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Veterinário é o médico da família

Ricardo Santana
| Tempo de leitura: 7 min

Com os animais integrando a família, o médico veterinário é responsável atualmente pela qualidade de vida de todos em torno do bicho de estimação. O hábito das famílias é tratar o cachorro, gato, papagaio, coelho, tartaruga como a um ente muito querido. Dependendo da relação, até mais do que um parente.

O animal tem acesso irrestrito a casa como outro membro qualquer da família. Dorme na cama, tem seu cantinho, toma conta do sofá e não vive mais isolado em um quintal. Acabou a noção de animal de rua.

A coordenadora da Clínica Veterinária da Unip, a médica veterinária Silvia Helena Pereira Vergili Sgarbosa, ressalta que o veterinário passou a ser o médico da família. Segundo Silvia, o profissional integra o contexto de quem cuida da família. “Se o animal não está bem, a família não está bem. Cabe a nós veterinários solucionarmos esses problemas”, define.

Neste domingo comemora-se o Dia do Veterinário, importante profissional da área médica que cuida dos animais e também orienta com paciência os donos dos bichos de estimação.

A médica veterinária Ana Lúcia Geraldi, 39 anos, comenta que, antigamente, o tratamento para os animais era com remédios caseiros e muito precários.  Ana ressalta que essa realidade era da época dos pais dela. Atualmente, os animais utilizam as mesmas tecnologias disponíveis aos seus donos – ultrassom, tomografia computadorizada entre outros recursos –, fisioterapia e acupuntura.  Ela comenta que as pessoas mudaram a visão que tem do bicho de estimação com o avanço do conceito de posse responsável e a grita geral contra os maus-tratos a animais. Ana Lúcia avalia que a passagem de animal de estimação para membro ativo da família representa também um aumento de 8 para 15 anos na expectativa média de vida dos animais – cães e gatos. A médica veterinária cita que ter um animal em um apartamento tornou-se natural, inclusive com o mercado de alimentos pets desenvolvendo uma infinidade de produtos. Ana Lúcia cita a ração in door, própria para apartamento e que neutraliza o odor das fezes dos bichos. A médica veterinária destaca que também a castração passou a ser vista de maneira mais tranquila, como prática de preservação do animal.  

O irmão dela, Luiz Antonio Geraldi mantém uma relação especial com seus cachorros, três fêmeas da raça galgo whippet. Dominique, de cerca de 10 anos, pode-se dizer foi um resgate. Ela era animal de exposição e fascinou Luiz que já estava interessado na raça galgo whippet. Luiz foi insistente até descobrir que Dominique estava à venda. Entrou no carro e foi até Londrina (PR) buscar Dominique. A fêmea gerou dois filhotes lindos.

A família estava completa com o casal de galgo whippet. Certo dia Luiz saiu para ir ao supermercado convicto de que não haveria problema em deixar os filhotes irrequietos por algum tempo. A piscina foi blindada com uma rede e outros obstáculos para afastar os filhotes.

Luiz retornou e de pronto percebeu algo diferente na casa. Saltou na piscina de roupa, calçado, carteira e celular nos bolso, mas já era tarde. O filhote macho havia morrido e desta vez não deu. Acostumado a resgatar uma infinidade de cães junto com a irmã, a médica veterinária Ana Lúcia Geraldi, restou a lembrança do rápido convívio com um filhote muito esperto. A morte do animal não foi descuido dos donos, mas excesso de esperteza do curioso filhote. Posteriormente, chegou Martina para completar o trio de galgo whippet que é tratado por Luiz e sua esposa como filhos. Luiz conta que ganhou Martina de uma amiga.

 

Poodle demite empregada

Luiz já teve diversos cachorros. Um inesquecível foi um poodle que repentinamente desapareceu. A perda do cachorro fez Luiz tomar uma decisão dura. Ele demitiu sumariamente sua empregada. Ele conta que a família sempre teve o maior cuidado com portas, porque um animal de raça e bem cuidado é uma preza fácil sozinho na rua. O risco de alguém se encantar pelo bicho e levá-lo sempre existe, além de outros perigos.

