O vinho é uma tradição dos Casagrande desde a época do nono, conta Marisa Casagrande, hoje administradora da propriedade. Ela e o marido Edmilson herdaram o sítio de Arcides Casagrande, sogro dela. “Os nonos tinham dois filhos, o Anério e o Arcides. Desde que eles chegaram ao Brasil, sempre produziram vinho para o consumo da família.”
O Arcides, que morava na propriedade rural, se dedicou à marcenaria e aos cuidados com a terra, enquanto Anério se juntou ao sobrinho Edmilson e passou a cuidar da uva. Em 1989, o Edmilson e o tio ampliaram as variedades de uva e continuaram com a tradição de produzir vinho. “Na época, o sítio tinha outras variedades de uva, como Itália, Rubi, Niagara, Virginia de onde eles faziam o vinho. O Anério morreu há seis anos. Até então, a produção era para consumo da família e amigos.”
Em 2005, Edmilson Casagrande, que é agrônomo, ampliou uma área da propriedade e destinou para a plantação de uva para vinho, de olho no futuro. “Percebemos que teria um mercado para isso. Ele foi atrás da variedade Máxima para produzir vinho tinto. Após pesquisar, ele encontrou a uva Máxima, que se deu bem no solo e no clima daqui.”
Atualmente, a propriedade tem três tipos de uva; Niagara rosada e branca, Isabel, específica para suco, e a Máxima. “Temos algo em torno de um e meio alqueire destinado para vinho e suco e dois de uva Niagara. Temos por volta de seis mil pés de uva, até um pouco mais.”
Cada pé de uva gera cerca de dois quilos de fruta. “Esse ano está atípico. Tivemos muita chuva e tempestades em setembro. Os ventos quebraram os galhos com flor. Tivemos perdas. A safra deve ser bem reduzida em relação ao ano passado. Cada pé deve gerar cerca de 1 quilo de uva. No ano passado, produzimos 8 mil quilos. Este ano, estamos calculando uns 6 mil. Para o vinho, são destinados 4 mil quilos, suficientes para fabricar 3 mil litros de vinho, que foi a produção do ano passado.”
Marisa Casagrande explica que este ano teve que fazer uma poda drástica nas parreiras. “Precisava fazer uma manutenção. Este ano não vou ter uva para vinho. Fizemos uma poda radical para que no ano que vem as parreiras tenham galhos fortes e voltem a produzir como no passado.
O vinho “queridinho” dos consumidores, segundo ela é tinto suave. “O brasileiro não tem o hábito de consumir o vinho seco, que é o puro. Ele consome o adocicado. Temos o tinto seco e suave e o branco. Todo vinho é feito seco, depois de pronto, é adicionado. Com a adição de açúcar se faz o suave.”
Espaço enogastronômico
Um espaço dedicado aos italianos da região com vinho e iguarias. Aos domingos tem macarrão da mama, feito com massa caseira, explica Marisa Casagrande. “O cliente conhece a plantação de uva e pode almoçar por aqui. Tudo feito por nós mesmos. Estamos resgatando a história da família. O vinho que estamos vendendo este ano é da safra 2011.”
Presunto Parma é produzido no bairro
A Rocinha está fabricando presunto tipo Parma, festeja a família Casagrande. “Estivemos na Itália e apreciamos muito a iguaria. Chegamos aqui e meu marido começou a fabricar com seis peças. O porco é inspecionado e vem de Santa Catarina. Demora quase dois anos para ficar pronto. Em dezembro passado ficaram prontas as primeiras peças. Já temos peças prontas com 20 meses de maturação.”