Aguardado por cerca de duas décadas, o sistema público de videomonitoramento de Bauru foi implantado há pouco mais de um ano e, mesmo com poucas câmeras, já começa a apresentar alguns resultados relevantes. Segundo o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) de Bauru, que acompanha as imagens em tempo real, a ferramenta já ajudou a salvar a vida de uma pessoa que pretendia se jogar de um viaduto, a identificar um motorista que atropelou uma pessoa e não prestou socorro e a prender criminosos que assaltavam um estabelecimento comercial.
Até o momento, o sistema, implantado pela prefeitura, conta com seis câmeras de alta definição e giro de 360 graus: na Praça Espanha (Vila Falcão), na rotatória da Getúlio Vargas com a avenida Affonso José Aiello, na Nações Unidas com a Nuno de Assis, no viaduto da Duque de Caxias sobre a Nações Unidas, na Praça da Bíblia (Jardim Bela Vista) e na avenida Rodrigues Alves com a Hélio Police.
Dentro do projeto inicial idealizado pela prefeitura, de dez aparelhos, outros quatro ainda não entraram em operação: na avenida Pinheiro Machado com a rua São Sebastião, na rotatória da Nações Norte com a avenida Moussa Tobias, no Parque Vitória Régia e na Praça Rui Barbosa. Por meio de nota, o Executivo bauruense informou que estas últimas estão "em fase final de instalação", sendo que o município aguarda "o ajuste de liberação de postes da CPFL".
Apesar de o número de câmeras ainda ser bastante limitado, a presença delas em alguns pontos da cidade foi determinante para antecipar a intervenção da Polícia Militar. Segundo o chefe do Copom, capitão Gustavo Barbosa, em um dos casos de maior destaque, foi possível impedir um suicídio no Viaduto João Simonetti (13 de Maio), a partir da câmera instalada na Praça da Bíblia.
"A pessoa parou, ficou olhando para baixo. Antes mesmo de recebermos ligações no 190, foi possível acionar rapidamente o policiamento de área e o Corpo de Bombeiros, que conseguiram convencer esta pessoa a desistir daquela atitude", frisa.
FLAGRA DE ROUBO
Em outro caso, um estabelecimento comercial foi assaltado nas imediações da rotatória da Getúlio Vargas com a avenida Affonso José Aiello e a PM chegou a tempo de prender os criminosos ainda no local. Em uma outra ocasião, esta mesma câmera flagrou, ainda, um atropelamento em que o motorista fugiu sem ajudar a vítima, que sofreu algumas lesões, mas sobreviveu.
"Foi possível identificar o veículo, que foi abordado por policiais pouco tempo depois. Em situações como esta, o condutor deve responder pela lesão corporal e pela omissão de socorro", comenta o capitão. Segundo ele, o sistema de videomonitoramento entrou em operação em 19 de janeiro de 2021 e, neste um ano e três meses de funcionamento, as ocorrências mais recorrentes foram os acidentes de trânsito. Quando há vítimas, o Copom também aciona uma viatura até o endereço. "Além de serem ferramentas que ajuda a PM a antecipar suas ações, as câmeras contribuem para coibir a prática de crimes e também podem ajudar a esclarecer a dinâmica de algumas ocorrências, até mesmo as mais simples, como colisões de trânsito. Todas as imagens são gravadas e ficam armazenadas por um período, sendo possível consultá-las em investigações ou sindicâncias, por exemplo", observa.
AQUÉM DO IDEAL
Todos os endereços onde as câmeras foram instaladas foram definidos pela Polícia Militar, considerando critérios como o fluxo de veículos e pessoas. O projeto do videomonitoramento, contudo, custou a sair do papel. Para se ter ideia, em meio aos trâmites burocráticos, no ano passado, a prefeitura chegou a perder uma verba parlamentar carimbada de R$ 300 mil, do deputado federal Capitão Augusto (PL), que deveria ser investida no sistema.
Até o momento, o número de aparelhos em funcionamento segue muito aquém do que uma cidade do porte de Bauru, com 381,7 mil habitantes, demanda. Apenas como medida de comparação, o município de Ourinhos, que tem 115 mil habitantes e é considerado referência no assunto, possui 2.200 câmeras espalhadas.
