Tribuna do Leitor

Amigos reunidos


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Eu tenho sorte com amigos. Todos são da pá virada. Não tenho amigo molenga ou acomodado. O mundo precisa de gente assim, que faz e acontece. Pasmaceira é ver a banda passar e nada fazer. Os meus querem é tocar na banda. E tocam.

O Duílio, um incomodado professor; Regina Ramos maestrina do teatro; Chico Cardoso, mestre dos trens lá no Gaspa; Inês Faneco estoura que nem suas pipocas; Roque é nosso vereador de plantão; Madê ferve onde atua; Sivaldo sabe tudo de dança; Rose Barrenha resiste como aroeira; Tito é o folclore em pessoa; Denise canta e encanta; Aldo cava seu devido lugar; Manu é a voz do cerrado; Marcos Paulo último autêntico comunista; Ana Bia me aguenta como pode, Ademir Elias nota dez nos concursos da vida; Tatiana brincante dançante; Clodoaldo de jornada em jornada; Wellington irradia o novo dia; Neli dá o tom nos museus; George Vidal rege gosto musical; Rosa Tolon o tecla; Lázaro poetisa tudo; Audren irradia luz; Elson pega pesado; Luiza reza por todos; Carioca tonifica a Feira do Rolo; Kananga graceja com violão e voz; Vinagre produz e reproduz; Esso late de paixão; Ico pendura as cervejas; Dalva entorna cabeças; Laranjeira esculpe mentes; Néia e Geraldo trilham pelas brechas; Adilson reina na banca; Ralinho baqueteia forte e doido; Gaspar presta assistência; Tuim faz as contas; Michelly penteia e despenteia; Orlando aciona a moviola; Bordini é o consultor; Isaías o oráculo; Cléo a mãe do filho; Reynaldo a cara do time; Hilda a jornaleira da conversa alongada; Fernando templifica música e comida; Paulo Neves teatraliza os sonhos; Rafael os narra nos campos; o pai, irmãos e primos todos na lida e o filho, 18 anos, um pouco do que fui, sou e serei. Faltam muitos, a cabeça com o tempo fica mais lenta e esqueço de gente importante. Todos, os lembrados e os esquecidos fervem essa monótona cidade. Que seria de Bauru sem contumazes agitadores?

Eles se revezam nos aprontamentos. Nessa semana quem está em evidência são dois dessa imensa lista. Deixei-os para o final, pois dentro do rodízio das explosões provocadas por todos pelos quatro cantos de Bauru, esta semana, de 4 a 10/6 quem está em evidência são eles. Mariza Basso e Kyn Junior, ela atriz bonequeira e ele produtor agitador. Se separados já faziam e aconteciam, juntos são inigualáveis. Essa fervura que a cidade viverá na semana se deve a uma explícita provocação, verdadeira erupção vulcânica, instada pela mente santa e diabólica desses dois, inquietos como todos devemos mesmo ser e comprometidos até a medula com o ser, fazer e acontecer.

O II Festival de Teatro de Bonecos de Bauru começou como um distante e inatingível sonho, fogueirinha com poucos gravetos e só vingou com a ralação diária dessa intrépida dupla de arruaceiros, baderneiros, amoladores de faca, equilibristas da sorte, criadores de caso, vendedores de ilusões, apontadores de descaminhos, visionários e também lunáticos, mas muito eficientes e capacitados. Eles são a cara mais exata do que prezo e mantenho como verdadeiras amizades. Levantemos todas nossas mãos aos céus, pois se existe algo verdadeiramente de bom feito pelos lá de cima, essa um primor. Eu, para começar, me proponho a pagar a cerveja que ambos irão consumir durante a semana. É o mínimo que posso fazer em retribuição. E vocês? É gente dessa laia que move essa cidade para o caminho da não perdição.


Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História - www.mafuadohpa.blogspot.com

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