Em uma editora da cidade, por exemplo, o código de vestimenta permite o uso de bermudas e as mulheres podem usar, ainda, regatas, vestidos e saias na altura do joelhos, além de rasteirinhas. "A orientação é que evitem peças como shorts, chinelos, miniblusas e minissaias. Mas não é algo que a gente controle a ponto de penalizar o funcionário", acrescenta a coordenadora de recursos humanos da empresa, Valéria Sanches.

'SEXTOU'

Em uma agência de publicidade do município, apesar do uso de bermudas ser permitido, os funcionários se acostumaram a adotar um visual mais casual apenas às sextas-feiras. Segundo a proprietária Ester Parreira, as baixas temperaturas a que os equipamentos eletrônicos da empresa precisam ficar submetidos acabam ajudando a equipe a se refrescar do calorão.

"Todos têm liberdade para se vestirem como quiserem. Não tem restrição. Mas, como aparelhos de ar-condicionado precisam ficar ligados em 18, 20 graus, tem gente que acaba usando blusa de frio dentro da agência, mesmo no verão", conta.

Malavolta Jr.

Já nas empresas que utilizam o ar-condicionado contra o calorão, tem gente que até precisa se agasalhar: funcionária de uma agência de publicidade, Elen Cristina Garcia usa blusa de frio e até cachecol no trabalho

É o caso de Elen Cristina Garcia. Nesta semana, a reportagem foi até a agência e encontrou a funcionária usando blusa de frio e até cachecol no trabalho devido ao ar-condicionado.

APARÊNCIA

Apesar das mudanças no vestuário estarem se consolidando em muitos locais de trabalho, onde os trajes sérios foram substituídos por roupas mais leves e arejadas, a consultora organizacional Regina Maura Pereira Torres explica que o fenômeno não atinge todas as corporações. Para boa parte das empresas, como instituições bancárias e escritórios de advocacia, por exemplo, a aparência sóbria continua tendo grande importância para os negócios.

"Em empresas de maior porte, especialmente as multinacionais, as regras também são mais rígidas. São poucas que fogem deste perfil mais tradicional, como é o caso de fábricas de produtos esportivos e bebidas, onde os funcionários administrativos podem se vestir de maneira mais casual", aponta.

Se, nas funções administrativas, é a cultura de cada indústria que dá o tom, no chão de fábrica, em razão da necessidade de uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), os trabalhadores precisam vestir uniformes, normalmente com pés, mãos e, às vezes, até rostos cobertos. "E, para a maioria dos empresários, que foram penalizados financeiramente nos últimos anos, climatizar o chão de fábrica seria um investimento muito alto. É algo inalcançável neste momento, principalmente para a pequena e média empresa", aponta o consultor organizacional Davison de Lucas.

NAS RUAS

Também por conta do uso de equipamentos de segurança, muitos servidores da prefeitura não podem trabalhar com roupas informais, como é o caso dos que atuam nas ruas, executando obras ou a manutenção de espaços públicos. Por meio de nota, a administração municipal informou que fornece toucas árabes e chapéus de aba longa, além de protetor solar e labial, para proteção dos trabalhadores.

Os funcionários são alertados, ainda, a consumir água constantemente e fazer pausas durante a jornada para combater o desgaste causado pela exposição ao sol. Já a Emdurb permite que agentes do Grupo de Operações de Trânsito (GOT) trabalhem de bermuda em dias quentes. O código de vestimenta para os demais servidores não foi informado pela assessoria de imprensa da empresa pública.