Conversando com o Bispo

O destino existe?

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10/11/2019 | Tempo de leitura: 3 min
Dom SevilhaBispo Diocesano de Bauru

Não, não existe destino. Esse é o ensinamento da Igreja. A ideia de predestinação é muito viva e forte na mentalidade e no dia a dia de muitos, inclusive, entre católicos praticantes. O destino é uma das muitas explicações que o homem formulou para tentar escapar da natural insegurança e angústia que sente em relação ao futuro. Tudo o que é desconhecido, causa medo. Para fugir do medo do futuro pretendemos dominá-lo conhecendo-o. Aqui entra o terreno da fantasia onde brotam as várias teorias e técnicas que buscam desvendar o futuro: a cartomancia, a leitura das linhas da mão, o horóscopo...

A ideia que sustenta essas práticas é a seguinte: o futuro já está determinado, escrito, predestinado. Sendo assim, deve haver algum modo de se ter acesso a essa escrita e decifrar seus códigos. Muitos Imaginam que os cartomantes e adivinhadores de todos os naipes possuem a senha ou a chave desse arquivo secreto chamado futuro. O medo, a ansiedade e a curiosidade, impulsionam a grande busca dessa prática irracional e anticristã, até aos nossos dias.

A doutrina da Igreja não aceita a ideia de destino por, pelo menos, dois motivos. Primeiro, se o fixo destino existe e o futuro já está escrito e determinado, cabe a pergunta: qual é o papel de Deus em relação ao futuro? Ele somente assiste olhando friamente, lá do mais alto dos céus, o desenrolar dos acontecimentos futuros e não intervém?

Primeiramente, sabemos que Deus criou o mundo e, cuidando dele com amor eterno, quer que todos os seus filhos sejam salvos. Para isso, enviou o seu Filho Jesus que se fez homem e deu a vida para nossa salvação. O segundo motivo é que, havendo o inflexível destino, somos escravos dele, não somos mais livres, pois o destino pétreo esmaga o livre arbítrio. Deus nos criou à sua imagem e semelhança, portanto, nos criou livres para podermos amar. Sem a liberdade não haveria o amor.

Como um pai deseja e "planeja" o bem para os seus filhos, respeitando a inevitável liberdade deles, assim também Deus, nosso Pai, deseja e planeja a nossa felicidade eterna, mas sempre respeitando a nossa liberdade. Entretanto, não sabemos como Deus administra e articula as nossas decisões, sobretudo aquelas erradas, com o seu projeto divino. Isto permanecerá sempre um mistério para nós.

Não conseguimos entender e explicar plenamente o misterioso agir de Deus. Em algumas ocasiões Deus age intensa e rapidamente; em outros momentos percebemos somente um profundo e prolongado silêncio de Deus. Seria ousadia nossa querermos entender o pensamento de Deus que nos surpreende ao intervir com milagres clamorosos em algumas circunstâncias e, em muitas outras ocasiões, pelo contrário, só percebemos a sua ausência.

A fé é um ato de confiança absoluta no eterno e fiel amor misericordioso do Pai e, por isso, dizemos diante das dificuldades da vida: Senhor, eu confio em ti. Não estou entendendo porque certas coisas estão acontecendo, estou sofrendo, mas eu confio em ti. Não consigo entender porque o Senhor permitiu certos sofrimentos no meu passado, mas eu confio em ti. Não sei o que será do meu futuro e do futuro das pessoas que amo, mas sei, Pai querido, que o teu amor me abraça e me protege, ontem, hoje e sempre. Eu confio em ti. Amém.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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