Política

"Alguns partidos viraram quadrilhas"

Thiago Navarro
| Tempo de leitura: 5 min

Douglas Reis
Luiz Flávio Gomes, senador Álvaro Dias e Renata Abreu durante encontro na Câmara Municipal de Bauru, na manhã dessa segunda (22)

O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) passou por Bauru, na manhã dessa segunda-feira (22), para o início de uma série de visitas a cidades do interior paulista. Ele é pré-candidato à Presidência da República pelo partido e veio acompanhado da deputada federal Renata Abreu, presidente nacional da legenda, e do jurista Luiz Flávio Gomes.

Em Bauru, Álvaro Dias e Renata Abreu reforçaram o convite para que o ex-vereador Raul Gonçalves Paula, atualmente no Partido Verde (PV), se filie ao Podemos e seja candidato a deputado estadual neste ano. Também participaram o presidente local da sigla, Alexandre Marquezin, e de outros partidos, como Nilton Moraes, do PHS.

Dias e Gomes falaram em palestra no plenário da Câmara Municipal sobre "A Ética na Política", com a presença do presidente da Casa de Leis, o vereador Sandro Bussola (PDT), e dos vereadores José Roberto Segalla (DEM), Chiara Ranieri (DEM), Miltinho Sardin (PTB), Telma Gobbi (SD), Carlinhos do PS (PV) e Manoel Losila (PDT), e ainda vereadores de cidades da região e pré-candidatos a deputado pelo partido de outras regiões do estado, como Marília e Assis.

A caravana do Podemos seguiu no período da tarde para Assis, e entre hoje e amanhã passará por Tupã, Marília e Presidente Prudente.

O senador Álvaro Dias, antes de ocupar cadeira no Senado, foi governador do Paraná, deputado federal e deputado estadual. Antes do evento, ele conversou com o JC. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

MOMENTO

Como o senador considera o momento atual de transição, com a apuração de crimes de corrupção e instabilidade política e econômica. "Estamos vivendo os capítulos de uma novela trágica, que descreve a história de uma tragédia política, em razão da corrupção e da incompetência que tem como causa um sistema promíscuo de governança instalado e institucionalizado, e que foi transplantado para estados e municípios. São os chupins da República, que se apoderaram do poder e dele se beneficiaram", afirma.

"A consequência é a maior recessão dos últimos 50 anos, agora aos poucos estamos saindo dela, o maior desemprego em 25 anos, e uma descrença generalizada. Vencer esse descrédito é uma tarefa próxima do impossível para nós da política. Em um ambiente assim, não se tem êxito em projetos administrativos e na produção legislativa. As reformas, se ocorrerem, serão insuficientes, e o próximo presidente será obrigado a fazer a reforma da reforma", crava Dias, que entende ser melhor a discussão de reformas, como a da Previdência, ficarem para o próximo governo, que será eleito pela população em outubro deste ano.

"Esse é um momento de transição, com um governo tapa-buraco, que se constituiu como continuidade de uma organização criminosa que foi apeada do poder. Ao dar continuidade, manteve o sistema, de quadrilha. O Brasil não pode suportar mais esse sistema. A nossa proposta, como pré-candidato a Presidência da República, é a ruptura desse sistema. Eu não vi essa ruptura em 2010, e nem em 2014, é o que desejamos agora", reitera.

PESQUISAS

O senador vê as pesquisas eleitorais pouco importantes neste momento. "Acho que as pesquisas atendem ao gosto de quem as interpreta. Os analistas ocupam espaços de divulgação, fazendo com que as pessoas acreditem nas teses deles, mas não significa que estejam corretas. Ao invés da manchete ser 'Lula é favorito', deveria ser 'Lula condenado à prisão e inviável eleitoralmente porque sua rejeição é maior que a sua intenção de voto'. Tratam o Lula muito mais como candidato do que como réu condenado a nove anos e meio de cadeia", afirma.

Na visão do parlamentar, a disputa ainda não começou. "As pesquisas apontam que 54% dos brasileiros querem ver o Lula preso, e não na Presidência. Então, não dá para falar em liderança nas intenções de voto, porque a própria rejeição é maior. O jogo não começou. De cada dez pessoas nas ruas, pelo menos sete vão falar que nem sabem quem serão os candidatos", menciona.

No caso, Dias se refere a uma pesquisa do Datafolha, feita em outubro, sobre a possibilidade de condenação e prisão do ex-presidente Lula, que foi condenado em primeira instância pela Justiça Federal e será julgado em segunda instância amanhã. "Na verdade, a população não sabe quem estará de pé até o dia da eleição, por conta da Operação Lava Jato", completa.

Além de Lula (PT) e Álvaro Dias (Podemos), já se colocam como pré-candidatos a presidente nomes como Marina Silva (Rede), Manuela D'Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSC) e Nildo Ouriques (PSOL). Também são cotados Henrique Meirelles (PSD) e Joaquim Barbosa, que não é filiado a nenhum partido no momento. As convenções para formalizar as candidaturas só ocorrerão entre 20 de julho e 5 de agosto. As eleições estão marcadas para 7 de outubro deste ano.

Troca de partidos

O senador Álvaro Dias já passou por partidos como MDB, PSDB, PDT, PV e agora está no Podemos. Questionado sobre as várias mudanças, ele não vê problemas. "Eu vejo que hoje as pessoas criticam mais os partidos do que as trocas. Hoje aplaudem a troca. Já fui abordado por pessoas que dizem ter me criticado quando eu mudei, mas hoje afirmam concordarem. Não temos partidos no Brasil, temos siglas para registros de candidaturas. E algumas delas se tornaram, como mostra a Operação Lava Jato, organização criminosas. Jamais vou admitir integrar uma organização criminosa. Prefiro sair", conclui.

CONSOLIDAÇÃO

O Podemos é o antigo Partido Trabalhista Nacional (PTN), mudando para o nome atual em 2016. "Não estamos preocupados com quantidade, e buscando bons nomes para candidaturas. Hoje (segunda-22) mesmo nos acompanha o Luiz Flávio Gomes, um jurista reconhecido, é uma figura nova na política. Aqui em Bauru estamos convidando o Raul (Gonçalves) para vir com a gente. A Renata Abreu, presidente nacional, está trabalhando em todos os estados para construir candidaturas. Acredito que vamos crescer bastante", relata Álvaro Dias.

A deputada federal Renata Abreu, presidente nacional do Podemos, afirma que a pré-candidatura de Dias foi construída de maneira unânime no partido. Sobre o posicionamento da sigla em temas como a Reforma Trabalhista, ela destaca que o site do partido abrirá uma pesquisa, e os parlamentares adotarão aquilo que for verificado, podendo ser inclusive de forma regional", comenta.

Para o Estado de São Paulo, o partido ainda avalia se lançará candidato a governador e a senador. Na região, o Podemos convidou o ex-vereador Raul Gonçalves Paula, atualmente no PV, para ser candidato a deputado estadual neste ano.

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