Política

Vereador diz que 11 pessoas esperam UTIs e quer fazer queixa-crime ao MP

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 3 min

A insuficiência de leitos de UTI voltados a pacientes com Covid-19 em Bauru tem deixado muitos pacientes sem o atendimento adequado, com a retaguarda da estrutura complexa que só hospitais podem oferecer. Segundo o vereador Eduardo Borgo (PSL), neste fim de semana, 11 moradores da cidade aguardavam em unidades municipais de saúde por vagas de terapia intensiva, sendo dez com Covid ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Deste total, metade estava intubada.

Diante da gravidade da situação, ele adiantou que considera protocolar, ainda nesta semana, uma queixa-crime junto ao Ministério Público (MP), pedindo a responsabilização do município e do Estado por omissão de socorro e homicídio culposo (leia mais abaixo).

O JC procurou a prefeitura para comentar a falta de leitos e, mais uma vez, nenhum porta-voz foi destacado para conceder entrevista. Porém, por meio de nota, informou que, nesta segunda (24), 33 pessoas com síndrome respiratória aguardavam, nas UPAs e no Pronto-Socorro Central (PSC), por vagas de internação em UTI e enfermaria. O número de pacientes mais graves, que precisavam especificamente de atendimento intensivo, não foi divulgado.

ESPERA AUMENTOU

A administração revelou que a média de espera por leitos de UTI, em menos de uma semana, aumentou de quatro para seis dias. Por conta da situação crítica, nesta segunda, foi feita a primeira transferência do ano de paciente com Covid-19 para um hospital fora da cidade. Neste caso, o morador foi encaminhado para Laranjal Paulista, a quase 200 quilômetros de Bauru.

"No sábado, dos dez pacientes com Covid ou Srag aguardando vaga, cinco estavam intubados em UPAs ou no PS. Somos uma cidade de quase 400 mil habitantes e temos somente dez leitos de UTI referenciados para Covid, no hospital de campanha, sendo cinco para Bauru e cinco para a região. É absurdo", reclama Borgo.

A dificuldade para garantir o tratamento adequado aos pacientes ocorre em meio à nova explosão de casos de Covid-19 na cidade, sem que a disponibilidade de leitos de internação fosse ampliada no mesmo ritmo. E, assim como ocorreu no ano passado, pessoas com coronavírus voltaram a morrer na fila de espera por vagas hospitalares.

SEM ACESSO

Somente nas últimas duas semanas, foram sete mortes nestas circunstâncias, ou seja, um óbito a cada dois dias, sem que a pessoa conseguisse ter acesso a atendimento hospitalar completo. Para Borgo, o cenário dramático é responsabilidade da prefeitura, que interrompeu o custeio de dez leitos de UTI no hospital de campanha no final de dezembro, e do governo do Estado, que não reativou vagas desmobilizadas quando a pandemia arrefeceu, também no ano passado.

"A prefeitura vinha mantendo esses leitos depois de assinar um acordo judicial e suspendeu o pagamento sem dar satisfações, descumprindo esse acordo. Acredito que o Ministério Público, que é autor da ação que cobrava a manutenção de mais leitos em Bauru, tenha condições de investigar o que está acontecendo. Estou estudando a melhor forma de encaminhar uma representação", comenta.

O promotor da Saúde de Bauru, Enilson Komono, informou recentemente à Câmara Municipal que remeteu aos autos deste processo o ofício do vereador que pede providências contra o fechamento dos dez leitos. A ação corre em segunda instância e o documento foi enviado ao desembargador relator Fermino Magnani Filho.

Por meio de nota, a prefeitura informou que sempre se colocou à disposição para colaborar com a abertura de leitos, mesmo a alta complexidade sendo responsabilidade do Estado e da União.

Já a Secretaria de Estado da Saúde alegou que ativação de novos leitos não é prerrogativa exclusiva da esfera estadual, mas também da União e das prefeituras. Porém, afirma que tem garantido "assistência e fortalecido os serviços de saúde estaduais para atender pacientes com a Covid-19".

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