O Fundo Monetário Internacional (FMI), do qual o Brasil é membro, tem como objetivo atuar na regulamentação do sistema financeiro internacional. Monitora o funcionamento das economias mundiais e trabalha no sentido de evitar desequilíbrios tanto no setor financeiro como cambial, os quais podem levar a prejuízos no comércio internacional, isso sem contar outras importantes atribuições.
Aqui no Brasil nos vêm à memória os socorros financeiros na década de 1990. Sem reservas financeiras em moeda estrangeira na magnitude necessária, o FMI foi o financiador do encurtamento dos ciclos econômicos mais duros que o Brasil enfrentou. O choque especulativo de 1999 é exemplo mais recente. Naquele momento o Real se depreciou acentuadamente frente ao dólar e a ajuda do FMI foi inevitável.
Quando o FMI auxilia um determinado País impõe certas regras e controles, sempre com uma receita que pode ser definida como ortodoxa, ou seja, segue a lógica de que as políticas fiscal, monetária e cambial devem ser austeras, e somente a partir dos ajustes do setor público é que seria possível levar a economia a sua plena recuperação. O Brasil superou este momento mais difícil, inclusive com o pagamento de seus empréstimos, e hoje, diferentemente do que ocorreu à época, goza de reservas cambiais mais robustas (saltamos de um volume na ordem de US$ 10 bi à época, para mais de US$ 377 bilhões atualmente).
Mesmo neste momento o Brasil não busca ajuda junto ao FMI, mesmo porque não é necessária, mas este Organismo Internacional divulga relatórios periódicos apontando quais os caminhos a serem trilhados pelos países nos próximos anos. Em seu mais recente relatório sobre as perspectivas para o Brasil indica entraves já conhecidos como limitadores da retomada mais firme do crescimento econômico brasileiro.
A infraestrutura defasada é indicada pelo FMI como um limitador, e isso é verdadeiro. O País simplesmente parou no tempo no tocante aos investimentos nesta área. Se voltarmos a crescer, por exemplo, a cinco por cento ao ano, faltará energia. Nossas estradas, salvo raras exceções, são precárias. A malha ferroviária sucateada, não possuímos armazéns, enfim, há muito a ser feito e para isso são necessários novos investimentos, os quais estão limitados, dada a escassez de recursos.
O Brasil ainda possui barreiras ao comércio internacional, o que nos torna pouco competitivos, e possuímos um sistema tributário inadequado, burocrático, colocando o Brasil entre as três maiores cargas tributárias do mundo, com baixo retorno à população. São alguns pontos de conhecimento de todos os analistas e que se não forem enfrentados, retardarão o que denominamos de crescimento sustentado. Não obstante tais gargalos há consenso: este fim de ano já apontará recuperação econômica no Brasil. A projeção do FMI é crescimento de 0,5% em 2017, metade das projeções de outros Institutos Econômicos. Mesmo com discrepância nas projeções o crescimento virá.
A retomada da confiança dos empresários e dos investidores é apontada como o grande diferencial neste momento. Estes agentes econômicos estão saindo da defensiva, o que é bom. Caberá ao governo Temer dar velocidade ao menos no ajuste fiscal e, mesmo que adie os assuntos mais polêmicos, como por exemplo, a reforma da Previdência, é possível iniciar um novo ciclo econômico.
Lamentamos que as projeções para o Brasil sejam tão pífias, à medida que, na média, os países emergentes como o nosso, crescerão 4,6% em 2017, nos deixando bem atrás. Mesmo assim para quem conviveu com duas importantes recessões, já é um alento projetar crescimento. Fica o alerta o FMI para avançarmos sempre direção correta.