José Milagre

Spyware ou Stalkerware: como identificar se seu celular está rastreado ou espionado e o que fazer?

13/02/2022 | Tempo de leitura: 3 min

O uso de softwares e mecanismos de espionagem em dispositivos móveis é cada vez mais frequente. Seja no âmbito familiar ou empresarial, a espionagem de dispositivos móveis pode causar profundos prejuízos à privacidade, honra de indivíduos e causar danos às empresas, considerando segredos de negócios, espionagem industrial e, ainda, que muitos dispositivos móveis corporativos sem proteções de segurança são utilizados por colaboradores, contendo informações críticas e sensíveis, que podem ser expostas a qualquer momento.

Como funciona um app espião?

Os aplicativos espiões podem ser Stalkerwares ou Spywares. Via de regra, os Stalkerwares são instalados fisicamente, ou seja, por alguém que conseguiu acesso ao dispositivo, ainda que por pouco tempo. Porém, também pode infectar a partir de links maliciosos ou downloads. Eles costumam coletar localização, conversas, fotos e até histórico de navegação. A finalidade aqui é seguir a vítima, a partir das orientações e localização fornecida pelo espião. Os Spywares podem ser baixados ou instalados e tem a finalidade de capturar dados pessoais, fotos, senhas, comunicação ambiente e demais informações. Todos eles, via de regra, trabalham em segundo plano, ou seja, só a perícia técnica pode descobrir se eles estão atuando. Para o usuário, nada aparece..

Instalar um app de espionagem é crime?

Dependendo do contexto, caracteriza crime de interceptação telemática não autorizada, com pena de até 4 anos de reclusão. Além disso, pode caracterizar invasão de dispositivo informático, previsto no art. 154-A do Código Penal, cuja pena pode chegar a 5 anos de reclusão, se da invasão resultar a obtenção de conteúdo das comunicações, controle remoto não autorizado do dispositivo invadido.

Como saber se está sendo monitorado?

Revise os aplicativos instalados e veja quais não reconhece ou quais têm permissão para acessar microfone, fotos, serviço de localização e câmera. Fique atento ao aumento do consumo de energia do dispositivo ou consumo de dados. Avalie se mesmo desligando o GPS ele volta a ser ativado sozinho. Desconfie de comportamentos estranhos do dispositivo, como telas de erro e apps que abrem sozinhos. Fique atento aos registros, alertas e logs de tentativas ou acesso às contas de e-mail, aplicativos ou redes sociais, a partir de localidades estranhas. Desconfie se seu celular está configurado para baixar aplicativos de repositórios externos que não os oficiais. Desconfie também de picos inesperados de consumo de dados móveis ou do envio e recebimento de mensagens desconhecidas, jamais confirmando qualquer dado ou código que receber.

Como se proteger?

Use sempre uma senha complexa e trave seu dispositivo. Se for usar senha "desenho", o famoso arrastar do dedo, limpe sempre a tela do dispositivo. Desative wi-fi e bluetooth sempre que estiver em local público. Utilize um aplicativo container para ocultar seu dados pessoais, fotos e vídeos no dispositivo. Existem apps que permitem uma foto frontal todas as vezes que uma senha errada for digitada, permitindo que o dono descubra quem está atuando na tentativa de acesso ao dispositivo. Ative sempre a senha do dispositivo. Cuidado com quem tem acesso direto ao seu dispositivo. Só baixe aplicativos dos repositórios oficiais e jamais de links estranhos. Desabilite o desbloqueio por impressão digital. Instale um antispyware e malware. Eles podem detectar aplicações em modo oculto e execução de chamadas remotas.

Acredito que sou espionado, o que fazer?

A primeira reação será sempre fazer um "hard reset", zerando dados e códigos maliciosos, formatando o celular. Ocorre que, quem garante que após a formatação o atacante não explore novamente a vulnerabilidade? Por isso, é importantíssimo que, antes de qualquer ação, o equipamento seja preservado. Aí, procure uma perícia técnica para realização da cópia forense do dispositivo e análise pericial para identificação da espionagem.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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