O ninhal da cultura é a família, educadora-mor, que transmite valores usos e costumes advindos de geração para geração. É em família que a sinapse da história acontece, na sequência ritmada entre o partir e o chegar, onde o homem tece o elo da herança cultural e o presente recebe o passado e a história vai sendo construída, ora a falar de ruínas, ora de flores É a família, o grupo, a tribo, que ao deambular do tempo, registra usos e costumes que vão se arraigando na alma de seus sucessores.
De nada adianta querer resgatar usos e costumes se não foram gravados na alma durante a infância. De nada adianta incentivar uma cultura fantasmagórica, onde não existiu a convivência.
Projetos culturais mirabolantes servem apenas para registrar ações políticas. Urge resgatar a herança cultural através do conhecimento, assim como se torna imperativo iluminar a história para que a juventude idolatre os usos e costumes de sua terra e sua gente.
A cultura de uma nação se mede através do comportamento da população, portanto, imperativo conhecer a importância do zelo pela escola, do respeito aos mestres, da conservação do patrimônio público, enfim, conviver com regras de educação básica. A cultura é um conjunto de atitudes que vão se aglutinando no dia-a-dia e, jogar papel no chão, chutar latas de lixo, rabiscar muros, maltratar animais, utilizar linguagem chula e ofensiva, são atitudes que denotam claramente ausência total de educação e nítida ausência de bons hábitos, além de escancarada falta de cultura. Quando avaliamos um povo, logo observamos seus jardins, praças, caminhos, escolas, o modo de vestir, falar e tratar seu semelhante.
Um povo que após a festa descarta o lixo sobre os canteiros da praça, que adoece por falta de água e sabão, sem escolas de qualidade e que sobrevive as custas de migalhas de um governo corrupto e falido, dificilmente conseguirá escrever a própria história. E de nada adianta incentivar pantomimas se a alma resta insatisfeita, sem rumo certo e em estado de agonia.
O maior projeto cultural é aquele que resgata a alma e o coração da infância! Esse resgate há de ter início no berço, no lar, e não nas ruas abraçado ao abandono.
Não podemos falar em cultura sem priorizar o alicerce de sustentação de um povo que é a educação advinda do convívio familiar, pois às escolas cabe oferecer instrução. Uma educação de faz de conta, onde a criança é descartada antes dos mil dias de amor, sepulta a cultura em cova rasa e faz abrolhar almas em estado de aflição a transbordar violência!