Antes de reclamar e se seu quintal for de terra, apanhe uma pá, faça um buraco e enterre seu pessimismo. Se não, jogue-o no vaso sanitário e aperte o botão da descarga. Pronto? Agora podemos conversar. Não bastou nascer chorando? Vai chorar o resto da vida? Continuar reclamando por achar que coisas só acontecem com você? A vida é um rio. O rio corre pro mar. O mar é muito grande. Então a sua vida é muito grande. Não a desperdice por causa das bobagens na cabeça. Não culpe Deus porque as coisas acontecem contrárias à sua vontade. Não se reprima! Use a sua criatividade, seja proativo! Faça acontecer do jeito que você as quer. Já ouviu falar que alguém foi vítima da vida? A vida não faz paciente. Faz homens! E ele se afunda com o desânimo, egoísmo, a preguiça e os outros pecados capitais.
Coisas só acontecem com você? Nunca leu as que aconteceram com Machado Assis, nosso maior escritor de contos e poeta? Era pobre, míope, gago e epilético. De Vitor Hugo que por psicose ficava até 14 horas em pé escrevendo "Os miseráveis"? Que o gênio só escrevia em pé? Do grande Pablo Neruda que tinha a mania de escrever só com tinta verde?
E você a reclamar das coisinhas que acontecem com você! Tem hora na vida que a gente não pode ser poeta. Tem que ser limpador de chaminés e assoprar as nuvens negras pro sol entrar. Tem que ser gigante a desbloquear os caminhos pro rio chegar ao mar. Coisas acontecem e muito piores e as desconhece. Ao seu lado e não as vê. Ou finge. Do outro lado do mundo e a Internet mostra. Bata na boca pra parar de reclamar! Pense mais nos outros e um pouco menos em você, e achará o leito do rio que você é. Águas calmas e serenas a levar as frustrações que inventou e os desejos inconcebíveis pro buraco do quintal ou pro vaso sanitário. Deseje as coisas que nasceu pra alcançar.
As que acontecem "só com você" são decorrentes da insegurança a que se impôs. Não nasceram com você. Os rios não param. Você é um rio. Acorda! Não é a vida que o leva. É você que a conduz! Pro jogo da existência. Vai! Vira o jogo. Se estiver no 1º tempo ainda tem o canal alongado pra conquistar as suas coisas. Se já for o 2º tempo, nade com mais calma sempre a sorrir até chegar ao oceano. Não continue chorando como ao nascer. Rios não choram. Ninguém vai dar tapinhas na sua bundona. Sou idoso, 86. Sou rio bem perto do mar. As coisas que ainda me acontecem é Deus quem me trás. Deus mora no mar.
O autor, Munir Zalaf, é escritor e palestrante