Apesar das recomendações e dos cuidados, a empregada bobeou e o poodle saiu de casa. Se a relação de patrão e empregada tinha alguma diferença, o sumiço do cachorro bastou para Luiz dispensar os serviços da mulher.  A irmã de Luiz, a médica veterinária Ana Lúcia Geraldi avalia que o irmão aceita muita coisa, menos que maltratem suas cachorras.  

 

Vira-lata

Zulu, um cachorro vira-lata modificou a vida na casa do casal Ana Lúcia Geraldi e Camilo de Moraes Diegues. Ela é veterinária e tem uma clínica na quadra 11 da rua Monsenhor Claro, nas proximidades de sua residência. O casal tinha um coelho e cinco cadelas todas adotadas, a maioria em condição de maus-tratos. A preferência sempre foi por fêmeas. Acontece que Zulu chegou e bagunçou.

Certo dia, Ana cruzava a avenida Rodrigues Alves e topou com Zulu. Como de costume, abriu a porta e levou o cachorro para sua clínica, na época no Jardim Bela Vista. Cuidou do vira-lata e colocou mensagens nas redes sociais da Internet em busca do dono ou de alguém interessado em adotar Zulu. Uma pessoa apareceu e levou o vira-lata para o Parque Santa Edwirges a pé. Três horas depois, Zulu havia voltado para a clínica. Ana resolveu adotá-lo apesar da regra em sua casa aceitar apenas fêmeas.

Atualmente, Zulu vive em um harém com as cinco cachorras. Basta Camilo sair para trabalhar e Zulu toma conta do travesseiro do dono da casa. “O bicho é folgado. Mas é muito esperto”, comenta Ana. Camilo também aprova o novo membro da família.

 

Cada bicho em seu lugar

A solução para o veterinário não entrar em conflito com o dono de animal por hábitos não recomendáveis é o tratamento individualizado. A médica veterinária Silvia Helena Pereira Vergili Sgarbosa, coordenadora da Clínica Veterinária da Unip, avalia que, atualmente, prevalece o respeito à maneira do dono do animal tratar seu bicho de estimação como um familiar, desde que os hábitos humanos não coloquem em risco a saúde do bicho de estimação. 

Conforme Silvia, o foco do profissional permanece sendo o animal irracional. A mudança é na abordagem do veterinário com sensibilidade para entender o dono, que nem sempre articula de forma racional o jeito de lidar com os bichos. Assim, os novos profissionais da veterinária tratam cada família com uma atenção personalizada.

O veterinário tem que estar seguro de que o proprietário do bicho irá cumprir as orientações médicas para executar a rotina do tratamento. Também especula se as condições familiares vão propiciar os cuidados com o animal, como administrar remédios em dosagem e no tempo certo e se há alguém constantemente cuidando do animal doente. Ou seja, não basta informar que o bicho necessita tomar remédio.

Silvia esclarece que os profissionais incorporam ao dia a dia a realidade de que os animais passaram a integrar o grupo familiar. No entanto, o médico veterinário deve alertar aos proprietários dos riscos de alguns hábitos que podem ser nocivos à saúde do bicho.

A professora e médica veterinária veta determinadas práticas típicas dos seres humanos da família, porém inadequadas para a saúde dos animais. Ela exemplifica com o hábito do consumo de iogurte após as refeições e pizza no final de semana.

 

Mundo pet

O universo de produtos com a chancela “pet” só cresce e colocou na lista de compras da família os mimos dos animais de estimação. De rações específicas, o mercado para animais de estimação explodiu na última década. Os bichos têm uma sessão específica em qualquer supermercado de médio porte.

Nas prateleiras há uma variedade imensa de alimentos, suplementos e petiscos. Brinquedos aquecem a relação dono-bicho de estimação.  Os pet shops já estão em toda parte de Bauru com serviços de higiene, tosa e embelezamento dos animais, conjugado com boutiques para gatos e cachorros principalmente.

Há de tudo na moda pet. Na sessão cama, mesa, banho e móveis também não faltam novidades. 

Os serviços estão em expansão, com hotel e canis. Na rua Itacuruçá, no Parque São João,  com grande movimento do comércio na Vila Industrial, uma clínica oferece serviço de psicologia canina, confirmando a força do segmento pet que só cresce. 

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