Cultura

Adeus ao Senhor Fantástico das HQs


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Mario Anzuoni/Reuters
Stan Lee durante evento na Califórnia em agosto de 2017

Shannon Stapleton/Reuters
Revista Spider-Man em biblioteca dos EUA: sucesso por gerações

Stan Lee saiu de cena aos 95 anos e, de uma vez por todas, virou lenda. A morte do criador do universo Marvel foi confirmada pela filha, J.C. Lee. O escritor, roteirista, editor e ator chegou a ser levado ao hospital Cedars-Sinai após passar mal em Los Angeles, mas não resistiu. Ele sofria de pneumonia nos últimos dias. 

Lee foi o mago maior das HQs, responsável por conceber, nada mais, nada menos, do que Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, X-Men, Hulk, Homem de Ferro, Demolidor, Thor, Dr. Estranho, Os Vingadores, Pantera Negra, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Nick Fury, Homem-Formiga...

Nada mau para o filho de pobres imigrantes judeus da Romênia que atravessaram o Atlântico para se estabelecer em Nova York, onde Stanley Martin Lieber nasceu, em 1922. Seu sonho, quando jovem, era escrever um grande romance.

PRIMÓRDIOS PODEROSOS

Sua influência cresceu quando, no fim dos anos 1950, os super-heróis andavam em baixa e a DC Comics lhes deu vida nova.

Com carta branca do editor da Marvel, Martin Goodman, criou um novo time de super-heróis. Mas é preciso contextualizar. Estava batendo nos 40, cansado de criar estereotipados.

Sua mulher, Joan - com quem foi casado de 1947 a 2017, quando ela morreu -, incentivou-o a criar heróis mais verdadeiros, com a cara dele. Stan Lee iniciou, assim, uma revolução na Marvel.

Os críticos discutem o real significado de tantos superpoderes. Acusam Stan Lee de metaforizar o poderio norte-americano e de haver transformado o universo do cinema num imenso parque temático regado a efeitos.

Seria o responsável pela infantilização da cultura pop no início do terceiro milênio. Ele próprio nunca levou a sério essas acusações. Dizia que, como leitor de ficção científica, sempre gostou de imaginar outros mundos, outras possibilidades.

Reprodução/Twitter
Stan na década de 1940: desenho não era o forte, mas criar personagens e mundos, sim

QUERER FOI PODER

Com a ajuda de Steve Ditko (com quem imaginou o Homem-Aranha) e Jack Kirby (desenhista parceiro na criação de Hulk, Thor e Homem de Ferro), Lee deu início à ideia de um universo compartilhado para as histórias dos heróis da Marvel no início da década de 1960, o que culminou em diversas sagas que envolviam heróis diferentes e serviu de base para o universo cinemático em que habitam os filmes da empresa.

Ditko morreu em junho, brigado com Lee. Kirby morreu em 1994 e também teve problemas de relacionamento com o mago inventivo de gênio extrovertido.

Por mais que sua contribuição pelos quadrinhos de super-heróis tenha sido voltada quase exclusivamente à Marvel, Stan Lee figura nas páginas de algumas HQs da empresa rival, a DC Comics.

Quando seu parceiro de longa data Jack Kirby trabalhou na DC, ele criou Funky Flashman, personagem secundário de Mister Miracle (1972). Sem poderes sobre-humanos ou qualquer passado, Funky foi tido por muitos como uma sátira de Stan Lee.

HUMANO, ETERNO

Lee teve problemas pessoais recentes e chegou a ser acusado de assédio sexual por enfermeiras no início do ano. Também teria tido momentos conturbados com a própria filha. Seu legado como pai de histórias incríveis e personagens eternos, contudo, não pode ser tirado dele. Dificilmente alguém será Stan Lee nos próximos 100 anos - neste ou em qualquer outro universo. 

Você sabia?

Stan Lee é o ator que mais estrelou longa-metragens de heróis. Em todas as adaptações cinematográficas de quadrinhos da Marvel, mesmo nas produções da Fox (X-Men, Deadpool) e da Sony (Homem-Aranha), ele faz participações especiais curtas, porém aguardadas pelos fãs.

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