Pela primeira vez em todo o Brasil, um planador obteve a marca de 1,1 mil quilômetros de distância atingidos em um único voo, realizado em conformidade com normas técnicas internacionais. Formado pelo Aeroclube de Bauru, Silvio Masiero, 59 anos, atuou como copiloto do planador pilotado pelo carioca Sérgio Lins Andrade, 73 anos. O voo, realizado em triângulo, levou 10 horas e 30 minutos para ser completado e teve como ponto de partida a cidade de São Benedito, no Ceará, passando por Campos Sales, no mesmo Estado, e voltando ao ponto inicial, pouco antes do pôr do sol.
A dupla, que voa junto há seis anos, tem quebrado seu próprio recorde há três anos. O voo, que aconteceu no dia 10 de novembro de 2019, foi homologado pela Federação Brasileira de Voo em Planadores (FBVP) e os pilotos receberam um documento que descreve a avaliação e os parabeniza pelo desempenho, assinado pela presidente da entidade Valéria Caselato.
"Pela primeira vez na história, um voo de planador de mais de 1.100 km prefixados, em triângulo FAI, foi realizado em território brasileiro", diz a carta. "Parabéns aos pilotos pelo pioneirismo e pelas magníficas marcas, agora devidamente ratificadas", acrescenta. O documento considera que eles voaram a maior distância até hoje respeitando as técnicas preconizadas pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI).
RUMO AO 1,2 MIL
Silvio, que se formou no voo a vela em 1978, conta que o feito ocorreu após a dupla descobrir a Serra Ibiapaba, que possui cerca de 300 metros de altura por 300 quilômetros de comprimento.
"Aqui em Bauru nós precisamos das térmicas para voar e elas começam só depois das 11h. E o voo médio é de 500 quilômetros. Mas lá nesta serra é diferente, porque é possível decolar mais cedo, utilizando o vento que vem do mar e bate sobre o morro", explica Silvio.
Considerado um entusiasta do voo a vela, Sérgio possui vários planadores e já doou equipamentos para aeroclubes. É conhecido no País por ser um recordista quando o assunto é planador.
"Quebramos nosso próprio recorde de 2018, que era de mil quilômetros. Agora, queremos ir mais longe e tentar bater os 1,2 mil Km", projeta Silvio, contando ter conhecido o parceiro no Aeroclube de Bebedouro. "O problema é que é preciso sorte também, porque envolve uma operação grande levar o planador até a serra. E nem todo dia é perfeito para o voo", completa.
Proprietário de uma fábrica de hélices marítimas na região, Silvio agradeceu todo o apoio recebido pelo Aeroclube de Bauru ao longo de sua trajetória no voo a vela.
"Voar é uma arte e o voo de planador não é fácil, é perigoso. Devo muito ao ensino que tive em Bauru e agradeço toda a força que o Vicente (atual presidente do Aeroclube) nos dá. Estamos muitos felizes com o resultado", finaliza Silvio.