Regional

Orquídea é espetáculo de cores

Aurélio Alonso
| Tempo de leitura: 11 min

Malavolta Jr.
Antonio Alves Silva e sua filha Elieren Alves Silva no Orquidário Mãe em Barra Bonita

As orquídeas são plantas que chamam atenção pelas suas cores variadas e pelas possibilidades de produzir em estufas podendo propagar, a partir de sementes, in vitro, novas formas e até mistura de tons. A região tem um mercado próspero de comercialização dessas plantas. Os orquidários e as exposições realizadas com frequência é é o que divulgam as plantas ao público.

Para muitos é um hobby. Há pessoas que são colecionadores, mas aos poucos quem cultivava passou também a comercializar. A orquídea também é um bom negócio economicamente. Há estudos, por exemplo, de que indicam que a forma de produção pode apresentar uma rentabilidade de 52%, com custo unitário da muda estimado em R$ 0,65.

O comerciante de plantas Edson Zanin, de Pederneiras, que está nessa atividade há 19 anos, conta que quando começou a atividade a rentabilidade era alta. Uma planta chegava a ser vendida por R$ 300 em média, hoje esse preço está na média de R$ 50. Mesmo com a retração na economia, o setor tem um crescimento de 17%.

Mas os preços são variados. É um mercado que flutua conforme o ineditismo da planta. Uma Cattleya walkeriana é considerada a orquídea mais perfeita que existe pela simetria de suas formas. Um exemplar premiado desses pode ser vendido por mais de R$ 1 mil e alguns dos cruzamentos que essa espécie proporciona passam dos R$ 3 mil, como é o caso da famosa Cattleya walkeriana "Feiticeira". Esses números são conservadores e podem chegar até a mais desse valor.

Na região há vários orquidários em atividades. Em Barra Bonita, Antonio da Silva começou na atividade há 20 anos sem ter nenhum conhecimento. Fez cursos na Esalq de Piracicaba e aos poucos foi adquirindo um conhecimento na atividade. Atualmente nas instalações onde estão as estufas com centenas de espécies, Antonio também tem laboratório para a propagação de orquídeas, a partir de sementes, in vitro. Essa é uma uma das formas mais disseminadas de multiplicação das espécies botânicas. É chamado de híbrido.

"A variação de cores são exuberantes. As cores na natureza se combinam, porque não é como se colocar as cores num tecido de uma camisa, porque não vai ficar legal. As orquídeas se combinam, então, os franceses que entram no Brasil queriam as orquídeas caras e depois vieram os híbridos pare encantar as mulheres. Os homens em si querem saber de variedade. Quem gasta mais dinheiro são os homens, que são mais colecionadores, os hobbistas", relata Edson Zanin, dono de orquidário em Pederneiras.

O Brasil tem 2.590 variedades, mas na América Latina o maior produtor é a Colômbia onde existe o maior número de espécies registradas, chegando ao número de 4.010, imediatamente seguido pelo Equador, com 3.549, Nova Guiné, com 2.717. 

As exposições de orquídeas são frequentes e ajudam a divulgar e comercializar a planta. José Roberto Pegoretti, o "Zelão" de Jaú, é muito conhecido na região como orquidófilo e organizador da Feira Nacional de Orquídeas sempre realizada em setembro no ginásio Dr. Neves daquele município, mas há várias amostras nos demais meses do ano. 

Orquidário tem híbridos e espécie naturais

O baiano de Ituaçu Antonio Alves Silva nasceu na mesma cidade onde nasceu Moraes Moreira veio para Barra Bonita ainda jovem. Trabalhou como operador de máquina em uma usina da cidade até se aposentar e quando mudou completamente de ramo: colecionar e posteriormente vender orquídeas de todo tipo. Atualmente, ele é proprietário do orquidário Mãe com mais de três estufas onde têm até laboratório para produzir espécies híbridas.

Malavolta Jr.
Elieren Alves Silva ajuda o pai Antonio da Silva no cultivo das orquídeas em Barra Bonita 

Junto com a filha, Elieren Alves Silva, Antonio virou um autodidata, fez curso na famosa Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) de Piracicaba, e, no bater dos olhos sabe dizer qual é espécie nativa ou se é híbrido -  "clonagem botânica". O Orquidário Mãe, cujos três palavras é um acrônimo de palavra de nomes de familiares, se espalha num imenso quintal com enormes coberturas de tela sombrite e plantas.

Há ainda estufas que ele cuida em uma chácara em Mineiros do Tietê, a cerca de 18 quilômetros de Barra Bonita, numa parceria com o orquidófilo José Roberto Pegoretti, o Zelão, integrante do Clube dos Amigos Orquidófilos de Jaú (Caoja).

A amizade com o fazendeiro e imigrante libanês Fuad Mattos, que colecionava orquídea e conhecia muito a planta, influenciou Antonio há cerca de 20 anos iniciar na atividade. Antes trabalhava na condução de motoniveladora, uma atividade bem diferente do manuseio de planta.

