Cultura

Por dentro dos teatros da cidade de Bauru

Ana Beatriz Garcia
| Tempo de leitura: 8 min

Priscila Medeiros/Divulgação
Uma das apresentações da Banda Sinfônica Municipal de Bauru

no Teatro Municipal "Celina Lourdes Alves Neves"

Eles abrem as portas para todas as modalidades de arte. São utilizados para ensinar, para fazer rir e também emocionar. Em Bauru, seja pertencente ao município ou a alguma instituição, os teatros recebem atores, músicos, dançarinos e palestrantes durante o ano todo.

Com as apresentações de final de ano, o JC nos Bairros faz um balanço sobre as como e quais são as atividades desenvolvidas em palcos da cidade, como é o caso do Teatro Municipal "Celina Lourdes Alves Neves", que está com a agenda preenchida até o final deste ano.

"A agenda para o ano que vem será aberta agora no final de dezembro. Deixamos reservadas as datas para as programações internas com os nossos festivais e abrimos a agenda externa para os produtores", explica o secretário de Cultura, Luiz Fonseca.

De acordo com a avaliação do titular da pasta, este foi um ano de muitas atividades. "Nós tivemos um ano agitado, com muito uso do Teatro Municipal, e essa época do ano costuma ser muito concorrida. As escolas de dança costumam fazer suas apresentações de final de ano com a formatura dos alunos e apresentações de Natal", comenta. "Bauru é uma cidade que tem muita arte e concorre muito com as produções das capitais. Eu até brinco que deveríamos ter dois Teatros Municipais, visto a quantidade de festivais e produções que temos na cidade. São muitas coisas boas e, ao mesmo tempo, temos que dividir o espaço com outras produções", completa Fonseca.

MAIS VARIEDADE

Ainda segundo Fonseca, o plano para o próximo ano é tentar diversificar as atrações. "Nossa intenção, em 2019, é fazer uma agenda de eventos mais variada, com mais opções para diversos públicos. Isso depende dos produtores, das ofertas que teremos, mas a ideia é abrir o teatro para peças de diferentes estilos", destaca o secretário de Cultura.

Peças que rodaram o Brasil também estiveram no Teatro Municipal de Bauru, durante o ano de 2018. Uma delas, a comédia de Matias Del Federico com a direção de Marco Antônio Pâmio, "Baixa Terapia", trouxe aos palcos do Municipal, em junho, atores como Antônio Fagundes e seu filho, Bruno Fagundes.

Em maio, outra peça que passou pelo palco do Municipal foi "O Musical Mamonas (A história dos Mamonas Assassinas)". O musical tem o texto de Walter Daguerre, direção geral de José Possi Neto, direção musical de Miguel Briamonte e coreografia de Vanessa Guillen. "Essas peças passaram por grandes capitais do País e também foram apresentadas ao público bauruense", finaliza.

COMEMORAÇÃO

Vale lembrar que hoje, dia 16 de dezembro, é comemorado o Dia do Teatro Amador. Nesta modalidade de arte, são os próprios atores que escrevem o roteiro, montam a peça, constroem o palco, elaboram e confeccionam os figurinos. No Brasil, o teatro amador surgiu no século 16, com a chegada dos jesuítas. O padre José de Anchieta foi o primeiro a utilizá-lo para catequizar os índios.

Na década de 1950, a teatróloga, diretora e atriz dramática Maria Clara Machado criou um grupo amador para atuar nas peças montadas para a comunidade. Nasceu, assim, O Tablado, um dos mais importantes centros de artes dramáticas do País.

Sem competir com os espetáculos profissionais, O Tablado se resumia a uma simples sala, com um palco rudimentar, usada para apresentações teatrais amadoras. As cadeiras eram insuficientes para acomodar o público, mas o padre da igreja vizinha emprestava alguns bancos quando necessário.

Palcos voltados à educação

 

Divulgação
Alunos do 5.º ano do Colégio São Francisco em apresentação do Projeto Imigrantes

Desde pequenos, alunos já são inseridos no universo da arte com apresentações em datas festivas, saraus e peças de teatro. Os teatros Bela Vista e Edson Celulari, mantidos pelo Colégio São Francisco e pelo Grupo Preve respectivamente, abrem as portas para a plateia conferir as apresentações de seus estudantes.

Mesmo servindo à proposta educacional, ambos são disponíveis também para outras apresentações durante o ano, como foi o caso do Teatro Bela Vista, que recebeu uma apresentação de comédia stand-up do artista Diogo Almeida. "Mas não são todos shows que nós fechamos em nosso teatro. Temos um filtro com as apresentações porque somos uma instituição religiosa", ressalta a gestora administrativa do Colégio São Francisco, Irmã Terezinha Vaz.

A utilização do teatro é voltada, predominantemente, para as apresentações dos alunos do ensino infantil e fundamental I, conforme diz a coordenadora pedagógica Mariane Carrara Deladonio. "Todas as nossas atividades de dia das mães, dia dos pais, festas de encerramentos e finalizações de projetos, menção honrosa - que fazemos ao aluno que leu mais de dez livros em um trimestre - e as formaturas", explica. "Fora isso, algumas outras escolas musicais e de inglês costumam alugar esse espaço para suas atividades", finaliza.

