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| Paulo Sérgio Simonetti em entrevista no Jornal da Cidade |
Neste sábado, no Espaço Cultural da 94 FM, o jornalista Paulo Sérgio Simonetti lançou oficialmente o seu terceiro livro: Joanin. Trata-se da biografia do empresário e pioneiro da comunicação no interior da América Latina, João Simonetti.
Para contar as principais passagens do avô, o jornalista se valeu das próprias memórias e das recordações dos parentes mais velhos, além de ex-funcionários e pesquisas em jornais da época.
João Simonetti veio da cidade de Dois Córregos e, em Bauru, começou a realizar seus feitos, que vão desde a marcenaria ao teatro, cinema, rádio... até colocar Bauru na história da comunicação com a inauguração da primeira televisão do interior da América Latina: a TV Bauru Canal 2.
Como descreve o jornalista Luciano Dias Pires no prefácio da obra, Paulo Sérgio conta a vida do avô com paixão, em linguagem direta e intimista.
“Eu vejo nele o pioneiro. Aquele que sai na frente e quem quiser que venha atrás. Ele foi o responsável pela primeira televisão do Interior na América Latina, e com programação local. Isso é um feito muito grande”. Leia os principais trechos da entrevista, a seguir.
Jornal da Cidade – Quando você decidiu escrever a biografia?
Paulo Sérgio Simonetti - Minha família, parentes e amigos viviam me cobrando. Eu fiz mestrado, doutorado, mas nunca havia feito um trabalho de pesquisa sobre a minha família ou sobre o pioneirismo do meu avô. O último acontecimento que me despertou para a certeza de que eu precisa escrever o livro foi o chamado de um primo, Paulo Afonso Simonetti, que estava com uma caixa deixada pelo pai dele, meu tio Rafael Simonetti. A caixa continha uma riqueza histórica impressionante. Com todo esse material nas mãos, eu arrebentei. Fui embora e fechei o livro. O texto está pronto desde 2014, praticamente na mesma época em que foi lançado o meu segundo: “Esporte Clube Noroeste – 104 Anos de um teimoso”. Eu resolvi esperar um pouco para esgotar o segundo livro antes de lançar o terceiro, com mais calma.
JC – Além do acervo histórico, o conteúdo deve ter muito das suas lembranças.
Paulo Sérgio - Muito mesmo. Fui colocando o que eu lembrava e as coisas foram acontecendo. Eu acompanhei muita coisa do meu avô. É uma biografia feita por alguém que conviveu com o João Simonetti como neto. E, falando dele, eu também falo um pouco sobre política e, principalmente, sobre comunicação, além de muitos outros temas. Ele sempre foi um homem à frente do seu tempo, um pioneiro. Familiares também ajudaram. Também ouvi muitos ex-funcionários.
JC - “Joanin” é uma fonte de pesquisa...
Paulo Sérgio - Principalmente para estudantes de comunicação e historiadores. O livro cita vários jornais da época com suas realizações, shows, espetáculos, a PRG-8 Bauru Rádio Clube, que ficava no espaço onde hoje é a TV Tem. A PRG-8 data de 1934 e começou na rua Primeiro de Agosto. O livro também está muito bem ilustrado.
JC – O que mais as fotos e as palavras contam?
Paulo Sérgio - A história dele [João Simonetti] em Bauru é uma sequência de novidades. Ele foi o primeiro a fazer teatro, cinema falado, leite pasteurizado, rádio... Ele começou sendo marceneiro. Tinha loja de móveis junto com a família Biancardi. Teve loja de móveis. Antes mesmo do rádio, ele teve uma experiência de comunicação oral com projeção de slides e comerciais, o que chamou a atenção na época. E o auge dele foi a televisão, inaugurada oficialmente em 1960. Ele também foi ligado à política, presidente do PTB em Bauru e recebia figuras importantes no cenário nacional em sua casa, como Getúlio Vargas.
JC – A biografia também tem polêmicas?
Paulo Sérgio - O livro traz algumas, sim. Entre elas, a crise da Bauru Rádio Clube, a implosão da PRG-8, os problemas contábeis, as dificuldades financeiras e administrativas e a divisão da grande família de italianos. Eu fiz questão de ser franco e aberto. O jornalista Fernando BH escreveu que este livro é uma reconciliação do jovem Paulo com o vô João. Eu digo mais: é uma realização pessoal.
JC – Reconciliação?
Paulo Sérgio - Eu tive uma vida muito ligada com meu avô quando criança e adolescente. Na juventude, quando eu inclusive comecei a atuar mais na rádio, houve uma certa cisão na parte administrativa. Eu fiquei de um lado e o meu avô do outro. Se você me perguntar o que faltou no livro, eu vou dizer que foi o Paulo Sérgio Simonetti adulto ter vivido mais com o João Simonetti. Esta é uma lacuna do livro.
JC – Pretende escrever um quarto livro?
Paulo Sérgio - Eu não quero [risos]. Eu não sei o que deu na minha cabeça para começar a escrever. Sou um homem da latinha, como se diz, do microfone. Não sou de escrever. Mas me deu um estalo quando comecei a reler as minhas crônicas para o site da 94FM. Eu percebi que estava contando uma história, sem querer. Percebi que o Damião Garcia iria embora. Então juntei os textos em uma sequência que deu começo, meio e fim. Nasceu o “O Noroeste na Era Damião”.
