Opinião

A escola dos parafusos frouxos

Lucas Dias
| Tempo de leitura: 2 min
B No passado, o privilégio à instrução escolar era um bem exclusivo das classes dominadoras. Com o advento da revolução industrial e tecnológica, tornou-se necessário dar um mínimo de instrução às camadas mais pobres da sociedade, a fim de alimentarem a crescente fortuna dos mais ricos, realizando, assim, serviços menos nobres. Essa necessidade fez surgir às escolas públicas, que, inicialmente, ensinavam a importância de saber ler, escrever e realizar cálculos matemáticos básicos, dando a seu público a utópica promessa de uma futura estabilidade financeira, mesmo que fosse numa fábrica de patos infláveis, apertando parafusos frouxos.
Ao contrário das escolas das elites que, de modo genérico, formam os que dominarão os meios de produção, a distribuição da riqueza social, os bancos, o comércio, a indústria e a terra; a escola pública se preocupa em produzir somente, em escala industrial, o operário capaz de evitar que as mãos macias de seus patrões calejem. O trabalho, que era somente "coisa de escravo", continuou a sê-lo até hoje, quando o escravo da antiguidade se tornou no escravo moderno, o assalariado.
A juventude, envolvida nesse círculo de alienação, dificilmente escapará do destino robótico já determinado pelo sistema. E, quanto mais o futuro abraça o presente, a mocidade - meio livre, meio alienada - mostra-se, ao fim, completamente presa e submissa às hierarquias verticalizadas da vida. Perdem, de forma dramática, a humanidade e o senso de justiça.
A classe operária deve, sem intervalos e medos, questionar e combater esse sistema escolar que condicionará, ainda mais, a nossa juventude à liberdade débil e sem contexto pedagógico; liberdade essa que nos foi apresentada numa suave imposição - como doces oferecidos por um maníaco - dando ao povo uma falsa promessa de autonomia que, através das canetadas de um vampiresco ditador, instituirá nessa pátria do "faz-de-conta" a perpétua senzala dos analfabetos funcionais. Lembrem-se, caros leitores, se os parafusos do sistema continuarem frouxos, toda essa estrutura poderá, um dia, entrar em ruínas. O futuro e seus parafusos enferrujados estão em nossas mãos.
 

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