Com o avanço da tecnologia, os aparelhos eletrônicos foram se tornando cada vez mais baratos e descartáveis. Por isso, quando estes apresentam algum defeito grave, fica inviável o conserto e o eletrônico acaba indo para o lixo. O que poucas pessoas sabem é que, em diversos aparelhos como este, principalmente os celulares, existe ouro.
Segundo o representante de uma empresa especializada no descarte desses materiais, de uma tonelada de celulares (sem as baterias) é possível extrair até 175 gramas de ouro, o que gera R$ 16.667,5
, já que o grama do metal nobre custa R$ 95,3
.
O descarte de lixo eletrônico é um assunto complexo e preocupante, já que muitos dos componentes existentes nestes aparelhos são extremamente tóxicos e contaminantes, como os monitores de computador e TVs.
Por isso, nos últimos anos, as prefeituras e Estados estão se empenhando pela recolha correta deste material. São considerados lixos eletrônicos: aparelhos celulares, computadores, monitores, televisores, baterias de celular, sistema de áudio, entre outros.
O que poucos sabem é que a população que doa os eletrônicos a catadores, ecopontos e cooperativas, também pode conseguir uma renda extra com a venda destes produtos, mantendo a visão ecológica de preservação do meio ambiente.
Para isso a venda deve acontecer em empresas especializadas com licença na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por exemplo.
A história do representante comercial de uma empresa especializada em descarte de materiais eletrônicos da cidade de São Paulo começou assim. O bauruense de 45 anos, que pediu sigilo da identidade, era técnico em informática e há dois anos trocou de profissão. Passou a comprar material eletrônico e revender para este empreendimento.
“O que muitas pessoas não sabem é que este material vale muito dinheiro. Eu descobri isso há dois anos, quando tive a oportunidade de conhecer esta empresa de São Paulo. Deixei de fazer o meu trabalho como técnico em informática para separar estes componentes e revendê-los. Consigo levar uma vida tranquila”, opinou.
Ouro
O representante revela que, de uma tonelada de aparelhos celulares (sem as baterias) é possível extrair até 175 gramas de ouro, o que, no Brasil, renderia cerca de R$ 16.667,5
. No entanto, esse processo só é feito em outros países como, por exemplo, os Estados Unidos.
Um quilo de placas eletrônicas vale até R$ 4,5
. Já um quilo de processador, R$ 1
,
. A mesma quantidade de celulares sem as baterias custa R$ 6,
. A atitude de doar ou vender os eletrônicos deve partir de cada um, já que as duas opções são corretas desde que o descarte seja regulamentado.
“Das fontes de computador, por exemplo, é possível retirar as bobinas de cobre, fiação. Das placas retiramos cobre, plástico, entre outros componentes. Mas é importante que a população seja consciente e procure empresas que façam o retorno correto de todo esse lixo que pode ser reciclado”, finalizou.
Empresas alertam sobre o descarte irregular
A Eletrolixo é uma empresa de Bauru especializada no descarte de lixo eletrônico, incluindo pilhas, baterias e lâmpadas, e já foi parceira da prefeitura no 1º Mutirão do Lixo Eletrônico de Bauru, que aconteceu no ano passado.
Segundo a diretora de projeto da empresa, Milena Rosa Lozano, de todo o lixo eletrônico que chega à Eletrolixo por meio de seis ecopontos posicionados em empresas cadastradas como, por exemplo, o Jornal da Cidade, são separados: plástico, cobre, alumínio, ferro, placas e circuitos, vidro contaminado por chumbo, fios e cabos, baterias, entre outros.
“Todo o eletrônico é separado e o ferro e alumínio, por exemplo, revendido a siderúrgicas. O vidro de monitores e televisores é descontaminado pela nossa empresa e, em seguida, revendido a empresas que fabricam pisos, por exemplo. A parte do vidro que não podemos descontaminar vai para uma empresa de Santa Catarina”.
Milena destaca que o processo de retirada do ouro desdes componentes eletrônicos ainda é muito cauteloso e nenhuma empresa brasileira possui credenciamento para tal serviço. “Quando há ouro, encaminhamos para uma empresa no Exterior”.
A Eletrolixo trabalha apenas com doações que podem ser depositadas nos ecopontos da empresa existentes na cidade. “Eu gostaria de alertar a população para que tome cuidado para quem revende esse produto. Já presenciamos muitos sucateiros que armazenam tubos de TV e monitores de forma incorreta e eles são extremamente contaminantes. Além disso, ainda tem o pessoal que retira apenas o que interessa e joga o resto fora em terrenos baldios. É preciso ter cuidado”, opinou.
Serviço
Outras informações sobre a Eletrolixo podem ser adquiridas através do site www.eletrolixo.rec.br.
Cootramat
Para quem quiser doar estes aparelhos, uma opção em Bauru é a Cooperativa dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis (Cootramat). A entidade recebe mensalmente até 2
quilos de materiais eletrônicos e revende a uma empresa especializada no descarte correto.
O presidente da cooperativa, Valmir Moura, ressalta que, atualmente, a entidade conta com 28 cooperados, sendo que mais 1
destes profissionais estão passando por treinamento. “O quilo de placas vendemos a R$ 3,
. Cada fonte de computador custa R$
,5
e cada HDs R$ 1,
. A sucata que sobra, vendemos a R$
,3
, o quilo, e o monitor vendemos por R$ 1,
, a unidade. Mouse, teclado, entre outros, vendemos a R$
,7
o quilo”, afirmou.
Moura revela que cada cooperado chega a angariar até R$ 8
,
por mês com a venda de lixo eletrônico. “É uma fonte de renda. Muitos cooperados sustentam famílias com esse trabalho. Hoje conseguimos contratos com várias empresas especializadas e sabemos que esse lixo tem destino correto”.
O lixo eletrônico chega à Cootramat por meio dos quatro Ecopontos existentes em Bauru e também pela coleta seletiva feita pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma). De lá, todo esse entulho é separado e em seguida revendido a empresas especializadas no descarte.
Serviço
O Ecoponto Centro fica na quadra 1 da rua Sorocabana, o Ecoponto Mary Dota na quadra 4 da rua Américo Finazzi, o Ecoponto Redentor no cruzamento das ruas Noé Onofre Teixeira e Gumercindo da Cruz e o Ecoponto Pousada 1 na antiga rua Quarenta e Um, entre as ruas Joaquim Gonçalves Soriano e Maurício Pereira Lima. Estes funcionam de segunda a sábado das 8h às 12h e das 13h às 17h.