O título deste artigo é parte de uma das várias frases pinçadas pela líder política do Reino Unido, Margareth Thatcher. Ela disse: “Estar no poder é como ser uma dama. Se tiver que lembrar às pessoas que você é, você não é”. Esta frase representa bem a leitura que os agentes econômicos têm feito do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Seu comportamento à frente do Ministério de Planejamento e seu pensamento no tocante à condução da política econômica brasileira não trazem confiança. Demonstrou até aqui que seu pensamento econômico está mais para a heterodoxia do que para ortodoxia, sendo um dos principais pilares desta diferença o fato de não incorporar o controle fiscal como base da condução da economia.
Nestes últimos dias, o ministro, recém-empossado, tem feito de tudo para dar a ração que o mercado deseja, mas a desconfiança é de tamanha grandeza que mesmo respondendo “para torcida”, ou seja, dando respostas dentro do esperado pelos arguidores, não convence. O mercado precifica isso, tanto é verdade que alguns indicadores voltaram a ser pressionados, notadamente a Bolsa de Valores e o mercado cambial.
A leitura é que o ministro Barbosa estará mais próximo das estratégias governistas que indica certo afrouxamento da política fiscal. Com pouca determinação em cortar gastos, tolerante com baixos resultados das contas públicas, cairá na vala comum do aumento de tributos. Evidentemente que boa parte do ajuste já foi realizada, até então conduzido pelo agora ex-ministro Joaquim Levy, mas a condução com mão firme daqui para frente terá que ser exercita pelo atual ministro da Fazenda. E aí que preocupa.
Algumas perguntas deixem os agentes econômicos incomodados: o país cumprirá a meta fiscal fixada? Cederá as pressões políticas? Virão novos tributos? O controle da inflação será firme? Será retomado o frágil modelo de crescimento alicerçado em consumo? Haverá sobras de recursos para investimentos?
São políticas que permitirão ou não ao país ir na direção da sustentação do crescimento econômico. O nível de investimentos do país está aquém de suas reais necessidades e somente com discurso este quadro não será revertido. É preciso resgatar confiança e isso virá com ações firmes.
Seria muito mais fácil conduzir o destino da economia se quem está no comando não precisasse provar nada a ninguém, isto é, dissesse a que veio. Mas ficou mais que evidenciado que a verdadeira colcha de retalhos em que se transformou o atual governo, pensar em alguém que possa operar tecnicamente a economia, sem interferência política, é praticamente impossível.
Como não tem o que fazer a conclusão é: isso que temos para hoje. Quem precisa muito provar, não prática não é. Quem sabe o tempo desminta esta minha leitura. Em ambiente de Natal e lembrando o saudoso jornalista Célio Gonçalves, “oremos”!
O autor é economista e articulista do JC