Depositar terços ou santos quebrados nos cruzeiros dos cemitérios, lavar a roupa logo após a visita às necrópoles e, até mesmo, levantar bem cedo no Dia de Finados são iniciativas consideradas demonstrações de respeito a quem já partiu. Neste sábado (2), alguns bauruenses deram continuidade às tradições típicas desta época do ano, passadas de pai para filho.
A aposentada Jacira Rampazzo, de 71 anos, esteve no Cemitério da Saudade acompanhada da irmã caçula, Ângela Rampazzo, de 64. "Eu trouxe um terço e um santo quebrados, porque dizem que não pode jogar no lixo", explica a idosa.
Já a dona de casa Maria Inês Fernandes, de 71, costuma lavar a roupa e tomar um banho demorado sempre que volta das necrópoles. "Confesso que não sei o motivo, mas me ensinaram desta forma", complementa.
Ela estava no Cemitério da Saudade com a filha, a diretora de escola Luciana Fernandes, de 46 anos. Além desta tradição, a mulher nunca deixou de passar pelo túmulo de Mara Lúcia Vieira, cujo corpo foi encontrado em uma residência abandonada da quadra 8 da rua Professor José Ranieri. A ocorrência causou comoção e, até hoje, o caso não foi oficialmente esclarecido.
As irmãs Maria Alice Pavan, de 56, e Maria Cristina Pavan Bataiola, de 60, decidiram visitar os entes queridos no Cemitério Parque Jardim do Ypê, onde havia um "mar de carros" estacionado a até 500 metros do local.
A mais nova levou o marido, o aposentado Edvaldo Silva de Oliveira Santos, de 57. De acordo com ela, as costumes envolvendo o Dia de Finados não seguiram adiante em sua família. "Os meus pais falavam para todo mundo acordar bem cedo e eu tinha um tio que, nesta data, não penteava o cabelo", rememora.
HOMENAGEM
O forte calor, talvez, tenha deixado o movimento tímido no Cemitério da Saudade, na manhã de ontem. "Viemos ao túmulo da nossa filha, Mariana Vitória, que faleceu com apenas 20 dias, devido a uma síndrome", completa o eletricista Edson Santos Laurentino, de 45 anos.
Ele se dirigiu ao Memorial Bauru com a esposa Márcia Cristina Santos França Laurentino, de 40, e a pequena Jenniffer Vitória Bandeira da Silva, de 5, afilhada do casal.
No Jardim dos Lírios Cemitério Parque e Crematório, por volta das 10h30, o público ficou concentrado na missa. Ao mesmo tempo, algumas pessoas deixavam flores sobre os jazigos, como o aposentado Antônio Carlos Alves, de 65, e a dona de casa Helena Aparecida Alves, de 58. "Não acreditamos em vida após a morte. As plantas, na verdade, representam um conforto aos nossos corações", finaliza a mulher.