, assim como se os freios se tornam borrachudos e perderem eficiência, é sintoma claro de problemas. Alguns leitores me perguntaram como fazer isso e como perceber uma mudança sutil no carro, principalmente no que diz respeito ao alinhamento e aos pneus. Vamos lá, então.
Os pneus são os elementos de contato do veículo com o solo, assim são eles que transmitem o movimento das rodas e proporcionam a aderência necessária. Os pneus mandam diversos avisos para o motorista mais atento que podem ser muito uteis na detecção de problemas relativos à dirigibilidade e suspensão.
O aviso mais claro e simples que pode ser dado pelo pneu é a falta de pressão adequada, pois ele fica visivelmente murcho. Parece incrível mas tem muita gente que não repara nisso e roda com os pneus descalibrados. Alem do visual, o pneu murcho também manda sinal para o volante, que pode ficar mais pesado (claro, pneu murcho aumenta a área de contato com o solo) e pode puxar a direção para um lado, se a diferença de pressão for grande entre os pneus do mesmo eixo. Já o contrário, pneus com excesso de pressão deixam o carro muito duro, pulando e trepidando bastante e a direção fica muito leve. Isto se deve à diminuição da área de contato com o solo pois o excesso de pressão tornou a banda de rodagem convexa, tocando o solo apenas na parte central. Isto dá para perceber facilmente por qualquer um.
Se o carro tiver problemas de alinhamento, os pneus mostrarão desgaste irregular nas laterais da banda de rodagem e o carro apresentará tendência de puxar para um dos lados e ao manter a linha reta ao soltar o volante. Se o desalinhamento for muito grande, os pneus poderão cantar mesmo em retas, quanto mais em curvas. Com o carro bem alinhado, as curvas são feitas mais suaves e sem escorregamento dos pneus (a conhecida "cantada"). O motorista dirige tranqüilo, sem precisar domar o carro a cada curva. No alinhamento deve-se sempre conferir 3 ângulos principais: a convergência, que é o ângulo relativo entre as rodas dianteiras, que deve ser sempre o mais paralelo possível com pequeno fechamento do ângulo (especificado pelo fabricante pela geometria de direção, pára garantir estabilidade); a cambagem, que é a inclinação das rodas em relação ao solo; e o cáster, que pé a inclinação longitudinal do eixo de articulação da roda, para garantir que ande sempre em linha reta e se auto-alinhe. Problemas de alinhamento podem ser causados por queda em buracos, subida em guias ou outro impacto não convencional nas rodas. Recomenda-se proceder ao alinhamento completo em oficinas bem aparelhadas a cada 10.000 km ou antes, se aparecerem os sintomas acima.
Já o desbalanceamento das rodas dianteiras é detectado pela vibração ao volante e o das rodas traseiras no carro como um todo. O volante treme todo e dá até formigamento nos braços, muito fácil de ser detectado. Ocorre mais em certas velocidades e não o tempo todo, pois é quando as rodas entram em ressonância e vibram pela falta de balanceamento. Pode causar certa instabilidade no veículo, que passa a pular muito, além de causar um desgaste claro na banda de rodagem. O balanceamento impede que o pneu trepide e faz com que seu movimento giratório seja suave e sem vibrações. É claro que não se pode balancear o pneu apenas, sempre falamos do conjunto roda-pneu. Um conjunto bem balanceado permite um contato perfeito com o solo, transmitindo bom torque ao solo e aderência em curvas. Balancear a roda consiste em medir e regular o peso em diferentes partes da roda, acrescentando pequenos pesos de chumbo na parte mais leve para contrabalançar. Recomenda-se também efetuar o balanceamento a cada 10.000 km como prevenção, mesmo que o carro não apresente trepidação. Com isto, teremos aumentada a vida útil de pneus, amortecedores, molas e borrachas da suspensão, além de proporcionar mais conforto aos ocupantes.
Semana que vem falarei mais sobre outras dicas que os pneus nos passam.