Carlos Drummond de Andrade escreveu em seu poema Sete Faces: "Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração." Mas o que diria o poeta de Itabira sobre o mundo de hoje? Seríamos ou somos todos Raimundos querendo ser a rima e não a solução? Novamente, sem mente tão nova, o homem propagou, alardeou, gritou, explorou o fim do mundo! No entanto, houve ou não o fim?
Não sei se você é da época de ficar triste na hora em que aparecia na tela do cinema os ultimatos e tristes dizeres: The end. Eu sou. Vi muitos filmes do Tarzan, de Chaplin, de Jerry Lewis nos quais o fim aparecia, era um fim com vontade de quero mais, a sétima arte sempre me seduziu! Dizem que somos escritores e protagonistas de nossa própria história, então, podemos fazer o início, o fim e o meio, Raulzito? Não necessariamente nessa ordem, creio que possamos. A verdade é que o fim do mundo é o meio pelo qual as pessoas mudam o início.
Parece-nos que podemos crer até o fim nas pessoas, que nada vai mudar. Por exemplo, para o arquiteto, a morte de Niemeyer é o fim do mundo? Não, é um início para a superação, para paradigmas serem quebrados quanto às ideias do gênio criador de Brasília. O mundo já foi Millôr, não. Zoya Silva? Em "A morte da tartaruga", mestre Millôr, que era para ser Milton, mas o escrivão ao nome deu fim, apresenta a moral de que "O importante não é a morte, mas o que ela nos tira." Evidente, doce gênio amargo Millôr Fernandes, o que será de nós sem você, ou como diria o filho de Dona Canô: "E agora, o que faço eu da vida sem você?".
O mundo está no fim: Eric Hobsbawn, Joelmir Betting, Niemeyer, Chico Anysio, entre outros, "viajaram fora do combinado", como diria Rolando Boldrin em seu ótimo Senhor Brasil, na TV Cultura. Esses gênios nos deixaram mais órfãos, pois já o somos de nossos tempos de outrora, somos nostálgicos, nevrálgicos, trágicos, enquanto que esses ícones nos tornavam mágicos!
Entretanto, o mundo acabou ou não? Acabou o mundo em 2012? Sim, encontramo-nos em 2013, desejamos há poucos dias feliz ano novo, mas o que é novo, será que a novela "vale a pena ver de novo"? Será que capitalistas não aumentarão os preços? Sim, aumentarão, pois o mínimo aumentou, virou salário, no mínimo, mínimo. Por conseguinte, aumentam-se as tarifas, os juros, as taxas, mas alguém diria: "as estradas estão lotadas!", as pessoas estão com dinheiro! Não, as estradas estão cheias de vazios em que não se pensa agora, é o começo de sempre que todo o mundo sabe o fim, não importam os meios. Há um merecimento que ultrapassa o mérito na mente, que não é nova novamente, de cada ser a quem importa o tão somente mente só ter!
Afinal ou a final, o mundo acabou para quem fez 18 anos, agora haverá responsabilidades jamais sentidas. O mundo acabou para os pais que tiveram a imensa alegria de ver o filho ingressar em uma universidade fora de sua cidade, o mundo acabou para a noiva que sonhava em adentrar o altar de branco, mas na hora do "sim", deu branco. O mundo acabou para quem perdeu o emprego, ainda não há vagas! O mundo acabou para quem ficou sem a "Carminha", para o palmeirense que teve a estima, momentaneamente, rebaixada. O mundo acabou em títulos para o corintiano, enfim! O mundo noroestino acabou sem Damião Garcia?
Acredito que haverá começos que parecerão fim e meios que no fim não tiveram um bom começo, mas esse tal de ser humano, esse indivíduo que é pessoa, vai acabar mesmo é prorrogando o fim, vai rir dos fins de tarde, vai esperar os fins de semana, vai vibrar com o fim de um problema, sabe que as contas não terão fim e que no fim, antes do The end, "Vai ser gauche na vida!". Enfim, dois mil e treze têm treze letras". Aí sim seremos surpreendidos novamente! "Com mente nova? Excelente 2013!
Prof. Sinuhe Daniel Preto