| Samantha Ciuffa |
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| Marcia Polin fala sobre os avanços nos protocolos |
Após menos de seis meses de implantação, o Código AVC em Bauru já conseguiu reduzir pela metade o tempo de internação dos pacientes vítimas de acidente vascular cerebral e as taxas de mortalidade após 24 horas sob cuidados médicos. A mudança é resultado do protocolo estabelecido pelo município e o Departamento Regional de Saúde (DRS-6), que passou para o Samu a regulação do acesso destes pacientes à unidade hospitalar de referência da cidade.
"Hoje, os pacientes estão chegando bem rápido ao hospital. Antes, poderiam ficar quatro, seis dias aguardando leito no PS ou nas UPAs. Quando chegavam ao hospital, muitos já estavam com complicações por não receberem tratamento direcionado", comenta a neurologista Marcia Polin, da equipe do Hospital de Base (HB) de Bauru. É para lá que os pacientes que sofrem AVC são encaminhados pelo Samu, sem mais a necessidade de espera de liberação de vaga pela Central de Regulação e Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), do governo do Estado.
Segundo estatísticas da Fundação para o Desenvolvimento Médico Hospitalar (Famesp), que administra o HB, antes do novo código, o tempo médio de internação dos pacientes era de 12 dias, período que caiu para seis dias desde abril. Já a taxa de óbito após 24 horas de internação, que era de 16%, diminuiu para 6%.
| Aceituno Jr. |
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| Secretário José Eduardo Fogolin |
"Uma das principais complicações do paciente com AVC, por exemplo, é a dificuldade de engolir pelo enfraquecimento da musculatura e uma dieta inadequada pode levá-lo a um quadro de pneumonia, pela aspiração de alimento. É uma situação que dificulta a recuperação e atrasa a alta", detalha Marcia, elencando ainda como complicações típicas infecções urinárias e tromboses.
TROMBÓLISE
A maior agilidade no acesso aos leitos também permitiu que um número superior de pacientes com AVC fosse submetido a tratamento trombolítico na fase hiperaguda, abrangida pelas quatro horas e meia após o surgimento dos primeiros sintomas. Neste prazo, e dentro de alguns critérios predeterminados, eles recebem a medicação trombolítica, capaz de dissolver o coágulo cerebral e restabelecer o fluxo de sangue.
De acordo com a neurologista, a terapia faz aumentar em 50% as chances de o paciente ficar sem sequelas. O medicamento, contudo, só pode ser administrado em vítimas de AVC isquêmico, que correspondem a 90% dos casos registrados no HB.
Dos 217 pacientes internados entre abril e setembro deste ano, 52 foram submetidos ao tratamento trombolítico. "Hoje, o Base apresenta uma taxa de trombólise de cerca de 24%. Em outros serviços renomados, esta taxa gira em torno de 20%".
Do total de internações, 143 pacientes eram de Bauru e foram atendidos dentro do Código AVC, também chamado Código Azul, em que UPAs, PSC, Samu e Base atuam juntos para agilizar o socorro quando a suspeita é de AVC. "As unidades de emergência comunicam o Samu, que liga para o Base para a realização de tomografia e, sendo um caso de AVC isquêmico em que haja indicação, para a administração o trombolítico", frisa o secretário municipal de Saúde, José Eduardo Fogolin, lembrando que esta política pública, que também abrange o rápido atendimento de infarto e trauma, foi implantado por ele no País durante sua permanência no Ministério da Saúde.
Um derrame a cada dois segundos
Embora a incidência do AVC aumente com a idade, especialmente a partir dos 55 anos, todas as faixas etárias estão sujeitas à doença. A cada dois segundos uma pessoa sofre um AVC no mundo e, a cada seis, uma morre. Das 17 milhões de vítimas a cada ano, 6 milhões morrem e as demais têm sequelas.
CONSCIENTIZAÇÃO É FUNDAMENTAL
A neurologista Marcia Polin esclarece que o AVC pode acontecer na madrugada e o paciente acordar já fora da chamada fase hiperaguda. Outro problema é que a população ainda desconhece os sintomas do AVC e comumente espera passar. "Ainda que haja indicações e contraindicações que precisam ser respeitadas, nossa expectativa é aumentar ainda mais nossa taxa de trombólise, porque o protocolo ainda está no início. Esperamos que as pessoas se informem mais e busquem ajuda rápido, a partir do surgimento dos primeiros sintomas".
Conscientização
A médica neurologista Marcia Polin esclarece que o AVC pode acontecer na madrugada e o paciente acordar com o sintoma e, aí, já ter perdido o tempo da chamada fase hiperaguda. Outro problema é que a população ainda desconhece os sintomas do AVC e comumente espera passar.
“Ainda que haja indicações e contraindicações que precisam ser respeitadas, nossa expectativa é aumentar ainda mais nossa taxa de trombólise, porque o protocolo ainda está no início. Esperamos que as pessoas se informem mais e busquem ajuda rápido, a partir do surgimento dos primeiros sintomas", explica.
Serviço especializado e reabilitação
O atendimento mais ágil às vítimas de AVC na rede pública é fundamental diante da oferta de vagas restrita para pacientes que sofrem com complicações mais graves. Por mês, apenas 20 vagas são ofertadas nos serviços especializados da Sorri e Apae, número pequeno diante do volume de casos de AVC registrados no município.
"Já os pacientes acamados são atendidos pela Emad (Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar), composta por fisioterapeuta, médico, enfermeiro e nutricionista. Mas, se o paciente tem pouca lesão e coagulação controlada, vai para a reabilitação na rede municipal.", completa Fogolin.
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