Wagner Teodoro

A identidade Crespo

18/04/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Uma semana e uma "maratona de jogos" após o retorno do futebol paulista, o São Paulo parece ser quem mais voltou ajustado aos campos. O time comandado por Hernán Crespo disputou quatro partidas em sete dias e teve 100% de aproveitamento, totalizando 12 pontos e chegando à liderança geral do Campeonato Paulista. Sendo objetivo, o nível dos Estaduais todo ano engana alguns e causa expectativas que tratam de ser frustradas quando começam competições de nível mais elevado, como o Campeonato Brasileiro e Libertadores. Mas, descontando-se que São Caetano e Guarani não são exatamente equipes que podem exigir tanto (contra o time de Campinas, o São Paulo jogou com escalação alternativa) e que mesmo as vitórias sobre o Red Bull Bragantino e Palmeiras podem não refletir a realidade competitiva que o Tricolor vai enfrentar na temporada, o que deixa boa impressão não são exatamente os resultados, mas a postura que o treinador parece vir conseguindo impor em campo: um time intenso, que agride e produz.

A identidade que o São Paulo vem adquirindo com Crespo mostra uma equipe que marca adiantado, pressiona a saída de bola adversária e tem intensidade ao longo de toda a partida também na criação de jogadas. O esquema com três zagueiros potencializa a capacidade de laterais apoiarem o tempo todo e o São Paulo dá mostras de se tornar um time agressivo, dedicado e com volume de jogo. Foi assim com todas as formações que o treinador colocou em campo. Marcação incansável e repertório ofensivo. Seria o padrão almejado por Crespo na busca do protagonismo que sempre enfatiza em suas entrevistas. Aliás, seria o sonho de qualquer treinador. Se chegar próximo desse ideal, o São Paulo pode pensar em títulos.

Avizinha-se um momento importante na temporada. O time estreia na Libertadores nesta semana e o nível dos oponentes e adversidades inerentes à competição continental, como viagens, climas mais hostis, apesar da ausência de torcida, vão testar para valer a equipe em formação do treinador são-paulino. Se as qualidades persistirem, se o São Paulo conseguir impor seu estilo mesmo diante do equipes mais qualificadas, com um jogo mais pegado, que é o estilo da Libertadores, será um avanço grande no processo de formatação de uma "identidade Crespo" no time. Há um "porém" não só para o São Paulo, mas para todos os grandes paulistas. Dificilmente eles passarão incólumes à avalanche de jogos encavalados para concluir o Paulistão na data prevista. Por mais que se rode o elenco, é um desgaste que pode cobrar o preço ao longo da temporada. O Campeonato Brasileiro também está logo ali.

Alerta ligado

Falando nos grandes paulistas, a semana de futebol ligou o alerta no Corinthians e deixou o técnico Vagner Mancini no momento de maior pressão até agora no clube, com torcedores pedindo sua saída. O futebol pouco convincente, que vinha colecionando vitórias magras e uma classificação nas penalidades diante do modesto Retrô, se converteu em tropeços. Primeiro, a derrota para a Ferroviária. Depois, o empate com o São Bento. O Alvinegro perde a invencibilidade que ostentava e dava uma falsa impressão. Situação complicada pelo elenco limitado, jogadores que foram contratados a peso de ouro e não rendem e pelo momento financeiro delicado, que impede grandes investimentos. O Paulistão é o menos exigente dos campeonatos do calendário corintiano e o Brasileirão não perdoa.

Calendário castiga

Já o Palmeiras, a despeito do elenco mais numeroso e qualificado, é um exemplo de como o calendário pode castigar. Duas decisões de título e um clássico em uma semana. Jogos degastantes, com definição nas penalidades e o baque de fracassar na busca dos dois títulos, Supercopa e Recopa. Na sequência, uma escalação sem força máxima para preservar parte do desgastado - física e emocionalmente - grupo. E derrota para o São Paulo. Muros pichados cobrando o treinador e pedindo saída de jogadores... Nem parece que o clube ganhou três títulos na temporada passada. No caso alviverde, o descanso resolve e o time tem repertório e alternativas para se manter estável ao longo da temporada. Mas a maratona de compromissos machuca.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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