Todo colecionador acaba com o passar do tempo sendo um comerciante de planta. E é preciso aprender sobre as espécies, que são muitas variadas. "Comecei com poucas flores, depois foi aumentando", conta Antonio, ao mostrar uma cattleya comum na região, principalmente em 'baixão' de serra. Essa flor fica aberta, vistosa, por 15 dias até outra floração.

Além de cultivar nas estufas as orquídeas, Antonio tem laboratório para fazer cruzamentos, e com a técnica faz flores de cores diferenciadas. Essa é a parte mais delicada, porque é possível por meio de um processo botânico conseguir cruzar amarela com a vermelha.

As plantas gostam de claridade e as mais difíceis são as espécies de grande altitude, que não são os casos das existentes na região. "Se pegar uma planta proveniente de parte muita elevada, é muito difícil cuidar dela. Uma planta de altitude de 1.500 metros pode até resistir, mas com o tempo acaba definhando", relata.

O comerciante explica que se a planta é boa, é separada para fazer o meristema, um "clone" dessa planta. Após manusear as pequenas sementes em um laboratório, onde elas vão ficar num recipiente de vidro até formar a futura planta. "Você tira a gema do broto, depois disso começa a propagar", explica Silva.

Também chamado de híbridos artificiais vem sendo feito por colecionadores e comerciantes das plantas por mais de um século. No mundo estima-se que seja mais de cem mil híbridos. Na região há vários orquidários que têm laboratório para produzir novos híbridos, mas nem todos tem essa estrutura, grande parte comercializa somente as plantas. É um trabalho meticuloso, do qual Antonio conta que gosta de ficar por horas. O ambiente tem que ser esterilizado e as essas mudas demora anos até ver o resultado dessas novas espécies. 

Orquidófilo promove exposição em Jaú 

O baiano de Ituaçu Antonio Alves Silva nasceu na mesma cidade de Moraes Moreira e veio para Barra Bonita ainda jovem. Trabalhou como operador de máquina em uma usina da cidade até se aposentar e quando mudou completamente de ramo: colecionar e, posteriormente, vender orquídeas de todo tipo. Atualmente, ele é proprietário do orquidário Mãe com mais de três estufas onde têm até laboratório para produzir espécies híbridas.

Junto com a filha, Elieren Alves Silva, Antonio virou um autodidata, fez curso na famosa Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) de Piracicaba, e, no bater dos olhos sabe dizer qual é espécie nativa ou se é híbrido -  "clonagem botânica". O Orquidário Mãe, cujos três palavras é um acrônimo de nomes de familiares, se espalha num imenso quintal com coberturas de tela sombrite e muitas plantas.

Há ainda estufas que ele cuida em uma chácara em Mineiros do Tietê, a cerca de 18 quilômetros de Barra Bonita, numa parceria com o orquidófilo José Roberto Pegoretti, o "Zelão", integrante do Clube dos Amigos Orquidófilos de Jaú (Caoja).

A amizade com o fazendeiro e imigrante libanês Fuad Mattos, que colecionava orquídea e conhecia muito a planta, influenciou Antonio há cerca de 20 anos a iniciar na atividade. Antes trabalhava na condução de motoniveladora, uma atividade bem diferente do manuseio com planta.

Todo colecionador acaba com o passar do tempo sendo um comerciante de planta. E é preciso aprender sobre as espécies, que são muitas variedades. "Comecei com poucas flores, depois foi aumentando", conta Antonio, ao mostrar uma cattleya comum na região, principalmente em baixão de serra. Essa flor fica aberta, vistosa, por 15 dias até outra floração.

Além de cultivar nas estufas as orquídeas, Antonio tem laboratório para fazer cruzamentos e com a técnica faz flores de cores diferenciadas. Essa é a parte mais delicada, porque é possível por meio de um processo conseguir cruzar amarela com a vermelha.

As plantas gostam de claridade e as mais difíceis são as espécies de grande altitude, que não são os casos das existentes na região. "Se pegar uma planta proveniente de parte muita elevada é muito difícil cuidar dela. Uma planta de altitude de 1.500 metros pode até resistir, mas com o tempo acaba definhando", relata.

O comerciante explica que se a planta é boa, é separada para fazer o meristema, um "clone" dessa planta. Após manusear as pequenas gemas em um laboratório, onde elas vão ficar num recipiente de vidro até formar a futura planta. "Você tira a gema do broto, depois disso começa a propagar", explica Silva.

Também chamado de híbridos artificiais vem sendo feito por colecionadores e comerciantes das plantas por mais de um século. No mundo estima-se que seja mais de cem mil híbridos. Na região há vários orquidários que têm laboratório para produzir novos híbridos, mas nem todos tem essa estrutura, grande parte comercializa somente as plantas. É um trabalho meticuloso, do qual Antonio conta que gosta de ficar por horas. O ambiente tem que ser esterilizado e as essas mudas demoram anos até ver o resultado dessas novas espécies. 

