José Milagre

Quais os cuidados com a nova política de privacidade do WhatsApp?

17/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

A alteração da política de privacidade do WhatsApp gerou uma série reações no mundo e no Brasil. A sensação é de que as pessoas se "assustaram" com as informações que correram a rede sobre as novas regras. No aplicativo, uma mensagem solicitava a aceitação, com a opção de "deixar para depois" por um certo tempo. O que chamou a atenção foi que não é de hoje aplicações alteram unilateralmente suas políticas, sempre com o escopo de validar suas operações de tratamento de dados pessoais, mas desta vez, tudo foi diferente. Não porque a mudança é inédita ou significativa, mas porque a empresa solicitou consentimento e expôs sua intenção, o que nunca foi tão comum assim.

LGPD é um dos motivadores?

Não há dúvida que esta "insatisfação" exemplifica uma maior consciência, que enaltece a proteção aos dados pessoais como direito fundamental e expõe o impacto que Leis de Proteção de Dados podem realizar em um ambiente local. Além disso, a massiva exposição da LGPD nas mídias e redes sociais também colabora para o aumento da consciência.

Quais dados o WhatsApp compartilha?

O WhatsApp compartilha para outras empresas do grupo número de telefone, nome, informações sobre o telefone, incluindo a marca, modelo e a empresa de telefonia móvel, o número de IP, que indica a localização da conexão à internet; pagamento ou transação financeira realizada através do WhatsApp, atualizações de status, números de contatos, tempo de uso, foto de perfil etc.

Entidades se levantaram!

Ministério Público Federal do Distrito Federal, IDEC, Instituto de Defesa do Cidadão na Internet (IDCI) e o próprio PROCON de São Paulo já prometeram a adoção de medidas em face da responsável no Brasil pelo aplicativo, o Facebook.

Signal e Telegram "explodem" de usuários

Enquanto isso, o Signal (usado pelo ex-analista da CIA Edward Snowden) e o Telegram explodiram em downloads e novos usuários. O direito de ir e vir com seus dados ao que parece está sendo exercido por alguns milhões de usuários. Elon Musk, o empresário da Tesla, chegou a indicar o App Signal.

Mas Signal e Telegram são mais seguros?

Nenhum aplicativo é 100% seguro. Tudo é questão de foco de atacantes, de mudança de controladores, de momento e oportunidade. Signal seria tão protetivo hoje se fosse um WhatsApp em termos de usuários e popularidade? Se tivesse bilhões de usuários? Ninguém pode afirmar. O Telegram, ainda, é visto com cautela por alguns, pois realiza backups automáticos de mensagens para os usuários e por padrão as mensagens não têm criptografia ponta a ponta, mas cliente servidor, o que em tese permitiria que o Telegram lesse mensagens. (Permitir não significa fazer)

Mas então, o que avaliar em um comunicador?

Alguns pontos devem ser avaliados pelos usuários. Inicialmente, me incomoda muito a ideia de que o ID usuário em um comunicador seja seu próprio telefone. Outro ponto a considerar é a verificação em duas etapas. Um terceiro ponto é a criptografia da conversação. Criptografia ponta a ponta significa que em tese, nem o aplicativo consegue acessar seus conteúdos e conversas.

Mas... a vida não é só privacidade no chat!

Para quem se expõe na Internet de diversas formas, trocar de app de mensagens não resolverá muito. A questão hoje são os mensageiros, mas, e seu serviço de e-mail, é seguro? Seu buscador não compartilha suas atividades? E seu provedor de acesso à Internet? Monitora o que você faz? Falaremos sobre isso em breve. E você, também começou a usar o Signal ou o Telegram? Acredita na segurança dos aplicativos? Envie sua mensagem para consultor@josemilagre.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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