Contexto Paulista

Quatro previsões sobre o futuro das cidades

Esta coluna, publicada pela associação Paulista de Jornais pode ser lida e atualizada em www.apj.inf.br - Publicação simultânea nos jornais da Rede Paulista de Jornais, formada por este jornal e outros 13 líderes de circulação no Estado de São Paulo

26/02/2020 | Tempo de leitura: 3 min

A maioria das pessoas não vive no campo, mas nas cidades. No Brasil, esta virada começou a ocorrer a partir de 1960. No censo demográfico do IBGE daquele ano, o País ainda era predominantemente rural. A industrialização estava dando os seus primeiros passos, puxada pela indústria automobilística projetada pelo presidente JK. Mas o levantamento de 1970 apontou a tendência que se acentuaria nas décadas seguintes: oficialmente, o Brasil tornara-se mais urbano do que rural a partir de então. Teemu Alexander Puutio, pesquisador da Universidade de Turku, na Finlândia, que estudou a urbanização durante vários anos, aposta que as cidades terão no futuro um papel ainda mais importante do que atualmente. E que, até 2050, quando o globo estará próximo dos 10 bilhões de habitantes, sete em cada dez pessoas vão morar em um grande centro urbano. Em entrevista ao site BBC Brasil, o pesquisador apresentou várias ideias sobre as tendências de urbanização, entre elas o surgimento de "alianças urbanas internacionais" e o conceito de "soberania urbana" para acabar com a corrupção. Com base neste material, a coluna Contexto Paulista elaborou uma condensação dessas previsões a respeito do futuro das cidades:

1- A 'geração C' reinventará o trabalho

A geração conectada ("Geração C") inclui aqueles que nasceram em um mundo digital e ocupam grande parte do dia online, e impactará o funcionamento e o desenho das cidades. Alguns dos empregos do futuro ainda não foram criados, mas outros estão crescendo pouco a pouco na internet, como é o caso dos "treinadores digitais" e os "acompanhantes digitais", que são pessoas reais que cobram para jogar videogame com você ou por outros serviços desse tipo nas redes. "O interessante é ver como esses serviços são entregues globalmente sem restrições geográficas, tendo apenas a velocidade da internet como limitação", afirmou Puutio na entrevista. "Esse tipo de liberdade - de trabalhar online - permitirá uma transformação do conceito de mobilidade. Em vez de se deslocar até o trabalho, as pessoas vão se mudar para comunidades onde se sintam identificados com as pessoas. Essa pode ser a maior promessa da digitalização a longo prazo que teremos", diz o pesquisador.

2 - A economia local será mais importante

Considerando que as cidades estão ficando cada vez mais independentes dos poderes centrais e gerando cada vez mais riqueza e inovação em comparação com os recursos que estão consumindo, elas se transformaram em uma espécie de laboratório para a busca de soluções difíceis de abordar em grande escala. Por outro lado, as cidades também produzem mais crimes, doenças e desigualdade. Mas na visão otimista de Puutio, as cidades criarão mais oportunidades para seus habitantes, porque são ecossistemas que podem economizar recursos em certas áreas. "As cidades desperdiçam menos recursos per capita em infraestrutura e serviços. Isso faz com que elas sejam ideais para entregar soluções realistas para os grandes desafios globais", diz. Segundo ele, a digitalização fará com que as possibilidades de solucionar esses problemas aumente. Na mesma lógica, os efeitos negativos do crescimento, como os prejuízos ambientais, tenderiam a diminuir com o desenvolvimento de novas tecnologias e de novos métodos de produção.

3 - As 'micromultinacionais' se
expandirão pelo mundo

Micromultinacionais são as companhias que nascem já como empresas globais. É um conceito tão amplo que qualquer negócio pequeno que venda seus produtos a milhares de quilômetros de distância por meio de uma plataforma digital poderá ser enquadrado dentro dessa categoria. Essas empresas serão tão comuns que "o mais provável é que o conceito micromultinacional se torne em breve algo redundante", afirmou Puutio. "À medida que as plataformas digitais crescerem e as rotas de distribuição internacional se desenvolverem, qualquer empresa, independentemente da escala, pode começar a conquistar o mundo, só tendo o produto ou a ideia adequada".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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