Do hobby a vendedor de orquídea

Maria da Glória Zanin Góia
Proprietários do orquidário de Pederneiras Edson Zanin e Maria Lourdes Vicario Zanin em frente das orquídeas

O mercado de orquídeas mesmo com a situação econômica de retração teve crescimento de 17%. É uma atividade em ascensão. O comerciante de planta Edson Zanin, proprietário do orquidário homônimo em Pederneiras junto com a sua esposa Maria Lourdes Vicario Zanin e sua filha Maria da Glória, conta que a atividade já chegou a dar um lucro de 300%, mas hoje está na faixa de 70% a 80%. Nos últimos anos cresceu o número de comerciantes e viveiros em todo o país.

"No ano passado, com toda a crise, a venda de orquídea cresceu 17%. Em Holambra, segundo dados, o mês de novembro está superando 5 meses de venda. Há previsão de crescer 17% a mais do que nos outros anos. Há um orquidário tailandês sendo montando no Brasil com 21 alqueires de estufas na região de Holambra".

Com aumento de desemprego, ocorreu de muitas pessoas comprarem orquídeas em atacadistas e depois venderem de porta em porta, o que também fez o preço cair demais e muitas vezes o produto encalha e a solução é vender abaixo da margem de lucro.

A atividade tem uma curiosidade: as vendas dependem muito de exposição e não só do ponto de venda fixo, como os orquidários, onde se concentram os espaços para armazenar a espécies e cultivá-lo.

Nesta semana, por exemplo, Edson Zanin deu entrevista por telefone de Wenceslau Brás (PR), onde estava participando de uma exposição. Da cidade paranaense, ainda seguiria para o Sul do Estado de São Paulo, na cidade de Itararé, próximo da divisa paranaense. No momento estava carregando as cerca de 150 espécies. Zanin explica que o orquidário não se mantém sozinho, o custo operacional é muito alto. "É necessário sair para fazer exposição e comercializar as plantas", relata.

No caso dele e de Antonio da Silva em Barra Bonita é uma atividade que conta muito com apoio da família. Enquanto a mulher e filha  cuidam do orquidário, Edson percorre a cada 90 dias várias cidades. E o "negócio" entrou em sua vida, após decidir deixar a antiga atividade de representante comercial de uma empresa do Rio Grande do Sul. Estava em São Paulo, há cerca de 19 anos, quando foi a uma exposição de orquídeas na Liberdade, bairro da colonia japonesa.

Zanin admite que todo comerciante começa pelo hobby e depois passa a vender as plantas para manter a coleção. No caso dele, foi também uma maneira de enxergar um novo empreendimento."Naquela época uma orquídea que, hoje custa R$ 50, era comercializada a R$ 300. As mudinhas vinham em um copo de café sendo vendida a R$ 3,00 cada. Perguntei a um vendedor quanto tempo essa planta demoraria para dar flor e ele respondeu três anos. Daí cheguei a conclusão que era bom negócio financeiro, porque não existia aplicação que possibilitasse render tanto assim".

Na ocasião, Edson conta que comprou cerca de 2 mil mudinhas da planta com a intenção de comercializar porque estava cansado de viajar e de ser diretor como representante comercial onde lidava com muitas pessoas.

Mas veio o segundo dilema: não entendia nada de planta e precisou procurar a Esalq em Piracicaba  para fazer um curso para profissionais em quatro finais de semana. Na sexta e sábado em tempo integral e para conseguir a tal vaga se apresentou como profissional. Depois foram vários cursos com pessoal com vasta experiência em orquídea.

"Comecei a visitar muitos orquidários em São Paulo e a comprar pequenas mudas. Na época as mudas de orquídea eram vendida conforme catálogo. As cattleyas de cor vermelha e amarela vinham de fora do país. A gente mostrava as fotos dos catálogos. Quem estava fazendo essas variedades de cores eram produtores de planta de Taiwam e Tailândia. Você vendia com esse catálogo", relembra.

Zanin explica que há muito interesse pelas orquídeas porque a variedade é muito grande em comparação a outras plantas e, principalmente, com os híbridos que foram aparecendo nos últimos anos. "A variação de cores são exuberantes. As cores na natureza se combinam, não é como se colocar as cores num tecido de uma camisa, porque não vai ficar legal. As orquídeas se combinam, então, os franceses que entram no Brasil e queriam as orquídeas caras e depois vieram os híbridos pare encantar as mulheres. Os homens em si querem saber de variedade. Quem gasta mais dinheiro são os homens, que são mais colecionadores, os hobbistas. A mulher aprecia mais os híbridos pela sua beleza", relata.

 

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