Bairros

Árvore na calçada: o plantio deve seguir diretriz da Semma

Ana Paula Pessoto
| Tempo de leitura: 9 min

Aceituno Jr.
A jornalista Ianara Linares Althero não abre mão das árvores no quintal de casa 

Ainda ocorre o plantio irregular de árvores em calçadas por toda a cidade, entretanto, com o habite-se (atestado de conclusão de obra), esse problema tem sido reduzido, segundo a engenheira agrônoma da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), Gabriela dos Santos Souza. 

Para retirar o habite-se, o morador precisa plantar uma árvore na calçada. E, para o plantio, essa pessoa recebe uma diretriz da Semma. Caso o plantio não seja correto, o habite-se não é aprovado. 

Entre as orientações está o tamanho do canteiro, que garante um bom desenvolvimento da árvore e pode variar dependendo da espécie. A planta precisa estar de acordo com o tamanho da calçada e com a fiação presente na via ou não.

Entre as orientações também está a necessidade de colocar um gradil para evitar que a muda seja depredada. "O gradil mais comum é o de tela metálica, entretanto, o ideal é uma estrutura de madeira. Entre outras orientações, o canteiro deve ser feito próximo à guia", acrescenta Gabriela. 

Ainda segundo a engenheira agrônoma, calçadas com fiação elétrica comum precisam ter árvores de pequeno porte. Onde há a fiação compacta (mais recente) ou não há fiação, as árvores de médio porte e mais frondosas são as mais indicadas.

"A gente orienta assim, porém, com pesar, porque o ideal seria termos árvores frondosas por toda a cidade, mas há as podas irregulares, então, enquanto a cidade não tiver a fiação tradicional trocada pela compacta, teremos problemas", pondera Gabriela.

Quintal

Não há leis municipais que falem sobre o plantio de árvores nos quintas, sendo assim, o morador por escolher as espécies de sua preferência, de acordo com o seu conforto. Mas a pessoa deve observar as raízes das árvores ao plantar, por exemplo, já que alguns exemplares podem apresentar tais estruturas "agressivas", o que pode afetar a estrutura do imóvel, dependendo o local onde a planta é colocada.

Saiba que

A diversificação do plantio, levando em conta as particularidades de cada árvore, pode compor belas paisagens urbanas e domiciliares, contribuindo para a recuperação ambiental em locais pouco arborizados ou degradados.

Não vivo sem o verde ao meu redor

Grevília-anã, jasmim-manga, castanheira, manduirana, coité, ipê, quaresmeira, azaleia, pitangueira, dracena e mexeriqueira. Mais de 10 árvores, além de muitos hibiscos enfeitam e dão vida ao quintal da jornalista Ianara Linares Althero, no Jardim Estoril.

"Desde muito pequena fui acostumada a ter muitas árvores por perto e fui ensinada a amá-las e respeitá-las. Minha família sempre foi "plantadeira", como se diz. Mesmo em quintais pequenos, as pessoas sempre davam um jeito de ter uma árvore ou mais. Quanto mais espaço, mais plantas. E meus filhos estão sendo criados da mesma maneira", conta Ianara.

E quando o assunto são os benefícios das plantas, a jornalista tem uma lista enorme na ponta da língua: sombra, frescor, alívio do calor, ar mais puro, abrigo para pássaros, alimento, retenção de água no solo e por aí vai... "Árvore é vida, principalmente nas grandes cidades onde as temperaturas sobem um pouco mais a cada estação quente. Elas ajudam a regular o tempo e o clima", defende.

Algumas como a castanheira, o coité, os hibiscos e a dracena já habitavam a residência quando a família da jornalista chegou, inclusive, ela confessa que o verde do quintal foi fundamental para a decisão da compra do imóvel. "E outras mudas a gente foi plantando".

Ianara é dessas pessoas que abraçam, fotografam, posta m nas redes sociais e reclamam quando uma árvore é cortada. "Não conseguiria viver sem estar rodeada de verde. Não me importo de recolher as folhas. Isso é bem pouco diante de tantos benefícios. O certo seria termos mais e mais árvores e não o contrário. A devastação do verde se acelera a cada dia. Em casa temos vários pássaros cantando o dia todo. Tudo por causa delas. Meus filhos brincaram, aprenderam, sonharam e cresceram perto delas. E assim espero que seja com os filhos deles", finaliza.

Podas devem ser feitas por profissionais credenciados 

Quando a poda de árvores no passeio público se faz necessária, por oferecer riscos ao imóvel ou pela proximidade com a fiação elétrica, por exemplo, o ideal é que o morador procure a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) para que a poda seja feita de maneira correta por equipes especializadas. 

Porém, há profissionais credenciados espalhados pela cidade, que colocam em prática o que aprendem com os cursos oferecidos pela Semma. Uma lista com os credenciados está no site da prefeitura.

Em Bauru, as espécies que mais recebem podas no passeio público são as de maior porte. Entre elas estão as frondosas chapéu-de-sol e sibipiruna, árvores com copas bonitas e que oferecem bastante sombra, mas que recebem poda principalmente por causa da fiação elétrica.

Drásticas e irregulares

Basta andar pelos bairros para notar que as podas irregulares e até mesmo as drásticas ainda são feitas. Segundo comenta a engenheira agrônoma da Semma, Gabriela dos Santos Souza, há cortes irregulares que não são considerados drásticos, mas que podem afetar o desenvolvimento da árvore.

"Se galhos forem retirados somente de um lado da árvore, por exemplo, ela vai ficar torta e terá o seu equilíbrio e saúde prejudicados. Fungos e cupins podem invadir a planta", enumera.

