Conversando com o Bispo

"Rezar sempre sem jamais desistir" - Ano C

16/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Estas palavras saíram da boca de Jesus, conforme nos conta São Lucas no Evangelho da Missa de hoje - Lc 18,1-8. Para mostrar a necessidade de rezar permanentemente sem jamais abandonar a oração, Jesus contou uma parábola. A parábola fala de dois personagens: um juiz ateu que não rejeitava pessoa alguma e uma viúva que lhe pedia que fizesse justiça contra um seu adversário. A viúva o incomodava diuturnamente, pedindo-lhe pronto atendimento à sua causa de duvidosa urgência e importância. Então, o juiz decidiu atendê-la sem nenhuma motivação justa senão para ver-se livre do aborrecimento que ela lhe causava. Jesus conclui a parábola, dizendo: "E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?"

Alguém para "rezar sempre sem jamais desistir" precisa de uma fé perseverante. Talvez muitos se disponham a pedir alguma graça a Deus, o que é sinal de fé. Mas, como a experiência mostra, não poucos acabarão desistindo porque lhes parece que Deus não os atende ou ainda pior nem os escuta, o que revela a não fé. Portanto, só uns poucos perseverarão firmes na oração. Então, rezar e perseverar na oração, de fato, é uma questão de fé. Daí porque Jesus levantou a questão: "será que ainda vou encontrar fé sobre a terra?" Por outro lado, Jesus sinaliza que para os perseverantes na oração "Deus lhes fará justiça bem depressa".

No Evangelho da Missa do primeiro domingo de outubro os Apóstolos pediram para Jesus aumentar a sua fé. E Jesus lhes respondeu que se tivessem fé ainda que do tamanho de uma sementinha de mostarda poderiam pedir ao pé de amoras para se retirar daqui e se plantar no mar e ele vos atenderia (cf. Lc 17, 5-6). Conclui-se que a fé pode ser pequena, do tamanho de uma semente, mas precisa ser fé. Hoje, Jesus acrescenta que a fé precisa ser perseverante. A fé perseverante sustenta a pessoa na oração, na prática do bem, na missão. Ainda quanto ao rezar, numa outra ocasião os discípulos pediram a Jesus que os ensinasse a rezar (cf. Lc 11, 1-4). E o Senhor ensinou a oração que é o modelo de toda oração, a oração mais bonita e perfeita, o Pai Nosso. O Catecismo aponta estas duas coisas que podem prejudicar a nossa oração: ou não rezamos com suficiente intensidade ou pedimos a Deus coisas erradas. Para contrapor, recorda que o santo Cura d'Ars fez esta observação: "Oraste, suspiraste... Mas jejuaste também? Fizeste vigília?" Também que santa Tereza de Ávila disse: "Não peças fardos leves, mas umas costas fortes!" E que inclusive o Apóstolo Tiago escreveu: "Se nada tendes, é porque nada pedis. Se pedis e não recebeis, é porque pedis mal, pois o que estais a pedir é para satisfazer as vossas paixões" (Tg 4, 2-3) (cf. Youcat, 507).

Peçamos a Deus a graça da "fé perseverante" e de "rezar sempre sem nunca desistir". Que o Senhor nos envie o Espírito Santo para aumentar a nossa fé e nos ensinar a rezar. Lemos na Bíblia que o "Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos o que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis" (Rm 8, 26).

Nesta semana que passou, tivemos no mesmo dia a grande festa de Nossa Senhora Aparecida e a carinhosa festa das crianças. Duas comemorações numa festa só das mais bonitas e significativas do ano, a que junta a da mãe com a das crianças. Dentre todos os cristãos, nós os católicos somos os mais felizes também porque gostamos da Mãe do Senhor. Ergamos os nossos olhos à Mãe de misericórdia, cheios de confiança, suspirando para que ela volva os seus olhos bondosos sobre nós, nos abençoe e nos mostre Jesus. Amém!

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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