José Milagre

Fake news em 2020: a mentira que mata!

29/12/2019 | Tempo de leitura: 3 min
José Milagre

Uma pesquisa recente da Boa Vista confirmou que 55% dos entrevistados brasileiros se sentem inseguros ao fornecerem dados para compras online e 21% já sofreram algum tipo de fraude, sendo mais da metade problemas relativos ao uso dos dados de cartão de crédito.

Percebe-se que o consumidor continua desatento em relação à segurança de lojas virtuais e a questão se agrava quando as lojas começam a chegar nos comunicadores, como WhatsApp, Messenger do Facebook, muitos manipulados por Bots. Inúmeras lojas passam a aceitar pedidos de compras pelo WhatsApp, como o caso do Wal-Mart, onde em alguns países basta a pessoa tirar a foto da sua lista de compras.

Com isso, o consumidor deverá se deparar com novas formas de golpes, que explorem a identidades das empresas e pessoas no ambiente dos comunicadores. Estes comunicadores vão convergir chat, lojas e prestação de serviços e hoje já deixaram de ser apenas uma nova forma de comunicação. Assim, não será incomum fake news, falsas ofertas e promoções lançadas por fraudadores que buscam dados pessoais ou financeiros para lesar pessoas pelo WhatsApp. No Brasil, o aplicativo é a principal fonte de informação do brasileiro, onde 79% disseram receber notícias sempre pela rede social. O rádio já caiu para 22%, segundo pesquisa da Câmara dos Deputados.

Não bastasse isso, conforme pesquisa da IPSOS, sete em cada dez brasileiros se informam pelas redes socais e 62% dos entrevistados já acreditaram em notícias falsas.

Assim, é muito importante optar por meios seguros de pagamentos, e em relação às fake news, valem o senso crítico e a cultura de questionamento. O MIT já divulgou que as fake news disseminam seis vezes mais rápido que notícias verdadeiras em redes sociais. Não ler só o título, identificar o autor, ver se conhece o site, observar o texto, olhar a data da publicação e ir confrontar a notícia, saindo da bolha das redes sociais, são posturas basilares!

É importante destacar que as fake news podem ser usadas para lesar clientes, o que pode caracterizar estelionato, furto mediante fraude, mas também para destruir reputações, imagem e honra, crimes previstos no Código Penal, e também podem provocar instabilidade econômica, institucional ou pode levar pessoas a tomarem decisões com base em erro. Costuma-se dizer que as fake news vão da destruição da reputação à destruição de vidas. É mentira que mata. Em 2014, no Guarujá, uma mulher foi violentamente agredida até a morte por moradores de um bairro, influenciados por uma página de 56 mil seguidores que publicou informações sobre uma pessoa que estaria raptando crianças para realizar magia negra. Cinco homens que participaram do linchamento foram condenados em outubro de 2016 a 2017 à pena máxima de 30 anos de reclusão e indenização à família de R$ 550 mil.

Com 130 milhões de usuários de Internet, não é por acaso que o Brasil seja um dos principais países do mundo em crimes digitais, precisamente, o segundo país do mundo, com 62 milhões de pessoas afetadas, segundo as Kaspersky. Ainda, tem 136 milhões de usuários de WhatsApp. Fake news são mazelas da atualidade e precisam de políticas públicas fortes a respeito. Mas não como vem sendo feito, com a criminalização das fake news apenas com finalidade eleitoral (Lei 13.834/2019), com o fim de proteger o telhado de vidro dos políticos. Quando a notícia falsa encontra o golpe digital, não há limites para lesar pessoas, e isso precisa ser discutido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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