Alberto Consolaro

Depois dessa, vou abraçar muito mais!

04/04/2020 | Tempo de leitura: 2 min

Quando se viaja com cães nos aviões, se recomenda borrifar um produto na caixa de viagem à base de um hormônio que lembra o cheiro de sua mãe e o acalma para viajar tranquilo. Se funciona ou não, eu não sei, mas parece que minha cachorra gosta! Desde 1906 se sabe que nas contrações do parto e para a amamentação humana a ocitocina é fundamental e estimula um sentimento filial e maternal incrível.

O cientista e economista Paul Zak, queria saber de onde vinha o elevado grau de confiança dos dinamarqueses e suíços que os levaram a um elevado índice de prosperidade e desempenho econômico. Ao mesmo tempo, ele queria esclarecer a grande desconfiança dos colombianos e brasileiros que não apresentam um grande grau de prosperidade e desempenho econômico.

Como tudo é quimicamente explicado, o que estimularia a confiança e empatia entre pessoas? Como economista, ele sabia que isto influenciava fortemente os negócios e a prosperidade. Sagaz, desconfiou que poderia ser o nível de ocitocina no sangue das pessoas e Paul Zak montou um centro de pesquisas de “neuroeconomia” para identificar quais hormônios e outros químicos eram determinantes na compra e venda na economia do país.

PESQUISAS

A ocitocina é produzida no hipotálamo cerebral e levada em vesículas para a hipófise onde é liberada no sangue. Ela estimula sentimentos que ajuda a entender a origem do bem e do mal, assim como os critérios de moralidade. Ainda inibe o estresse e aumenta a liberação da dopamina e serotonina que nos deixam muito felizes. Quando se faz o bem, como um abraço, o cérebro libera ocitocina e nos leva a ter compaixão, ser solidário e amar o próximo.

Os ovários também produzem ocitocina e estimula as contrações uterinas para levar o esperma até o óvulo. Na sucção, induz a ejeção do leite nas glândulas mamárias. O estimulo às contrações do orgasmo fez a ocitocina ser chamada de “hormônio do amor”. Homens comprometidos quando inalaram ocitocina tendem a ficar mais distantes das mulheres atraentes e foi por isto chamado também de “hormônio da fidelidade” em estudos da Universidade de Bonn.

Em spray ou sublingual, a ocitocina deixou as pessoas mais extrovertidas em pesquisa na Universidade de Concórdia, no Canadá, facilitando as relações sociais dos tímidos que se sentiram mais confiantes e altruístas por até 90 minutos. Em um dos experimentos, Paul Zak abraçava os que encontrava, em vez de apenas cumprimentar as pessoas com as mãos. As pessoas passaram a ter conversas e tratativas mais produtivas: negociava-se mais, a confiança aumentava. O abraço deixa as pessoas a vontade e aumenta a ocitocina no sangue, elevando a empatia, satisfação e confiança.

POR FIM!

A ciência explica que o amor é induzido pela oxitocina, que o prazer vem da testosterona na veia e que a dopamina nos traz felicidade! Depois dessa pandemia, eu vou abraçar é muito mais ainda!

(Alberto Consolaro – Professor Titular da USP e Colunista de Ciências do JC)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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