O tacógrafo da carreta que, segundo laudo pericial, invadiu a pista contrária e colidiu contra ônibus no acidente de Ibitinga (90 quilômetros de Bauru) na semana passada, estava com o tacógrafo vencido desde agosto deste ano e, por isso, não poderia trafegar. O equipamento foi destruído após a colisão, mas é possível fazer consulta através da placa em site do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
A irregularidade no tacógrafo do caminhão foi apontada pelo coordenador do SOS Estradas - Programa de Segurança nas Estradas, Rodolfo Alberto Rizzotto. “Estava irregular, ou seja, não tinha condições de estar rodando”, afirmou.
O equipamento é capaz de registrar, de forma instantânea, a velocidade e distância percorrida pelo veículo, além de precisar há quanto tempo o motorista está dirigindo. No caso da tragédia em Ibitinga, que matou 13 pessoas entre professoras e estudantes com 15 e 17 anos de uma escola estadual de Borborema, mesmo que o equipamento não tivesse sido incendiado, não seria possível, diante da irregularidade, usá-lo como objeto de investigação.
“O tacógrafo pode ser usado para determinar as causas do acidente, identificar a velocidade do veículo na hora da batida e, também, se houve freada brusca no momento da colisão”, explicou o membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) Jefferson Oliveira.
Ilegal
Com os dados das placas do caminhão, BWC8794 - Novo Horizonte -, acessando o site www.cronotacografo.inmetro.rs.gov.br, na opção certificados, foi possível consultar que o equipamento, com número de certificado 999000000002983790, havia sido expedido no dia 18 de setembro de 2012, com validade até o dia 27 de agosto deste ano, exatamente dois meses antes do acidente.
“O Inmetro dá prazo de dois anos para a troca do equipamento. Nessas condições, o caminhão não poderia estar rodando. Esse veículo está ilegal”, reforçou Oliveira.
Em uma fiscalização, por exemplo, caberia dois tipos de penalidade: autuação de trânsito ou penalização metrológica. “O valor da multa de trânsito chega em torno de R$ 192,00. Porém, o policial rodoviário pode reter o veículo, até que o proprietário faça a regularização do equipamento”, observou o membro do Contran.
Acidente
O acidente ocorreu no final da noite de segunda-feira (27), na rodovia Deputado Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304), em Ibitinga. O ônibus, que voltava de uma excursão cultural em São Paulo, seguia no sentido Ibitinga-Borborema e levava 40 passageiros.
Na altura do quilômetro 368, colidiu lateralmente contra o caminhão carregado com 27 mil litros de óleo vegetal e que trafegava no sentido contrário. Treze pessoas, entre professoras e alunos com 15 e 17 anos de uma escola estadual de Borborema, morreram na tragédia.
O acidente está sendo investigado pela Polícia Civil de Ibitinga. Até ontem, nenhum dos dois motoristas envolvidos na tragédia havia sido interrogado pelo delegado Carlos Alberto Ocon, responsável pelo caso.