
Loiro, olhos claros, barba por fazer, trajes da moda e... 1,40 metro de altura. Tal descrição pertence ao anão mais bonito do mundo. Quem garante este título de beleza é o próprio Google. Basta digitar a expressão no tradicional campo de buscas e, logo de cara, surgem as fotos de Mateus Lucas Baptistella, de 29 anos. Natural de Pirajuí, ele adotou Bauru como a sua cidade do coração. Aqui, inclusive, o rapaz virou um fenômeno do Instagram. Hoje, mais de 1 milhão de pessoas acompanham os seus vídeos de humor pela conta @vireiadulto.
Porém, nem sempre são flores. O criador de conteúdo, como se autodenomina, também sofre preconceito quase que diariamente por causa do seu tamanho. "Eu transformo a dor em humor", complementa.
Seguido por famosos como Sabrina Sato, Anitta e Ivete Sangalo, Mateus teve uma infância humilde. Filho do autônomo Duílio Baptistella (in memorian) e da inspetora de alunos Maria do Rosario Fiala, ele é o caçula de oito irmãos.
Abaixo, o jovem fala sobre as conquistas e projeções para um futuro próximo. Uma delas consiste em estrear no stand-up comedy. Confira alguns trechos da entrevista:
Jornal da Cidade - Hoje, você é um fenômeno do Instagram. Como tudo começou?
Mateus Lucas Baptistella - Eu nasci em Pirajuí, onde fiquei até os 19 anos. Depois, me mudei para Bauru. Comecei a morar sozinho. No início, sofri bastante, porque não sabia cozinhar. Passei a pesquisar algumas receitas na Internet, mas percebi que faltavam diversas coisas. Decidi criar o blog "Virei adulto. E agora?". Lá, compartilhava várias dicas. Em 2011, surgiu o Instagram. Na época, a rede social abrigava, principalmente, fotos de paisagens. Até então, nunca havia postado uma imagem sequer de corpo inteiro, porque tinha vergonha. O Instagram se atualizou, momento em que o pessoal do blog migrou para esta rede social. Caí na real e descobri que o meu tamanho não definia quem eu era. Sempre gostei de moda e me aproveitei disso para, enfim, postar fotos de corpo inteiro. As pessoas gostaram. Inclusive, marcavam os amigos que possuíam problemas envolvendo a autoaceitação. Assim que ganhei um número significativo de seguidores, em 2014, resolvi me vestir com roupas de papel crepom e fazer vídeos imitando famosos.
JC - Algum deles interagiu com você?
Mateus - Eu pegava uma foto da Anitta, por exemplo, e copiava a sua roupa. Porém, usava papel crepom. Ela e outros famosos começaram a me seguir, como Ivete Sangalo, Sabrina Sato, Preta Gil, Caio Castro e Luiz Bacci. Foi o meu "boom".
JC - Você se restringiu a este tipo de vídeo?
Mateus - Em 2015, o Instagram passou a ter stories. Gravei, então, o "Virei adulto na cozinha". Neste quadro, eu faço receitas inéditas e, como sou desastrado, os vídeos também ficam engraçados. Paralelamente, deixei o "Roupa de famoso" de lado para dividir aquele tipo de postagem com algo ligado ao humor do nosso dia a dia. A partir daí, as pessoas começaram a me reconhecer na rua e a pedir para tirar foto comigo.
JC - Com o sucesso, vieram muitas oportunidades?
Mateus - Recentemente, eu atingi a marca de 1 milhão de seguidores no Instagram e TikTok. Graças ao convite de algumas marcas (Heineken, Coca-Cola, Doritos etc), frequentei eventos visados, como o Lollapalooza e o Rock in Rio. Jamais imaginei que isso aconteceria comigo, porque a minha infância foi muito simples.
JC - Falando nisso, a sua vocação para o humor teve início quando ainda era criança?
Mateus - Eu sempre sonhei em ser reconhecido na rua. Na infância, colocava os meus amigos na plateia e fazia teatro com temas voltados para o lado mais humorístico.
JC - Você se inspirava em alguém na época?
Mateus - O meu pai acompanhava o Mazzaropi. Eu achava legal e decorava as falas. Depois, me apresentava aos meus amigos.
JC - Você também participou de campanhas publicitárias?
Mateus - Já tive a oportunidade de desenvolver algumas ações para a Havaianas, Heineken, Doritos, Levi's, Special Dog, 99 etc.
JC - O que motiva você a manter a sua conta no Instagram?
Mateus - Na televisão, geralmente, os anões são ridicularizados para se tornarem engraçados. Eu sempre quis inspirar outras pessoas. Nunca me posicionei como vítima. Pelo contrário, procuro mostrar que faço graça como alguém normal.
JC - Você acredita que o seu trabalho tenha ganhado mais repercussão na quarentena?
Mateus - Sem dúvida, já que muitas pessoas estão em casa e, consequentemente, dedicam mais tempo às redes sociais.
JC - Você já sofreu preconceito?
Mateus - Quase que diariamente. Certa vez, estava no shopping e uma mãe tentava fazer o filho comer. Ela disse: "Se você não comer, ficará igual àquele menino". Isso me marcou bastante, mas eu transformo a dor em humor, porque uso as minhas redes sociais para mostrar às pessoas que o preconceito machuca.
JC - Você ganha a vida só com isso?
Mateus - Não. Como eu influencio as pessoas, se eu falar que determinado produto é bom, elas darão um jeito de adquiri-lo. Por isso, não aceito propostas envolvendo itens que desestimulem os meus seguidores a se aceitarem, como remédios de emagrecimento. Hoje, também atuo como assistente financeiro de um escritório em São Paulo. Antes, trabalhei por oito anos na Associação Policial de Assistência à Saúde (Apas), em Bauru, mas saí em busca de novas experiências. Espero voltar à cidade tão logo a quarentena acabar.
JC - Por fim, quais os seus planos futuros?
Mateus - Eu tenho o sonho de fazer stand-up, mas preciso vencer a minha timidez. Para tanto, pretendo me inscrever em um curso de teatro. Gostaria que a minha primeira apresentação ocorresse em Pirajuí, onde tudo começou.