As eleições municipais deste domingo destinadas a eleger, provavelmente em dois turnos, o prefeito e a investir em turno único os vereadores constituem evento solene e ritualisco que configura um bom momento de festa democrática. Precedida de curto período de publicidade eleitoral bastante restritiva e com proibição de doações empresariais, os candidatos dificilmente conseguiram contatar direta e pessoalmente o universo de eleitores. Essas restrições todas talvez possam obstar ou dificultar o voto livre, consciente e conseqüente de cada eleitor e, também, podem estimular número surpreendente de abstenções, o que significa momentânea e desagradável recusa ao exercício da cidadania.
Com certeza cada candidato desdobrou-se para atingir o maior número possível de eleitores levando suas mensagens e propostas a todos eles. Entretanto essa impossibilidade física de atingir a todos poderá elevar os índices de abstenções a números alarmantes e isso não é bom para nossa experiência democrática. De outra parte paira sobre os candidatos locais uma nevoa generalizada de desconfiança e falta de credibilidade em face dos trágicos escândalos federais e serão os candidatos de amanhã que injustamente pagarão esta primeira fatura, a moda do holandês que vai pagar pelo que não fez. Isto não suprime o brilho e a importância da festa que significa, como sempre, experiência real e concreta do aprendizado democrático.
A publicidade eleitoral apesar das limitações de lei e principalmente da falta de recursos transcorreu com total liberdade e responsabilidade, mantidos respeito e cordialidade dos candidatos, exemplo vivo e concreto da boa prática democrática que estamos aprendendo a cultivar, com destaque para ausência de promessas mirabolantes, de fraudes e mentiras. Os candidatos, todos eles sem qualquer exceção, comportaram-se com os pés no chão, sem agressões e sem abusos.
Sem dúvida estamos tendo eleições livres e limpas, garantido o sigilo de cada voto, bem marcado e revelado que na cabine eleitoral cada eleitor se manifesta livre e soberanamente ao expor sua manifestação eleitoral que somadas majoritariamente às outras iguais apontarão os vencedores.
Bom destacar que os candidatos são homens e mulheres que se dispõem a servir a causa pública, privando-se de atividades profissionais, das relações pessoais ou familiares e isto faz deles verdadeiros e diferenciados servidores da causa pública que ganhando ou perdendo, com mais ou menos sacrifício merecem consideração e respeito de todos enquanto se ofereceram sem nada exigir como legítima opção eleitoral. Numa eleição não há perdedores. Embora a vitória seja individual e exclusiva aqueles que não lograram alcançá-la estarão gratificados pelos votos recebidos e saberão valorizá-los porque espontânea e livremente obtidos, sem ameaças e sem retaliações, conforme a prática democrática. Enfim, estamos amadurecendo com bom nível e velocidade.