O célebre comediante Roberto Gómez Bolaños, criador do Chaves e Chapolim, morreu aos 85 anos na tarde desta sexta-feira (28) informam os veículos locais. Roberto Bolaños nasceu na Cidade do México em 21 de fevereiro de 1929. Começou a carreira como redator publicitário e nos anos 1950 passou a escrever roteiros para programas de comédia e cinema. Sua estreia como ator foi em 1960, no filme "Dos Criados Malcriados".
Ganhou o apelido Chesperito do diretor Agustín Delgado, primeiro a rodar um roteiro escrito por ele. O cineasta considerava Bolaños "um pequeno Shakespeare", que fazia historias semelhantes às do escritor inglês. Em 1968, passou a escrever o programa "Los Supergenios de La Mesa Cuadrada", onde estreou como ator na televisão.
Em 1970, ganhou um programa próprio, batizado com seu apelido. No mesmo ano, o personagem Chapolin Colorado estreou na atração. No ano seguinte, "Chaves" foi ao ar pela primeira vez. Após o fim de "Chesperito", em 1973, Chaves e Chapolin ganharam programas independentes, que duraram até 1979. "Chesperito" voltou a ser exibido em 1980, mantendo-se na grade por 15 anos.
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O criador do Chapolim Roberto Gomez Bolaños morreu hoje, segundo Televisa |
Em 1984, o SBT passou a exibir "Chapolin" e "Chaves". Este último passou a ser uma espécie de "levanta audiência" na emissora de Silvio Santos. A série foi retirada da programação algumas vezes, mas hoje é exibida de segunda a sexta-feira.
Bolaños foi casado com a escritora Graciela Fernández, com quem teve seis filhos, entre 1958 e 1977, ano em que assumiu o relacionamento com a atriz e escritora Florinda Meza, a dona Florinda de "Chaves". Eles oficializaram a união em 2004. Há alguns anos, eles vivem em Cancún, em uma casa próximo à Lagoa de Nichupté. O local fica livre do assédio da imprensa mexicana.
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Saúde de Bolaños estava frágil há anos |
Desde 2009, o estado de saúde do comediante era instável. Ele precisou operar a próstata e, por conta do procedimento, deixou de andar. Desde então, diversos boatos sobre sua morte são divulgados. Ao completar 85 anos em fevereiro, um parente próximo de Bolaños disse que o ator tinha acompanhamento médico 24 horas por dia.
Chaves se consagrou como fenômeno mundial e atemporal
Foi sem querer querendo que Chaves se consagrou como fenômeno mundial e atemporal. De conteúdo inofensivo, o programa agarrou um sem número de gerações, nos mais variados cantos do planeta, por décadas a fio, com uma linguagem universal e sobretudo passiva. Não é preciso pensar em nada para se deixar hipnotizar por um conjunto de diálogos diretos, sem rodeios e escoltados em uma quase mímica que só endossa o recado dado na tela. Qualquer criança de qualquer faixa social e ambiente há de entender e rir de um roteiro em que o anti-herói, aparentemente vitimado pela falta de recursos, menino crescido que só um barril possui como residência, sempre acaba por se dar bem no final.
Isso, sim, mais que conseguir o afago dos vizinhos com um prato de sopa, consola a plateia, sempre ávida por um final feliz. E, se as crianças apreciam a repetição, como de fato apreciam, ali está um banquete para quem se apoia na segurança de saber o que vai acontecer na próxima cena. A previsibilidade, item condenável em roteiros bem elaborados, é um trunfo em Chaves. Assim, tanto faz se o SBT tinha apenas 30 ou 90 episódios para revezar no ar ao longo de todos esses anos. Todos eles seguem uma única lógica.
A condição de fenômeno é ainda mais exacerbada se considerarmos que muitas das crianças que se deixaram entreter pelo personagem não o abandonaram de sua memória afetiva com o passar dos anos. Formou-se daí uma legião de fãs entre marmanjos barbados, e os meninos, mais que as meninas, trataram de eternizar o ídolo para além de seus 20 e poucos anos.
Mas, se a linguagem direta explica sua universalidade e atemporalidade, como entender o potencial do produto para uma plateia infantil hoje habituada aos mais tecnológicos cortes de edição, às mais clipadas mixagens de cores e sons, do mundo dos games à própria TV? Afinal, Chaves é, com louvor, uma produção de estética tosca, com cenografia e figurino propositalmente fake, com áudio e textura de imagem estagnada nos anos 80. Das bochechas enxertadas do menino mimado Quico, aos suspensórios maltratados de Chaves, tudo é carregado de estereótipos.
É o enredo que vem pronto, mastigado e sem necessidade de legenda que explique a piada, para fazer menores e maiores rirem - uns pela graça da situação, outros, pelo ridículo ali encenado. Por um motivo ou por outro, loas a Roberto Bolaños: seu anti-herói é referência inconteste para a TV mundial e já inspirou muitas tentativas frustradas de imitações. Clonar a simplicidade, no entanto, parece obra mais complexa do que copiar enredos repletos de atalhos e pretensões. Chaves, ao contrário, salva sua alma e eleva os ânimos da plateia justamente pela despretensão, o que salta aos olhos nos quesitos de cenografia, já citada aqui, e da linguagem direta, o princípio de tudo.
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Roberto Gomez Bolaños como Chavez |
FRASES FAMOSAS CHAVES
"Foi sem querer, querendo"
"Ninguém tem paciência comigo"
"Tá bom, mas não se irrite"
"Isso, isso, isso"
"Pipipipipipi"
"Já chegou o disco voador"
"Ai que burro, dá zero pra ele"
"Teria sido melhor ir ver o filme do Pelé"
"A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena"
"É tudo culpa do professor linguiça!"
"Prefiro morrer do que perder a vida"
"A que parece de limão, é de groselha e tem gosto de tamarindo. A que parece de groselha, é de tamarindo com sabor de limão. E a que parece de tamarindo, é de limão com sabor de groselha"
"Volta o cão arrependido, com suas orelhas tão fartas, com seu osso ruído e com o rabo entre as patas"
FRASES FAMOSAS CHAPOLIM
"Não contavam com minha astúcia!"
"Sigam-me os bons"
"Palma, palma, não priemos cânico"
"Se aproveitam de minha nobreza"
"Suspeitei desde o princípio"
"Todos os meus movimentos são friamente calculados"
"Pepe, já tirei a vela"
DOUTOR CHAPATIN
"Isso me dá coisas"