A cada dia que passa, aumenta o número de mulheres que fazem uso de anticoncepcionais. O objetivo, claro, é evitar uma gravidez indesejada. No entanto, o problema é que grande parte dessas mulheres toma o medicamento sem orientação médica, o que pode comprometer a eficácia do remédio e ainda causar danos à saúde, como é o caso de quando o anticoncepcional é associado ao tabagismo.
São poucas as que têm conhecimento do quanto é perigosa essa associação de hormônios sintéticos, que compõe a pílula, com o cigarro. "Os hormônios da pílula (drosperinona, etinilestradiol, estrogênio e progestágeno) aumentam o risco de trombose e o cigarro aumenta o risco de formação de placas de gordura nas artérias, afirma Américo Tângari Junior, cardiologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. "Mais raramente, os coágulos podem ocorrer nos vasos do cérebro, causando derrame. Pode ocorrer trombose (formação de coágulos nas veias durante o uso de anticoncepcionais) nas veias profundas das pernas (Trombose Venosa Profunda - TVP) ou o coágulo se deslocar para as artérias pulmonares, provocando embolia pulmonar", complementa Ana Paula Santiago, ginecologista, obstetra, sexóloga e especialista em pré-natal de alto risco.
A TVP, de acordo com Ana Paula, é rara e seu risco é mais elevado durante o primeiro ano de uso de anticoncepcionais. "Pode ocorrer em qualquer mulher. O risco de ocorrência é maior entre as gestantes, sendo seguido pelas usuárias de anticoncepcionais e tabagistas, especialmente se têm mais de 35 anos, Este risco aumenta um pouco mais nos casos de cirurgia ou durante imobilização por gesso e tala prolongada e pós-parto".
Tângari afirma que, se a paciente tiver fatores de risco como diabetes ou for hipertensa, deve procurar orientação médica "Ela pode ser orientada a optar por outro método contraceptivo, além de faz exames de rotina".
Ana Paula explica que, quando uma mulher tem a intenção de começar a tomar anticoncepcionais, ela avalia seu histórico clínico pessoal e familiar. "Se necessário, solicito avaliação vascular, cardiológica, endocrinológica ou neurológica, com seus devidos exames complementares específicos para cada caso até a liberação segura do uso de anticoncepcional. No caso de contraindicações, Ana Paula sugere anticoncepcionais só de progesterona, implantes de progesterona, DIU não hormonal ou métodos de barreira. "Minha sugestão para mulheres tabagistas com mais de 35 anos é o uso de métodos não hormonais e, se possível, anticoncepcionais sem progesterona, que é de uso contínuo, com acompanhamento médico de seis em seis meses".
65% dos fumantes começam antes dos 15 anos
Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde revela que a maioria dos dependentes de tabaco começou a fumar antes de completar 15 anos. O estudo, realizado com base em 500 pacientes atendidos no Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas, órgão da pasta, mostrou que 65% dos fumantes deram a primeira tragada antes dos 15 anos. Desses, 3% começaram a fumar antes mesmo de completarem 10 anos de idade.
Outro dado do levantamento mostra que, por outro lado, a procura por tratamento para largar o vício costuma ocorrer apenas depois dos 45 anos. Dos pacientes entrevistados, 64% iniciaram o tratamento nessa faixa etária. Somente 2% dos pacientes que procuraram tratamento tinham entre 15 e 24 anos.
"A pesquisa mostra duas faces bastante preocupantes sobre o cigarro. O primeiro, é que o vício começa muito cedo, por vezes ainda na infância. Outra é que demora muito tempo para que as pessoas percebam a real dimensão dos danos que o cigarro provoca, as gravíssimas doenças decorrentes do seu consumo, e levam décadas para iniciar o processo de parar de fumar. O que pudemos perceber é que, agora, com a discussão levantada com a lei antifumo, aumentou muito o grau de conscientização da população sobre os males do cigarro.", afirma Luizemir Lago, diretora do Cratod. O levantamento revela, ainda, que 28,6% dos pacientes possuíam o ensino superior completo, 6,5% superior incompleto, 27% completaram apenas o segundo grau, 3% tem o segundo grau incompleto e 6,5% tem o fundamental completo.
Dos pacientes ouvidos, 46% estavam empregados com carteira assinada e 21,74% são trabalhadores autônomos. Os desempregados representaram 3% do total.
Escolha um método para parar de fumar
· Parada Imediata
Você marca uma data e nesse dia não fumará mais nenhum cigarro. Esta deve ser sempre sua primeira opção.
· Parada Gradual
Você pode utilizar este método de duas formas: reduzindo o número de cigarros que fuma diariamente.
· Retardando a hora do primeiro cigarro
Se você começa a fumar às 9h, vá retardando, aos poucos.
Cuidado com as armadilhas
· Nos momentos de stress
Procure se acalmar e entender que momentos difíceis sempre vão ocorrer e fumar não vai resolver seus problemas.
· Sentindo vontade de fumar
A vontade de fumar não dura mais que alguns minutos. Nesses momentos, para ajudar, você poderá chupar gelo, escovar os dentes a toda hora, beber água gelada ou comer uma fruta. Mantenha as mãos ocupadas com um elástico, pedaço de papel, rabisque alguma coisa ou manuseie objetos pequenos. Não fique parado - converse com um amigo, faça algo diferente que distraia sua atenção.