HOMENAGEM

Preve/Divulgação
Camila Cury em palestra sobre a Escola da Inteligência no Teatro Universitário Edson Celulari

Com o nome do ator bauruense ex-aluno do Preve, o Teatro Universitário Edson Celulari também tem agenda de atrações educacionais. "Grande parte do funcionamento do teatro é para atividades com os nossos alunos, mas temos muitas palestras motivacionais também. Não só para o público do Preve, mas para a comunidade externa", explica o diretor do grupo Preve, José Luiz Garcia Peres.

Neste ano, por exemplo, o teatro recebeu, mais um vez, Camila Cury, criadora da escola da inteligência no Brasil, filha do escritor e médico Augusto Cury. "Sempre recebemos palestrantes que utilizam o espaço para cursos. Mas temos uma agenda muito lotada, em outubro, por exemplo, tem até fila de espera", completa.

Segundo o diretor, os alunos também tem aula de teatro cuja as peças são apresentadas à comunidade em geral. "Foi em uma dessas oficinas de teatro que surgiu o Edson Celulari e outros artistas que também saíram daqui. Isso é por conta do teatro, porque existe a plateia. É assim que eles perdem o medo de falar em público e se desenvolvem. O teatro é de uma importância muito grande na nossa escola", diz.

HISTÓRIA

O teatro se localiza na região central da cidade, no mesmo prédio onde funcionou o tradicional Cine Rex, cinema que levou milhares de bauruenses às salas de exibição, mas que foi desativado na década de 80. "Em 2003, o teatro ganhou o nome de Edson Celulari que era nosso aluno. Ele já esteve aqui, não só na inauguração, e está sempre entrando em contato conosco. Nada mais certo que o teatro levar o nome de um artista da casa e que faz jus à homenagem", diz.

A expectativa do diretor é que ele venha apresentar uma peça ou fazer uma atividade com os alunos no próximo ano. "Estamos esperando apenas a disponibilidade de agenda dele", finaliza José Luiz.

Anfiteatros também recebem atrações variadas

Bianca Brito/Divulgação
Encontro cênico "Tistou" no Anfiteatro Vitória Régia

Em universidades, escolas e até no parque, anfiteatros também reúnem o público para eventos e apresentações. Palco de encontros, congressos e jornadas de relevância acadêmica nacional, o Anfiteatro Guilherme R. Ferraz, o Guilhermão, espaço gerenciado pela Unesp de Bauru, também abre suas portas para diversas atrações.

Malavolta Jr.
Anfiteatro Guilherme R. Ferraz, o Guilhermão, fica nas dependências da Unesp de Bauru

De acordo com o diretor técnico de serviços da Unesp, Renato Sales, os eventos promovidos no Guilhermão, em 2018, foram diversos. "Tivemos muitas apresentações e discussões neste ano. Eventos como o Encontro Nacional de Design e Congresso Brasileiro de Comportamento Motor também foram realizados no anfiteatro. Sempre temos muita demanda interna com nossos eventos e as formaturas, mas tivemos bastante externa também", comenta.

Malavolta Jr.
O Anfiteatro Vitória Régia também funciona como uma escultura urbana

Além disso, ele destaca que, desde o ano passado, o espaço vem sendo mais utilizado para shows abertas ao público em geral. "Nossa demanda externa teve uma mudança de caráter nos últimos tempos. Antes, o espaço era utilizado bastante para colações de grau e eventos religiosos. Agora, temos shows, peças e apresentações de comédia stand up", afirma.

Exemplo disso foram o espetáculo "Frida", de Arilton Assunção, apresentado pela Companhia Estável de Dança, da Secretaria Municipal de Cultura de Bauru, o evento de taiko, XIII Kawasuji Fest, promovido pelo Clube Cultural Nipo Brasileiro de Bauru, em parceria com a Prefeitura de Bauru, a apresentação do Youtuber Felipe Neto e o show do violeiro Almir Sater.

Ainda, um momento relevante foi, em setembro, quando o Guilhermão recebeu a solenidade do Jubileu de Pérola, para celebrar as conquistas alcançadas pela universidade em 30 anos.

SOB A ÁGUA

Em meio a um dos cartões postais da cidade, o Anfiteatro Vitória Régia, obra do arquiteto Jurandyr Bueno Filho, foi considerado uma inovação na época de sua construção. Sob a água, o palco flutuante lembra a flor vitória-régia com placas acústicas esculturais na parte traseira.

Atualmente, o local também funciona como uma escultura urbana, além de receber a realização de eventos culturais. Neste ano, foi palco de apresentações como a Mostra em Comemoração ao Dia Internacional da Dança, em abril e o Encontro cênico "Tistou", parte do Festival da Primavera do Solar Núcleo de Teatro, em setembro, dentre outros.

"Eventos de pequeno e médio porte são compatíveis com o espaço. E nós tivemos diversas apresentações, neste ano, não só à noite, mas à tarde também. O anfiteatro é um espaço agradável, que as famílias gostam bastante", afirma o secretário de Cultura, Luiz Fonseca.

Outro momento de destaque para o Anfiteatro Vitória Régia é o corte do tradicional bolo gigante no megaevento "Viva Bauru", realizado em todo dia 1.º de agosto, aniversário da cidade. Na data, milhares de pessoas se reúnem no anfiteatro para assistir as apresentações dos Palhaços Faísca e Cia e cantar o "Parabéns a você".

Cinco mil estudantes já passaram por lá, fazendo de tudo, desde abrir a cortina até varrer o palco. Com suas montagens, Maria Clara formou artistas voltando seu trabalho à imaginação das crianças. Escreveu muitas peças infantis de sucesso, como "Pluft, o fantasminha", "A bruxinha que era boa" e "O sapato das cebolinhas".

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