Cultura

?Porto Solidão é minha sina?

João Pedro Feza
| Tempo de leitura: 2 min

Adeptos do videokê adoram fazer caras e bocas quando estragam “Porto Solidão”. A música exige fôlego e intensidade. Se bem interpretada, garante aplausos. Para Marcelo Marques de Aguiar, contudo, a canção é uma espécie de “sina”, na definição dele próprio. “Sim, ele deixou isso pra mim. Onde vou, se descobrem quem sou, tenho que cantar”, diz ao Jornal da Cidade. “E vou dizer: a choradeira é geral”.


Explica-se tanta comoção entre rimas de ventos e velas: Marcelo Marks (nome artístico), hoje com 43 anos, músico e arranjador em Brasília, é filho de Jessé – o célebre intérprete de “Porto Solidão”. Não por acaso, Jessé recebeu prêmio de melhor cantor no festival MPB Shell de 1980 da TV Globo justamente com o sucesso composto por uma dupla: Zeca Bahia e Ginko.


A música está de volta à mídia nacional. Abre a nova novela das 22h da Record, “Máscaras”, agora na voz de Fagner. O filho de Jessé foi informado pelo JC sobre a regravação pouco antes da estreia da produção, há uma semana. “Não sabia”. Ouviu como ficou e, com bom humor, comentou: “A nova versão é muito boa. O arranjo está lindo e a interpretação do Fagner é ótima. Mas podiam ter me chamado, né?...”


 

Estreia


Casado, três filhos e evangélico como o pai, Marcelo faz muitos bailes e casamentos e, agora, finaliza o primeiro CD. Terá algumas regravações e outras músicas autorais. Não, não vai regravar “Porto Solidão”. “Atendo aos pedidos por aí, também me emociono, mas é complicado pra mim”. Ele sabe que a tal sina é um forte resgate emocional às próprias origens. Como um veleiro rumo ao seu coração.

 

Jessé faria 60 anos no dia 25 de abril


Não fosse um acidente de carro em 29 de março de 1993, quando tinha 40 anos, o niteroiense Jessé completaria 60 no dia 25 de abril. A morte cerebral foi constatada na Santa Casa de Ourinhos, a 129 km de Bauru. Jessé seguia para um show em Terra Rica, no Paraná. Ele próprio dirigia o carro acompanhado de sua quinta esposa, Rosana Kozzer, que, grávida de cinco meses, perdeu o bebê, mas sobreviveu. Os órgãos de Jessé foram doados.

 

‘Vi o acidente no Fantástico’


Em um tempo sem tecnologias como o celular ou MSN, o filho de Jessé ficou sabendo do acidente pela TV. “Vi pelo ‘Fantástico’. Demorou muito o socorro. Ficou um dia em coma. Em coma e morreu. Foi uma comoção, uma coisa louca. Era muito amado como é até hoje”. Marcelo descreve: “As pessoas me abraçam e choram quando lembram dele. Era o maior cantor de todos.” (JPF)

 

Tal pai, tal filho


Os dois interpretam, em períodos diferentes, a canção “If You Could Remember”. Jessé gravou a música quando era conhecido por Tony Stevens, nome artístico adotado nos anos 70. Tony Stevens (Jessé): http://www.youtube.com/watch?v=8liNR8T1IJY Marcelo Marks (filho de Jessé): http://www.youtube.com/watch?v=fNqpeiLz-uo

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