Mais uma vítima de um assassinato registrado em Bauru no início da manhã de ontem expõe uma história dramática, com suposta associação ao vício de entorpecentes. Com 33 anos, José Adailton da Silva foi morto com pelo menos quatro golpes de faca na região do tórax. O corpo foi encontrado no quintal de uma pequena residência localizada na quadra 18 da rua Arnaldo Rodrigues de Menezes, no Parque Jaraguá.
Esta é a 18ª morte violenta do ano contabilizada pelo JC. De acordo com familiares, a vítima estaria envolvida com o uso de drogas, fato que pode ter ligação com o crime.
Informações policiais preliminares indicam que José Adailton foi golpeado durante a madrugada de ontem em uma provável briga com causas ainda desconhecidas. O rapaz foi encontrado caído no quintal da casa pela Polícia Militar (PM), que chegou até o local através de uma denúncia anônima.
Um homem suspeito foi detido no local do crime. Ele morava no interior da pequena residência onde o corpo foi encontrado e, a princípio, negou qualquer envolvimento com o delito. No entanto, após revista pessoal e no cômodo onde ele estava, a polícia encontrou manchas de sangue em seu tênis e algumas peças de roupas.
"Com as marcas de sangue, surge a suspeita de que ele teria participado do crime. Teria ocorrido uma discussão entre a vítima e mais dois sujeitos, mas este homem nega envolvimento", disse o delegado Roberval Fabro, que respondia pelo delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Bauru na manhã de ontem.
"Poderemos pedir a prisão temporária dele (suspeito), mas as investigações ainda estão em andamento para apurar o que realmente aconteceu. Já temos pistas de outras pessoas que teriam participado e seguiremos com as diligências que forem necessárias em busca dos autores do homicídio", comentou o delegado.
O corpo de José Adailton da silva foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
"Matar ou morrer"
Familiares da vítima relataram que ele seria usuário de substâncias entorpecentes há algum tempo e apresentava um comportamento bastante agressivo. "Ele já vinha dando muito problema. Saía de casa sem avisar, ficava várias noites fora e chegava alterado, agressivo", contou um dos irmãos da vítima, que pediu para ter sua identidade preservada.
Ainda segundo ele, José Adailton teria saído no início da madrugada de ontem de casa bastante eufórico, afirmando que iria "matar alguém ou morrer".
"Era difícil de segurá-lo. Ele já tentou avançar em cima de mim várias vezes, de outros irmãos e do próprio pai. Inclusive, já tinha se envolvido em outras brigas. Em uma ocasião, chegou a perder um olho depois de ter sido atingido por um golpe de facão", relatou o irmão de José Adailton.
Morte anunciada?
A mãe de José Adailton da Silva ficou muito abalada ao receber a notícia da morte do filho ontem. Aos prantos, ela chegou a dizer que "já esperava que poderia acontecer isso".
De acordo com o irmão, ele morava na casa dos pais, na quadra 16 da rua Arnaldo Rodrigues de Menezes, a duas quadras do local do crime. José Adailton não tinha filhos e era solteiro.
"No momento ele estava desempregado. Eu tentava arrumar uma ocupação, mas era difícil ele aceitar", lamentou o irmão da vítima.
Vizinhos se aglomeraram no local e a expressão era de tristeza. "A gente fica triste por saber que um rapaz jovem foi morto dessa maneira", comentou uma moradora, que preferiu não revelar a identidade.
Consumo de substâncias entorpecentes
está entre as principais causas de homicídio
Sem final feliz: este, na maioria das vezes, é o destino de usuários e dependentes químicos. Muitos deles acabam se envolvendo com o mundo do crime para sustentar o vício, ou acabam simplesmente se tornando alvo de criminosos.
Além do assassinato ocorrido ontem, no qual existe forte suspeita de que a motivação envolveu o uso de drogas, o penúltimo caso de homicídio registrado em Bauru expôs o drama da dependência de álcool.
No dia 26 de junho, conforme divulgado pelo JC, um homem de 50 anos foi brutalmente assassinado na madrugada. Alceu José Muniz Balbino, conhecido como "Borboleta", foi encontrado por populares com marcas de facadas e pauladas pelo corpo, caído em meio a um matagal próximo à rua Ranier Zuim, no Núcleo Habitacional Beija-Flor, em Bauru.
Segundo o que a reportagem apurou junto à polícia na ocasião, a vítima era vista constantemente na rua e teria problemas com alcoolismo. As investigações do caso seguem pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