Ainda segundo Gabriela, podas prejudiciais também são aquelas em que o meio da árvore é retirado por causa da fiação elétrica, sobrando galhos para a rua e para a casa do morador. "E, infelizmente, o morador ainda acaba tirando o galho da sua calçada e deixando a árvore sem equilíbrio. Uma chuva mais forte pode facilmente derrubá-la, nesses casos".

Curso de poda

O curso de poda é oferecido uma vez ao ano pela Semma e tem por objetivo credenciar as pessoas interessadas em executar podas e cortes de árvores em áreas públicas. O curso é direcionado aos que desejam aprender e aos profissionais que já realizam o serviço.

As aulas são teóricas e práticas e os participantes podem observar a execução em locais públicos. O curso dá direito a uma carteirinha e um certificado. Mais informações pelos telefones (14) 3234-6849. 

Paisagismo: saiba quais são as árvores nativas da região mais adequadas  

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) elaborou um estudo com as espécies arbóreas nativas da região de Bauru e próprias para o cultivo paisagístico nos centros urbanos. A lista contém quase 50 árvores que podem ser cultivadas em praças, jardins e passeios públicos.

A pesquisa tem o objetivo de orientar a população sobre as características das espécies, como altura, espessura do tronco e períodos de frutificação e flores. Dessa forma, é possível planejar quais plantas melhor se adaptam às condições físicas de cada ambiente, evitando assim futuros aborrecimentos, como podas drásticas devido a altura incompatível com a rede elétrica, rachaduras de calçadas e má formação das árvores plantadas em locais não adequados.

Outro fator importante do trabalho é que as árvores catalogadas apresentam dados como períodos de floração e frutificação, além da característica avifauna, que é a propriedade de atrair um conjunto de pássaros nativos da região à procura de frutos.

Muitas dessas espécies podem ser encontradas gratuitamente no Viveiro Municipal. Confira no infográfico desta página quais são as árvores nativas da região de Bauru e próprias para o cultivo paisagístico nos centros urbanos e saiba quais são as suas principais características no endereço eletrônico: www.bauru.sp.gov.br/semma/servicos/arborizacao_urbana/arvores_nativas.aspx

Patrimônio ambiental abriga cerca de 190 exemplares

Não apenas os imóveis são tombados como patrimônios históricos em centros urbanos. Árvores também assim podem ser consideradas. É o caso de cerca de 190 exemplares presentes em praças, ruas e avenidas de Bauru, segundo a Secretaria Municipal do meio Ambiente (Semma). 

Neide Carlos/JC Imagens
Mangueira da avenida Comendador José da Silva Martha; via já foi conhecida como a "Avenida das Mangueiras"

Uma das mais vistas e conhecidas delas é a copaíba que embeleza a quadra 7 da avenida Getúlio Vargas, um dos símbolos da cidade e patrimônio ambiental do município. Entretanto, as árvores tombadas estão espalhadas pelos quatro cantos de Bauru.

Uma árvore tombada é uma planta imune, de preservação permanente. Uma lei federal garante que, quem ousar arrancar, cortar ou danificar qualquer planta do patrimônio público pode pegar de três meses a um ano de detenção e/ou pagar multa. A mesma punição vale para quem danificar árvores de espaços privados de terceiros.

Foi após a lei federal de 1965, que criou o Código Florestal, que as cidades puderam transformar árvores em parte do seu patrimônio histórico. Por aqui, a lei municipal de arborização urbana adequa a proteção dessas árvores no município, cujo tombamento ganhou forças nos primeiros anos da década de 1990. As espécies tombadas são de responsabilidade da Semma.

Como?

Uma árvore pode tornar-se imune ao corte de acordo com a sua raridade, antiguidade, interesse histórico, científico ou paisagístico, sua condição de porta-semente (matrizes) e qualquer outro fator considerado relevante pela Semma.

Além da Secretaria, qualquer munícipe pode solicitar a declaração de imunidade ao corte de árvore. Para isso é preciso enviar um requerimento à Semma. Já para preservar a espécie, cabe a pasta cadastrar e identificar com placas as árvores tombadas.

Saiba mais  

Cortes

Em 2016, até o momento, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) recebeu 622 processos para supressão (corte) de árvores, sendo: 309 deferidos; 251 indeferidos e 62 parciais (foi pedido de corte, mas só autorizada a poda).

Substituição

A Semma autoriza a retirada de árvores mediante a sua substituição e após constatar que a espécie está causando algum dano ao imóvel público ou privado, está com a saúde comprometida ou, ainda, condenada por pragas.

Proibida

Na zona urbana de Bauru, as espécies têm o plantio proibido. Exemplo é o fícus, porque as suas raízes danificam o calçamento, muros, parede dos imóveis e até a rede de água e esgoto. Por isso, a substituição dessa espécie está sendo autorizada paulatinamente pela Semma.

Canelinha

Algumas espécies não são recomendadas por serem mais suscetíveis às pragas do que outras e estão sendo substituídas aos poucos. Na zona urbana de Bauru, destaca-se a canelinha, que não se adaptou ao meio urbano e é bastante vulnerável ao ataque da broca, praga que se alimenta de madeira.

Derrubadas

Canelinha, sibipiruna e o chapéu-de-sol são as espécies mais derrubadas com autorização da Semma.

Quando procurar a Semma?

Quando um possível problema é identificado, o morador deve solicitar uma vistoria junto a Semma que pode ou não autorizar a substituição da árvore. A visita acontece em até 30 dias após a solicitação. A substituição pode ser feita pela Semma, mas geralmente é feita pelo proprietário com autorização da secretaria e, em caso de emergência, o Corpo de Bombeiros é acionado. Os telefones da Semma são: (14) 3239-2766 e 3234-6849.

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